Retrato de Louis-Henri do La Tour d'Auvergne
por Hyacinthe Rigaud (por volta de 1720),
hoje no Metropolitan Museum of Art, em Nova York.
Luis-Henrique
de La Tour d'Auvergne é filho de Godofredo -Mauricio de La Tour d'Auvergne, Duque
de Bouillon, d'Albret, de Chateau-Thierry, Conde d'Evreux, d'Armagnac,
de Beaumont, par e grand chambellan de France, etc., e Marie-Anne
Mancini , sobrinha de Mazarin, apelidada "l'enfant chérie de la
reine" - "a filha querida da rainha", protetora de artistas como
Jean de La Fontaine, que criou os filhos de sua irmã Hortense Mancini, a
Condessa de Soissons, comprometida com o “Caso dos Venenos”.
“
O Caso dos Venenos ocorreu em Paris entre 1670 e 1682, e foi descoberto com a
morte do oficial de cavalaria, Godin de Sainte-Croix. A investigação revelou o envolvimento de Catherine Deshayes, dita "La
Voisin", e varias senhoras da nobreza como Madame de Vivonne (cunhada de
Madame de Montespan, amante e mãe de filhos de Luis XIV), Madame de La Mothe,
Mademoiselle des Œillets, a Condessa du Roure, a Viscondessa de Polignac, a
Marechala de Luxembourg e muitas outras.
Olympe
Mancini, « la perle des précieuses » , foi a segunda das Mazarinettes que
tentaram ao jovem Luis XIV, que gostava daquilo à beça quase morreu lá pelos
lados do mundo dos encantados, a primeira foi Marie Mancini, que casou com o
condestável de Lorenzo Onofrio I Colonna, príncipe de Paliano, duque de
Tagliacozzo.
Olympe
Mancini estava em busca de venenos para se livrar de Françoise-Louise de La
Baume Le Blanc, duquesa de La Vallière e de Vaujours, amante do rei e mãe de
dois filhos legitimados: Marie-Anne , Mademoiselle de Blois , que se casou com
Luis-Armando I de Bourbon-Conti, e Luís , Conde de Vermandois, e descoberta se
mudou para Bruxelas e viajou para a Europa.
De
volta a Monsieur le comte d'Évreux et de Tancarville, maréchal de camp, que por
não ser o filho mais velho, não ser o herdeiro dos títulos e do principal do
patrimônio, somente de algumas coisas à gosto dos pais, como a titularidade de
conde d’Evreux que recebeu ao ser batizado, só tinha uma saída: realizar um
casamento mais que vantajoso.
Nessa
França do Seculo das Luzes os burgueses
podiam enricar e foi o caso de Antoine Crozat, um empreendedor que chegou a ser
o primeiro proprietário da Louisiana francesa de 1712 a 1717 no território do
hoje EUA, monopólio comercial por 15
anos, o francês mais importante no
tráfico de escravos graças ao fornecimento deles para todas as colônias
espanholas da America e para o EUA
através da Compagnie de Guinée,
que fez parte de um consórcio financeiro que comprou a fazenda de tabaco
da Marquesa de Maintenon, que monopolizava 2,5 milhões de libras de tabaco vendidos a
cada ano por Santo Domingo, depois de 1726 um dos quarenta fermiers généraux
(no singular fermier général).
“
Nascido em Toulouse , França , filhos de comerciantes modestos, ele e seu
irmão, Pierre , subiram da obscuridade para se tornarem dois dos comerciantes
mais ricos da França”.
Pierre
Crozat , dito “o pobre” por não ser tão rico quanto seu irmão, foi Tesoureiro
da França em Montauban , tesoureiro dos Estados do Languedoc, patrono das artes, um homem de bom gosto e um
dos maiores conhecedores da arte de seu tempo.
Foi
o comprador da coleção da Rainha Cristina da Suécia, em Roma, por “ a preços
ridiculamente baixos, enquanto o papa Alexandre VIII, comprou a esplêndida
biblioteca ‘por um pedaço de pão’".
Em
1729, aparece o primeiro volume de um vasto projeto chamado Coleção Crozat e
quando morreu em 23 de maio de 1740, aos 79 anos, deixou toda a sua coleção (mais
de 400 obras) para seus sobrinhos (filhos de Antoine), Louis-François (+ 1750
), Joseph-Antoine ( +1750 ) , e Louis-Antoine (+ 1770 ).
