(1893; Museu Mariano
Procópio).
“ A Inconfidência Mineira, ou Conjuração
Mineira, foi uma conspiração separatista realizada na Capitania de Minas
Gerais, no Estado do Brasil, mas, principalmente contra, a derrama realizada pela Coroa Portuguesa”.
Derrama – “ um imposto do
meado do século XVIII, criado por causa da diminuição das receitas de ouro
provenientes do Brasil”.
Só houve uma Derrama, uma
Capitação de ouro, em Minas Gerais, a de 1763/1764 sob a administração de Luís
Diogo Lobo da Silva, governador da capitania de Pernambuco, de 1756 a 1763, e
depois da capitania de Minas Gerais, de 1763 a 1768.
“ Os "homens-bons" –
aqueles que tinham que pagar o imposto ou taxa fixada em 100 arrobas anuais (1
arroba equivale a aproximadamente 15 quilogramas), ou seja, 1 500 quilogramas
de ouro - sempre adiaram, emendaram e repactuaram o pagamento da mesma, ou
seja, conseguiram sempre empurrar com a barriga e adiar as derramas”.
Os "homens-bons" se
reuniram contra a Derrama, e de quebra pactuaram a Independência de Minas
Gerais do resto do Estado do Brasil, para nas Minas Gerais fundarem uma República.
Uma já estava bom, as três
eram excepcionais.
Foram os principais:
1- José
Álvares Maciel: Maçon. Mineralogista pela Universidade de Coimbra. Industrial têxtil
com formação em Birminghan, Inglaterra. Entre dezembro de 1787 e março de 1788
encontrou-se, na Universidade de Coimbra com José Joaquim da Maia que já se
havia avistado com Thomas Jefferson, embaixador dos Estados Unidos da América
na França e dele obtivera uma promessa de apoio dos norte-americanos às
aspirações de independência de Minas Gerais.
Amigo de
Dom Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, 6.º visconde e
1.º conde de Barbacena, se hospedou na residência oficial deste, e informava
aos inconfidentes sobre seus passos.
“Preso e remetido
para interrogatório no Rio de Janeiro onde foi recolhido aos calabouços da
Fortaleza de São Francisco Xavier da Ilha de Villegagnon. Nesta cidade foi
julgado e condenado à morte, tendo a sua pena sido comutada em degredo perpétuo
em Angola, para onde seguiu em 23 de maio de 1792.
Chegou a
Luanda em 20 de junho de 1792 e foi internado na enfermaria da Forte de São
Francisco do Penedo com pneumonia e escorbuto. Recuperado, de lá seguiu viagem
para a Fortaleza de Massangano, de onde foi solto para lutar pela
sobrevivência. Tornou-se representante comercial dos negociantes de Luanda na
área de Calumbo. Em 1797 o novo Governador de Angola, D. Miguel António de Melo
atestou, em oficio ao Ministro do Ultramar em Lisboa, que Maciel ganhava a vida
naquele lugar como vendedor de panos no sertão. Em 1799 recebeu do Governador
uma licença para levar um carregamento à feira de Cassange e o encarregou da
missão de verificar a existência de riquezas minerais pelos sertões de Angola.
Na Província de Itamba no lugar denominado Trombeta, jurisdição de Golungo, no
sitio de Cathari, montou uma pequena siderurgia que produzia alguns ferros com
improvisação e auxílio de cento e trinta quatro negros. No ano de 1800 escreveu
ao Governador um relatório sobre o seu trabalho e as dificuldades que
enfrentava por não encontrar oficiais de mecânica, carpinteiros e ferreiros,
solicitando que estes profissionais lhe fossem enviados do Brasil. O Governador
tão logo recebeu a resposta da Corte, chamou Maciel e leu-lhe os elogios que o
rei fazia ao seu desempenho e pediu a lista do que necessitava para desenvolver
a siderurgia.
Maciel teria
falecido em março de 1804 ou 1805, aos 44 anos de idade, antes que chegassem os
recursos que pedira a Lisboa.
2-
Francisco de Paula Freire de Andrade: Filho natural de José António Freire de Andrade, 2º Conde de Bobadela.
