quinta-feira, 14 de novembro de 2019

As senhoras do Palácio do Eliseu de Paris.Capítulo 15 Un cadeau de Louis XV à sa bien-aimée autor: Jorge Eduardo Garcia





O Hôtel d'Évreux era “uma das casas mais admiradas de Paris e foi comprada pelo rei Luís XV para residência da marquesa de Pompadour, sua amante.
Os opositores demonstraram seu desagrado pelo regime pendurando placas nos portões que diziam: "Casa da prostituta do rei"- eu não consegui realmente a tradução para essa tabuleta,  que pode qualificá-la de pute, putain, prostituée, catin, e até chienne du roi ( cadela do rei), vá lá saber.
“Após morte marquesa de Pompadour, Hôtel d'Évreux voltou à coroa”.
Quem foi a famosa marquise de Pompadour?
Foi uma criatura preparada por sua mãe e o amante (padrinho e benfeitor da menina) para ser amante do rei de França.
Jeanne-Antoinette Poisson, nasceu em Paris no dia 29 de dezembro de 1721.
Batizada Jeanne-Antoinette Poisson oficialmente filha de François Poisson, comerciário-balconista e Louise. -Madeleine de La Motte, sua esposa, residentes na rue de Cléry, sendo seu padrinho Jean Pâris de Monmartel , e a sua sobrinha deste, Antoinette Justine Pâris, a madrinha.
Jean Pâris de Monmartel e seus irmãos eram “financiadores de Luís XIV e depois Luís XV, banqueiros da Corte , negociantes dos suprimentos aos exércitos, grandes atacadistas.
Jean Pâris de Monmartel investiu 375.000  livres na poderosa sociedade de Angola , uma sociedade europeia do tráfico de escravos , dirigida por Antoine Walsh , o mais rico e o mais famoso dos irlandeses de Nantes,  o que aumentou substancialmente sua fortuna.
Com o tempo Jean Paris de Monmartel e seu mais novo, Paris Duverney, “passaram a controlar o Ministérios das Finanças, Guerra e Relações Exteriores, o que fez deles os s mais poderosos grandes- burgueses da França”.
As mais línguas afirmavam que a pequena Jeanne-Antoinette era filha de Jean Pâris de Monmartel  com Madeleine de La Motte, pois foram ostensivamente amantes.
“Madeleine de La Motte, alcunhada de « belle à miracle » /"belo milagre”, era uma puta- arrivista de primeira qualidade.
Teve vários amantes d’escol, ou seja, os ricos e bem posicionados homens na França dos Luíses.
Em deles se destacou: o fermier général ( coletor dos impostos ) Charles François Paul Le Normant de Tournehem, financista, mecenas e solteiro.
Nota: A Ferme Générale ( tradução literal: Fazenda Geral) foi, no Antigo Regime francês,   essencialmente um terceirizado das operações aduaneiras, impostos especiais de consumo e impostos indiretos. Os agentes coletavam os valores oriundos dessas operações em nome do rei, somadas as taxas de administração, e juros para si. Os contratos eram de seis anos , mas renováveis. Os principais cobradores de impostos nesse sistema altamente impopular eram conhecidos como fermiers généraux (singular fermier général).
Novamente as harpias com suas línguas afiadas afirmavam que a pequena Jeanne-Antoinette era filha Charles François Paul Le Normant de Tournehem e de Madeleine de La Motte, e pelo histórico eu creio que sim.
Elas tinham como base ter o rico financista Charles François Paul Le Normant de Tournehem “ se tornado o guardião legal quando seu pai  foi forçado a deixar a França em 1725 – ou pelas próprias maracutaias, ou por ter assumido as dos outros-  além de tê-la  criado com esmero, e em 1741, a casado com seu sobrinho e herdeiro universal, Charles-Guillaume Le Normant d'Etiolles” .
Em 1745, no auge de seu poder, Madame de Pompadour pediu a rei Luis XV que o nomeasse  directeur général des bâtiments du roi, ou seja, diretor geral dos edifícios do rei , academias e fábricas, uma espécie de zelador dos palácios reais, etc., e Le Normant de Tournehem ocupou o cargo até sua morte em 27 de novembro de 1751, aos 66 anos.
Esse riquíssimo burguês não quis, não comprou, nenhum título de nobreza, continuou um burguês na aristocrática França dos Luíses.
Charles-Guillaume-Borromée Le Normant d'Étioles “é um garoto inteligente e educado: seus estudos concluídos, seu tio Le Normant de Tournehem, que não tem filho, o leva com ele para prepará-lo para uma carreira no mundo das finanças”.
Le Normant de Tournehem usou o poder do dinheiro para casar os dois, e isso se deu porque deserdou os demais familiares e o nomeou herdeiro universal, como já afirmei.
O sobrenome d'Étioles que passou a usar se deve a doação do pequeno castelo construído na propriedade em Étiolles (28 km ao sul de Paris), situado à beira do campo de caça real da floresta de Sénart.
Mais, por que dessa doação?