Uma
serie de vendas de desenhos (19.000) e entalhes foi organizada em Paris de abril
e maio de 1741e a outra parte das obras pertencentes a Pierre Crozat foi comprada em 1772, graças ao príncipe
Dmitri Alexeievich Gallitzin, ministro extraordinário e plenipotenciário da
Imperatriz de todas as Rússias junto ao rei de França e de Navarra, e a Denis
Diderot, para Catarina II, hoje o núcleo central da coleção do Museu Hermitage,
em São Petersburgo.
O
príncipe Dmitri Alexeievich Gallitzin foi, também, quem comprou a Biblioteca de
Diderot ( em torno de 2900 livro) para a czarina russa.
Antoine Crozat, agora tesoureiro da Ordem do
Espírito Santo, como conselheiro financeiro de Luis XIV recebeu o título de marquês
de Châtel
Casou
com Marie Marguerite Le Gendre d'Armény, e foram pais de:
1.
Louis François
Crozat , marquês do Châtel, secretário do rei em 1741.
2.
Marie-Anne Crozat
que se casou com nosso herói Luis Henrique
de La Tour d'Auvergne, conde de Evreux;
3.
Joseph-Antoine
Crozat que se casou em 1725 com Michèle
Catherine Amelot de Gournay;
4.
Louis Antoine
Crozat , barão de Thiers, que se casou com Louise Agostinho de Montmorency-Laval
A
nobreza o considera “un parvenu de la pire espèce/ um arrivista da pior espécie”, mas casam seus filhos
com os filhos do novíssimo marquês de Châtel.
Ao
lado: Antoine Crozat (1655-1738), usando o colar da Ordem do Espírito Santo
Óleo sobre tela de Alexis Simon Belle, Museu Nacional do Palácio de Versalhes.
Vamos
a uma historinha:
Ora,
a burguesinha mimada , única filha de um homem recém enobrecido e riquíssimo,
devia sonhar com voos mais alto, e aí o mel caiu na sopa.
Luis-Henrique
de La Tour d'Auvergne de uma antiguíssima família da Alta Nobreza estava
literalmente dando sopa.
Luis
XIV não tinha como não consentir esse casamento, ela com 12 anos, ele com 32
anos, mas o que isso importava?
E
em 3 de agosto de 1707, os pombinhos se casaram.
Segundo
uns o dote foi ínfimo e dado pelo tio da noiva, Pierre Crozat, no valor de 15.000
Livres, segundo outros a fabulosa soma de 2 milhões de Livres – eu não tenho
ideia de quanto podia valer essas quantias hoje, mas creio que deveriam ser
somas fabulosas.
Para
aumentar a fortuna do genro, o marquês Antoine Crozat conseguiu sua nomeação em
1716 como governador de Poitou ( hoje os departamentos atuais de Vendée ( Lower
Poitou ), Deux-Sèvres e Viena ( Haut-Poitou ) e do norte da Charente e parte do
oeste de Haute-Vienne e sua capital era Poitiers), e em 1719 como governador da
Ilha de França( Paris, Seine-et-Marne, Yvelines, Essonne, Hauts-de-Seine, Seine-Saint-Denis, Val-de-Marne,
Val-d'Oise).
Os
condes d’Evreux moravam no 19, Place Vendôme, também denominado Hotel
d'Evreux, mandado construir para eles por Antoine Crozat a Pierre Bullet, arquiteto
francês.
Todavia,
o conde d’Evreux queria uma casa no campo e comprou em 1718 uma propriedade do
arquiteto Armand-Claude Mollet, localizada na estrada para a vila de Roule, a
oeste de Paris, ( hoje a rue du Faubourg Saint- Honoré, 8º arrondissement de
Paris), fazendo parte do contrato de compra e venda que
o vendedor era obrigado a construir para o comprador uma casa, um ‘ hôtel
particulier’.
A exigência era que l’ hôtel
particulier tinha que ter um pátio de entrada e um belo jardim.
Finalizado e decorado em 1722 e,
embora tenha sofrido muitas modificações, desde então continua sendo um exemplo
do estilo clássico francês.
Assim se conta essa historinha de
como “surgiu” o atual palácio do Eliseu, e onde ainda Hotel d’Evreux faleceu
muito pimpão seu inspirador Luis-Henrique de La Tour d'Auvergne no dia 3 de agosto
de 1753 com 74 anos.