Tenente-coronel do Regimento dos Dragões de Minas Gerais. Condenado ao desterro
para Pedras d'Angola, Moçambique, para onde partiu em 1792. Apesar do seu
grande desejo de voltar à pátria, só obteve licença em 1808, depois que a
família real partiu para o Rio. Mas o destino não o deixou realizar o desejo
pois morreu em viagem em março do mesmo ano.
3- Domingos
de Abreu Vieira: Contratador -coletor (administrador dos contratos e coletas de
impostos), Tenente Coronel da Cavalaria Auxiliar da vila de São José del Rey, comerciante
de secos e molhados. Condenado ao Desterro em Angola. Terminou seus dias em Muxima,
hoje sede do município da Quiçama, na província do Bengo, em 1792;
4- José
de Resende Costa: Capitão do Regimento de Cavalaria Auxiliar da vila de São
José del Rey. Condenado ao Desterro em Cacheu, Guiné Bissau, onde faleceu em
1798, aos 68 anos de idade. Teve parte de seus bens confiscados;
5- José
de Resende Costa, filho do Capitão José de Resende Costa. “ o mais jovem dos 11
inconfidentes condenados à morte em 1792, mas teve sua pena comutada em
degredo. Casou-se durante o degredo em Santiago, em Cabo Verde, no ano de 1795.
Cumprida sua pena, voltou ao Brasil em 1809. José de Resende Costa foi
investido de importantes cargos públicos após seu retorno: Administrador da
Fábrica de Lapidação de Diamantes, Contador Geral do Erário. Escrivão da Mesa
do Tesouro e, ainda, agraciado com a Comenda da Ordem de Cristo. Em 1911, o
povoado da Lage, onde ele constituiu seus bens, recebeu o nome de Resende Costa
em homenagem ao pai e ao filho, a ambos. Morreu em 17 de junho de 1841, no Rio
de Janeiro”.
6- Luiz
Vaz de Toledo Piza: Sargento da Cavalaria Auxiliar da vila de São José del Rey.
Condenado ao Desterro em Angola, onde morreu em 1807;
7- Cláudio
Manuel da Costa: Poeta, Bacharel pela Universidade de Coimbra, advogado, fazendeiro
abastado, e procurador da Coroa, desembargador, e, por duas vezes, o de
secretário de Estado, “...era o sujeito em casa de quem se tratou de algumas
coisas respeitantes à sublevação, uma das quais foi a respeito da bandeira e
algumas determinações do modo de se reger a República: ... Autor do texto: José
Pedro Machado Coelho Torres, juiz nomeado para a Devassa de 1789 em Minas Gerais.
Foi assassinado Vila Rica, Minas Gerais, 4 de julho de 1789”. Na
Academia Brasileira de Letras- ABL - patrono da cadeira 8 ocupada por Cleonice
Seroa da Mota Berardinell, professora de literatura;
8- Inácio
José de Alvarenga Peixoto: “ A Alvarenga Peixoto é atribuída a autoria da
inscrição latina na bandeira de Minas Gerais: Libertas quae sera tamen.”. Poeta,
o Bacharel, com louvor, em Direito na Universidade de Coimbra, e juiz de fora
na vila de Sintra, Portugal, homem público que exerceu cargos em São João del
Rey e em Rio das Mortes, fazendeiro e minerador, casou com a poetisa Bárbara
Heliodora - Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira. “ Pressionado por dívidas
e impostos em atraso, acabou por se envolver na Inconfidência Mineira. Julgado
e condenado, foi deportado para Angola, onde veio a falecer, pouco após sua
chegada, vítima de uma febre tropical que à época assolava Ambaca, em Angola, no
dia 27 de agosto 1792;
9- Tomás
Antônio Gonzaga, que usava o pseudônimo de Dirceu, cursou Direito na
Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Nomeado juiz de
fora em Beja, em Portugal. No Brasil nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da
comarca de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto. Apaixonado pela adolescente Maria
Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, 16 anos, “a pastora Marília imortalizada
em sua obra lírica Marília de Dirceu”.
