“Mocidade Alegre
exalta o samba com paradões e força de Ayo
Vice-campeã do ano
passado homenageou os 100 anos do ritmo”.
“Samba poderoso
levantou o público das arquibancadas, que cantou junto”.
“ ..., a Mocidade
Alegre fez neste ano uma exaltação ao samba e à cultura afro-brasileira. Para
falar do centenário do ritmo, a escola da Zona Norte recorreu aos orixás e às
raízes africanas. E o resultado foi um desfile próximo do épico”.
Eu vou mais longe: FOI O MAIOR
CULTO DA RELIGIÃO AFRO QUE ASSISTI EM TODA A MINHA VIDA.
Sim, porque um desfile de
Escola de samba é na realidade um CULTO aos deuses africanos.
Eis a letra do samba enredo “Ayo…
A Alma Ancestral do Samba” que por si só prova minha afirmação:
Ôôôô… É a
força de Ayo
BIS
No Ylê da Mocidade o samba chegou!
Ecoa o batuque do tambor
Kaô, Kaô meu pai Xangô
Kaô, Kabecilê Xangô
Com seu oxé, o poder do trovão
Liberta a força que emana energia e vibração
O corpo balança, a pele arrepia
A alma revela, o som contagia
Oyá… Seus ventos que sopraram pelo ar… Eparrei Oyá!
Na revoada encontra o novo mundo
E matizado com as cores desse chão
Salve a negra herança viva da nação
O batuque vem da Bahia… Tem axé
Espalhado na magia que vem de Oxumaré
Na Praça Onze, um canto livre no ar REFRÃO
Abre a roda pro samba
Tia Ciata mandou chamar
Em cada canto, profano ou sagrado
É transformado pelas mãos de Omolú
“A Voz do Morro” sou eu mesmo, sim senhor!
“Pelo Telefone” o Brasil revelou: “Eu sou o samba!”
Com a luz e a proteção de Ogum Guerreiro
Sou a nobreza que invade os terreiros
Eternizado em cada coração
No Ylê da Mocidade o samba chegou!
Ecoa o batuque do tambor
Kaô, Kaô meu pai Xangô
Kaô, Kabecilê Xangô
Com seu oxé, o poder do trovão
Liberta a força que emana energia e vibração
O corpo balança, a pele arrepia
A alma revela, o som contagia
Oyá… Seus ventos que sopraram pelo ar… Eparrei Oyá!
Na revoada encontra o novo mundo
E matizado com as cores desse chão
Salve a negra herança viva da nação
O batuque vem da Bahia… Tem axé
Espalhado na magia que vem de Oxumaré
Na Praça Onze, um canto livre no ar REFRÃO
Abre a roda pro samba
Tia Ciata mandou chamar
Em cada canto, profano ou sagrado
É transformado pelas mãos de Omolú
“A Voz do Morro” sou eu mesmo, sim senhor!
“Pelo Telefone” o Brasil revelou: “Eu sou o samba!”
Com a luz e a proteção de Ogum Guerreiro
Sou a nobreza que invade os terreiros
Eternizado em cada coração
E quando cresci fiz escola
Sou raiz, tenho história REFRÃO
E o povo aclamou
Sou raiz, tenho história REFRÃO
E o povo aclamou
A Mocidade Alegre desnudou uma verdade que até hoje as Escolas de Samba
do Rio e de São Paulo nunca quiseram de facto revelar que é:
A importância dos Orixás para a existência dos Grêmios Recreativos Escolas
de Samba, e, principalmente, na Hora H, na Grande Hora de seus desfiles.
Diferentemente da Águia de Ouro, a Mocidade Alegre não ofendeu a Fé de ninguém,
muito pelo contrário a dignificou ao enaltecer os deuses afros e demostrar na
passarela a importância deles na cultura-Afro-Brasileira, nessa Civilização suis
generis formada no Brasil.
Temos que nos lembrar que nos primórdios dos Ranchos de Carnaval do Rio de Janeiro, a celebre Mãe
do Samba, a Tia Ciata, uma respeitada sacerdotisa dos cultos afros, chegando
com um de seus ‘remédios feitos de ervas’ a curar ao Presidente Wenceslau Brás
de uma ziquizira, que dava consultas em sua residência na Praça Onze, na rua
Visconde de Itaúna, 117, que demarcava o lado sul da praça, demolida para a
abertura da Avenida Presidente Vargas, benzia todos os estandartes, os
pavilhões, dessas agremiações, e a Tradição se manteve com os herdeiros dos
Ranchos que são as Escolas de Samba, portanto os grêmios Recreativos Escolas de
Samba estão intrinsecamente ligados a religião afro, a seus deuses, e suas
Tradições.
E tenho dito.
Jorge Eduardo Fontes Garcia
São Paulo, Domingo de Carnaval, 07 de fevereiro de 2016.