Os condes d’Evreux não tiveram
filhos, mas “ quando Deus não dá filhos, o Diabo dá sobrinhos e sobrinhas”,
como afirmava Leão Gondim de Oliveira, jornalista cofundador dos Diários
Emissoras Associados junto com seu primo Assis Chateaubriand.
E os sobrinhos dos d’Evreux
venderam o hôtel particulier para Luis XV que deu para sua amada amante, madame
de Pompadour, com veremos.
Reflexão:
Nada como
dinheiro novo para doirar os velhos brasões d’armas.
O título de conde d’Evreux:
No seculo X, o primeiro conde
d’Evreux que se tem notícia foi Robert, o dinamarquês, ou Roberto II, Arcebispo
de Ruão (depois de 989 – 1037), conde de Évreux, um poderoso e influente prelado que acumula
uma função religiosa e uma função secular, ligado ao Ducado da Normandia.
Roberto II foi um arcebispo casado
e pai.
Quando seu filho Richard (
Ricardo) de Evreux se tornou conde de Evreux em 1037 e o foi até 1067, Roberto
II proclamou sua paternidade abertamente em uma carta solene que o classificava como "Roberti archiepiscopi
filiu”.
Richard ( Ricardo) de Evreux gerou
Guilherme ( Guillaume) d'Évreux que foi conde d’Evreux de 1067-1118, e não teve
filhos e o título passou ao filho de sua irmã Agnes casada com Simon I de
Montfort, senhor de Montfort l'Amaury, de nome Amaury III de Montfort, que foi
conde de 1118-1137.
Amaury III de Montfort gerou Amaury IV, conde de 1137-1140
Amaury IV gerou Simon III de
Montfort, o Calvo, conde de 1140-1181
Simon III de Montfort, o Calvo
, gerou Amaury V de Montfort, conde de
1181-1182.
Amaury V de Montfort gerou Amaury VI de Montfort, conde de
1182-1195, que partidário dos reis da Inglaterra, teve seus feudos na Normandia
conquistados por Felipe II Augusto, rei de França de 1180 até 1223 ( 42 anos, 9
meses e 26 dias ), mas o rei João sem Terra, da Inglaterra, o elevou a Conde de
Gloucester de 1200-1213.
O condado d’Evreux foi unido ao
domínio real, a coroa de França, de 1200 a 1298 , ano em que Filipe IV o Belo,
o rei da França, deu a seu meio irmão
Luis, conhecido como Luis d’Evreux.
Luis d’Evreux gerou Filipe III,
rei consorte de Navarra por seu casamento com Joana II, rainha de Navarra, e
conde d’Evreux de 1319-1343.
Joana II e Felipe III gerou Carlos II de Navarra , conhecido como
Carlos, o Mau, rei de Navarra de 1349 a
1387 ( 37 anos, 2 meses e 26 dias ) e conde d’Evreux de 1343-1378, que
teve confiscado seus bens na Normandia pelo rei da França Carlos V.
Carlos II o Mau, gerou Carlos III
o Nobre, rei de Navarra de 1387 — 1425, criador do título príncipe de Viana, na
Espanha, que reatou relações com o rei
de França, se tornou Duque de Nemours, e cedeu definitivamente o condado
d’Evreux ao domínio real, a coroa de França, em troca de uma pensão do rei de
França.
O título foi recriado em benefício
de Pierre de Brézé pelo rei de França em
1441 por sua atuação na Guerra dos Cem Anos, mas depois passou ao domínio real,
a coroa de França.
Carlos IX, rei de França de 1560 –
1574 ( 13 anos, 5 meses e 25 dias ), o
recria para seu irmão Francisco ( François ) d’Alençon, que morreu de
tuberculose em junho de 1584 sem filhos e com essa morte o título de condado
d’Evreux retornou ao domínio real, a
coroa de França.
Quando Frédéric-Maurice de La Tour
d'Auvergne em 15 de setembro de 1642 cedeu à França seu principado de Sedan e
Raucourt, recebeu o pariato de França, o título de conde d’Evreux, e de várias
outras terras.
Aqui começa a titularidade de
conde d’Evreux para a Família La Tour d'Auvergne, duques de Bouillon.
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