“ Condenado
a morte, teve em
1792, sua pena de prisão na ilha das Cobras é comutada em degredo, a pedido
pessoal de Dona Maria I, o
poeta é enviado a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a
sentença de dez anos, onde passou a trabalha como advogado, e casa com a rica Juliana
de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"), filha
de um comerciante de escravos, com quem deixou descendência. Rico e considerado
em Moçambique morreu
em
1810 com 66 anos de idade. Na Academia Brasileira de Letras- ABL - patrono da
cadeira 37, hoje ocupada por Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar
Ferreira;
10- Padre José
da Silva e Oliveira Rolim: “De uma família de contrabandistas de Diamantes. Ordenou-se
aos 32 anos em Coimbra, sem gostar de estudar, tendo dificuldades para escrever
e sendo péssimo em comunicação verbal. Homem inescrupuloso e corrupto e quando
o Visconde de Barbacena se negou a revogar uma ordem de banimento contra ele,
uniu-se à Inconfidência Mineira no final da década de 1780, da qual participou
ativamente, tendo se comprometido a arranjar 200 cavaleiros armados para a
revolução. Preso em Portugal, no Mosteiro de São Bento da Saúde, em Lisboa, mas
em 1805 estava de volta ao Brasil com a esposa e filhos. Lutou, então, para
reaver seus bens que haviam sido confiscados, mas só o conseguiu com a
Declaração da Independência do Brasil, quando foi também indenizado. Morreu em Diamantina
no ano de 1835”
11-
Padre Manuel Rodrigues da Costa, fazendeiro. afilhado de
João Rodrigues de Macedo, banqueiro do Império e proprietário do imóvel
atualmente conhecido como a Museu Casa dos Contos, em Ouro Preto.
Estudou no seminário da cidade de Mariana e ordenou-se
padre em 1780, possuidor do Hábito de São Paulo. , foi
condenado a degredo de dez anos em Lisboa, em dependências eclesiásticas.
Também foram confiscados muitos de seus bens, dentre os quais metade da fazenda
Tapera, um título de terras minerais, sua rica biblioteca, móveis, utensílios
domésticos, dois escravos, tabaco e uma batina, que atualmente está exposta no
Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. A Fazenda do Registro Velho foi
preservada por ser meação da sua mãe. Depois de
seu retorno ao Brasil, dedicou-se à administração da fazenda Registro Velho.
Atuou também como industrial, tendo fundado uma tecelagem e se dedicado à
fabricação de vinho e óleo de oliva. Auguste de Saint-Hilaire, em sua viagem
por Minas Gerais, visitou-o e escreveu que o padre havia trazido de Portugal
máquinas para fazer tecidos, utilizando lã de ovelha e linho, que produzia em
suas terras [3] . Estes seus projetos, no entanto, não foram bem-sucedidos.
Nesta época também tornou-se um dos primeiros sócios do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro.
Em sequência à Revolução liberal do Porto, foi eleito
para as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa em
1820. Ao mesmo tempo, participou ativamente nos acontecimentos que levaram ao
"Fico" e à Independência do Brasil.
Depois da Independência do Brasil, elegeu-se deputado por
Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1823 e reelegeu-se para a Legislatura
Ordinária de 1826, embora não tenha servido este último mandato.
Em 1831, Dom Pedro I, que o admirava, hospedou-se na
fazenda do Registro Velho, condecorou-o com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro e
o nomeou cônego da Capela Imperial. Foi o último dos inconfidentes a falecer.
Foi sepultado na igreja matriz de Barbacena; no entanto, seus restos mortais
foram perdidos durante a reforma dessa igreja no século XX. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Rodrigues_da_Costa
;
12- Padre Carlos Correia de Toledo e Melo: Foi
deportado para Portugal ficando preso na Fortaleza de São Julião da Barra e
depois levado para a clausura dos franciscanos de Lisboa, onde hoje é a
Academia de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e lá faleceu em 1803;
13- Cônego Luís Vieira da Silva: cônego do Cabido
da Catedral de Mariana, professor de Filosofia no Seminário de Mariana e um dos
principais articuladores do movimento. Segundo consta morreu em Paraty, Rio de Janeiro,
entre 1805 e 1809;
14- Padre José Lopes de Oliveira: Faleceu
preso na clausura dos franciscanos de
Lisboa, onde hoje é a Academia de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e lá
faleceu em 1796;
15- Francisco
Antônio de Oliveira Lopes: por ser fazendeiro rico, agrimensor e carpinteiro. Foi
condenado ao Degredo perpétuo em África, no Moçambique, mas veio a falecer em Bié,
Angola, em 1794, e sua família continuou rica nas Minas Gerais;
16- Salvador
Carvalho do Amaral Gurgel: Cirurgião barbeiro prático. Desterrado morreu em Inhambane,
região sul de Moçambique, em 10 de dezembro de 1812;
17- Domingos
Vidal de Barbosa Lage: Medico. Desterrado para Santiago, a maior ilha do
arquipélago de Cabo Verde, onde faleceu vitimado pelo impaludismo 1793.