O castelão do pequeno e elegante Château d’Etiolles tinha o direito de assistir a caça real na floresta de Sénart e por isso possuía a chave de um dos portões da floresta, um fato très honoré para um nobre, imagine para um burguês???
Não podemos nos esquecer que eles haviam treinado a pequena Jeanne-Antoinette para ser amante do rei de França, fosse ele quem fosse.
Coquette, uma grande dominadora da arte da coquetterie, elegantemente vestida – ora de rosa, ora vestida de azul real-  em um pequeno carrinho de palha puxado por um pequeno pônei, decorado com as cores das vestimentas da condutora, com um pajem negrinho, ricamente ataviado e com um belo turban a cabeça, sentado na boleia da pequena charrete, madame Le Normant d'Étioles acompanhava as caçadas reais, até que foi notada pelo sempre buliçoso e sexualmente muito ativo Luis XV.
“Em 24 de fevereiro de 1745, madame Le Normant d'Étioles recebeu um convite formal para assistir ao baile de máscaras que seria realizado no dia seguinte no palácio de Versalhes, uma das festas  para celebrar o casamento de Luís, delfim de França com Maria Teresa Rafaela de Borbón y Farnese , infanta de Espanha, filha de Felipe V e de Isabel Farnese”.
Um fato esquecido, pois não?
Convida para um baile de máscara para o dia seguinte?
Eu creio que já estava tudo combinado, pois  foi  nesse baile que “o rei mascarado  declarou publicamente sua afeição por Jeanne Antoinette diante de  toda a Corte”.
Em um ato galante e sem precedentes Luis, rei de França e de Navarra, tirou a máscara diante de uma Diana, a Caçadora, em referência aos encontros na floresta de Sénart, se curvou, beijou a mão da dama, deu-lhe a mão e saiu com ela pelo salão todo pimpão, para espanto da Corte, para indignação da rainha Maria Leszczyńska e fúria de Luis, o delfin, futuro grão-delfim”.
“Três dias depois, em 28 de fevereiro, durante o baile dado na Prefeitura de Paris, um novo encontro entre o rei e madame Le Normant d'Étioles confirmou o interesse do soberano e eles se tornaram amantes oficiais”.
Ela elevada ao rango de marquesa de Pompadour, uma propriedade no Limousin, daí o madame de Pompadour,foi  apresentada à corte do dia 14 de dezembro, no salão Oiel-de-Boeuf, como amante oficial ( Maîtresse- en- Titre)  com todos os privilégios dessa antiga posição de Corte, como o de poder sentar na presença do rei e da família real , de usar chapéu, ou a cabeça coberta,  nessas ocasiões,  de utilizar a coroa em seu brasão e usar as carruagens destinadas a Família Real.
A Pompadour foi uma empreendedora que incentivou  a fundação da fábrica de porcelanas de Sèvres,  e ele rei de França que afirmou "Après moi, le déluge" (Depois de mim, o dilúvio), ou seja, ‘dane-se meu povo’.
Nem todo marido traído aceita bem os chifres, e foi o caso de Charles-Guillaume-Borromée Le Normant d'Étioles,  que se revoltou e não aceitou a embaixada na Turquia, mas acabou concedendo o divórcio. 
Luis XV era muito viril desde tenra idade e não perdoou nem a um nobre efeminado que seu primo Luis IV, Monsieur le Duc, príncipe de sangue, par de França, sétimo príncipe de Condé,  duque de Bourbon , d'Enghien , de Guise , de Bellegarde, de Montmorency,  conde de Sancerre, de Charolês, senhor de Chantilly, grão-mestre da França, chefe do Conselho da Regência, depois primeiro-ministro,  e sua amante Jeanne-Agnès Berthelot de Pléneuf, marquesa de Prie, colocou na cama do fogoso rei para terem mais ascendência  sobre o monarca.
Não deu certo, porque o femeeiro e libertino Louis-François-Armand de Vignerot du Plessis de Richelieu, duque de Richelieu e de Fronsac , marechal de França, e outros títulos, descobriu a trama, indo correndo a presença do cardeal  André Hercule de Fleury, par eclesiástico, preceptor de Luis XV, posteriormente primeiro- ministro,  membro da Académie Française, des Sciences , des inscriptions et belles – lettres, diretor da Sorbonne e  do Colégio de Navarra, que tinha o raríssimo privilegio de viajar com o rei na mesma carruagem, portanto falar o que bem entendia ao soberano, para contar o fato e os dois combinaram ficar esperando os acontecimentos.
Mas, eles sumiram com o tal nobre e até que Luis perguntou por ele como nos conta o historiador e membro da Academia Henri Robert, mas o gajo já estava longe.
Nesse meio tempo a dupla Bourbon Condé & Prie levou ao conselho real sua preocupação quanto ao casamento do rei, já que o soberano tinha contratado casamento com sua prima Doña Mariana Victoria de Borbón y Farnese, infanta de Espanha,  que desde dos 4 anos estava em Versalhes para ser educada, chamada de e Infanta-Reina pela Corte francesa, mas que agora com 11 anos  não tinha condições de satisfazer as necessidades físicas do jovem e  fogoso rei.
A pequena Infanta-Reina foi devolvida a corte paterna, triste e humilhada, mas para paz da Península Ibérica, especialmente de Portugal, reino do qual ele foi regente,  Doña Mariana Victoria casou com Dom José I em 19 de janeiro de 1729, numa cerimônia paga pelo ouro de Minas Gerais, conhecida como a ‘ Troca das Princesas’, e ela e Dom José I são os avós de Dom João VI, o brasileiro.
A dupla Bourbon Condé & Prie no seu afã de poder patrocinaram o casamento de Luis XV com Maria Leszczyńska, e graças a esse fato madame de Prie gozou por dois anos  da amizade da soberana consorte o que lhe tornou a mulher mais poderosa da Corte por esse período.
Ambição não tem limites, e o duque de Bourbon, príncipe de Condé, queria destruir ao Cardeal de Fleury e se achando o ‘ rei da cocada preta’ o magro, o amargo, o feio, o desengonçado, o caolho, e invejoso ministro em uma audiência começou a atacar o preceptor do rei , esquecendo o carinho que o soberano tinha por ele e totalmente sem-noção caiu na bobagem de perguntar a Luis o que achava das acusações que estava fazendo contra o prelado. 
“ Nada”, respondeu o rei.
“ Sua majestade não dá nenhuma ordem?”
“ Que as coisas permaneçam como estão”.
‘ Tive a infelicidade de desagradar a sua majestade”.
‘ Sim”.
“ Sua majestade não tem mais bondade para comigo?”
“ Não”, respondeu secamente Luis XV.
“ Monsieur de Frejus tem a confiança de sua majestade?”
“ Sim”.
O duque de Bourbon e príncipe de  Condé, aos prantos, se jogou aos pés de Luis XV implorando seu perdão, que o soberano magnânimo concedeu antes de sair da sala.
E sua alteza serena Luis IV, Monsieur le Duc, príncipe de sangue, par de França, sétimo príncipe de Condé,  duque de Bourbon , d'Enghien , de Guise , de Bellegarde, de Montmorency,  conde de Sancerre, de Charolês, senhor de Chantilly, foi exilado em seu château de Chantilly e onde veio a falecer em 27 de janeiro de 1740, com 47 anos, já que nasceu em Versalhes em 18 de agosto de 1692.
Maria Leszczyńska era filha de Stanislas Leszczynski, ex- rei da Polônia e grão-duque da Lituânia, ou da República das Duas Nações, depois duque de Lorena e Bar, e de Catherine Opalinska, ra filha do magnata Jan Karol Opaliński, castelão de Poznanie,  e Zofia Czarnkowska.
O casamento de Luis XV e de Maria Leszczyńska foi muito infeliz, mas gerou muitos filhos:
1.       Louise Élisabeth
2.       Anne Henriette
3.       Marie Louise
4.       Luis, grão- delfim de França
5.       Filipe, duque de Anjou
6.       Marie Adélaïde
7.       Victoire Louise Marie Thérèse
8.       Sophie Philippine Élisabeth Justine (
9.       Marie Thérèse Félicité
10.    Louise Marie.


Enfim...
O belo palácio em 1773, foi comprado por Nicolas Beaujon, banqueiro da corte e um dos homens mais ricos da França, que precisava de uma "casa de campo" adequadamente suntuosa (pois a cidade de Paris ainda não se estendia até onde o palácio está localizado) e para abrigar sua fabulosa coleção de grandes pinturas de mestres. Para isso, ele contratou o arquiteto Étienne-Louis Boullée para fazer alterações substanciais nos edifícios (além de projetar um jardim em estilo inglês). Logo em exposição havia tais obras-primas conhecidas-bem como “Os Embaixadores “de Holbein, Hans Holbein, o jovem (em alemão: Hans Holbein der Jüngere) (Augsburgo, 1497 ou 1498 — Londres, 29 de novembro de 1543) foi um pintor alemão, um dos mestres do retrato no Renascimento, além de desenhista de xilogravuras, vidrarias e peças de joalharia, essa pintura hoje está na National Gallery em Londres, entre outras. Com essa coleção Hôtel d'Évreux ganhou renome internacional como "uma das principais casas de Paris".
Bathilde d'Orléans, princesa de sangue, falaremos dela mais tarde, comprou o palácio e o denominou de l'Élysée, le palais de l'Élysée, também Elysée Bourbon, devido ao nome da sua proprietária, mas o nome foi baseado  na mitologia grega , os Campos Elísios , ou simplesmente o Eliseu (em grego: λύσιον πέδιον, transl.: Ēlýsion pédion) o paraíso na mitologia grega, local onde os heróis e pessoas virtuosas são acolhidas e vivem  após a morte, rodeados por paisagens verdes e floridas, dançando e se divertindo noite e dia, descrição semelhante ao céu dos cristãos e muçulmanos, enfim o nosso Paraiso.
Com a Revolução Francesa, Bathilde d'Orléans, princesa de sangue, fugiu do país e o Eliseu foi confiscado para depois ser alugado.
E aqui começa outra história.


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