Entre outros, mais:
Joaquim José da Silva Xavier,
o Tiradentes, moço pobre com a morte do pai, o português Domingos da Silva
Xavier, não fez estudos regulares, entretanto era seu Tutor seu tio e padrinho
Sebastião Ferreira Leitão, que era barbeiro cirurgião dentista, de quem aprendeu
o oficio, e que “ lhe valeu o apelido (alcunha) de Tiradentes”.
Como todos naquela época tinha
interesse em ser minerador para assim ficar rico, e “tornou-se técnico em
reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos, indo trabalhar
para o governo da Capitania de Minas Gerais”.
“ Em 1780, alistou-se na tropa
da Capitania de Minas Gerais; em 1781 foi nomeado comandante do destacamento
dos Dragões na patrulha do "Caminho Novo", estrada que servia como
rota de escoamento da produção mineradora da capitania mineira ao porto Rio de
Janeiro na Serra da Mantiqueira”.
“ Insatisfeito por não
conseguir promoção na carreira militar, tendo alcançando apenas o posto de Alferes,
patente inicial do oficialato à época, e por ter perdido a função de marechal
da patrulha do Caminho Novo, pediu licença da cavalaria em 1787”.
“ Tiradentes morou por volta
de um ano na cidade carioca, período em que idealizou projetos de vulto, como a
canalização dos rios Andaraí e Maracanã para a melhoria do abastecimento de
água no Rio de Janeiro; porém, não obteve aprovação para a execução das obras”.
“Esse desprezo fez com que
aumentasse sua indignação perante o domínio português”.
“ De volta às Minas Gerais,
começou a pregar em Vila Rica e arredores, a favor da independência daquela
capitania”.
OU SEJA, como não tinha
emprego fixo, como não tinha terras – fazenda- nem comercio, passou a ser revolucionário,
o que hoje se configura como um “companheiro” de movimentos sociais.
“ O novo governador Visconde
de Barbacena, futuro Conde de Barbacena, já acima citado, resolveu cobrar a dívida
mineira acumulada, desde 1762, do quinto, que à altura somava 768 arrobas de
ouro em impostos atrasados, o que afetava o bolso do chamados “ homens-bons"
– aqueles que tinham que pagar o imposto ou taxa, e esses “se queimaram nos
cacos”, e saíram nas dando vivas à República”.
Acontece, que naquela altura o
Brasil era de Portugal, e Dona Maria I era nossa Soberana de facto e de
direito, e a Inconfidência Mineira “ em 15 de março de 1789 foi delatada aos
portugueses por Joaquim Silvério dos Reis, coronel, Basílio de Brito Malheiro
do Lago, tenente-coronel, e Inácio Correia de Pamplona, luso-açoriano, em troca
do perdão de suas dívidas com a Real Fazenda”.
E o pau quebrou no Arraial da
Chica Gorda.
E...
“ . Presos, todos os
inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do processo. Alguns
foram condenados à morte e outros ao degredo; algumas horas depois, por carta
de clemência de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas para degredo, à
exceção apenas para Tiradentes, que continuou condenado à pena capital, porém
não por morte cruel como previam as Ordenações do Reino: Tiradentes foi
enforcado”.
Ou seja, Tiradentes, foi o primeiro
pato da Historia pátria.
Jorge Eduardo Garcia
21 de abril de 2016.
Nessa data, três décadas atrás,
nasceu na cidade mineira de Manhumirim um varão filho de Candida Dias Berbert que
no registro, no qual sou testemunho junto com Thereza Christina, no cartório do
grande Juarez Barbosa, o pai, recebeu o nome de Orlando Berbert Neto.
Eu dedico esse estudo a ele,
para que ele jamais banque o pato em nenhuma situação em sua vida.