sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Anthony Garotinho é levado para Bangu e família se desespera
Artigo: Pouca ambição, muito deslumbramento – por CORA RÓNAI
Prisão de Sérgio Cabral foi comemorada nas padarias
e nos pontos de ônibus
Dizer que o Rio acordou feliz na manhã de ontem é
pouco; o Rio acordou eufórico. A prisão de Sérgio Cabral foi comemorada nas
padarias, nos pontos de ônibus, em qualquer lugar onde houvesse pessoas juntas.
A internet, que vinha de uma temporada de baixo astral, explodiu em festa. Há
tempos não se via tanta gente contente on-line: nem a prisão do abominável
Cunha causou tanta satisfação explícita.
Em menos de dez anos, Sérgio Cabral conseguiu
passar de governador mais votado do estado, com ótimos índices de aprovação, a
figura mais detestada pelos eleitores. Acho que mais do que incompetência e
corrupção, fatores comuns a tantos políticos brasileiros, contribuiu para a péssima
imagem do ex-governador o seu estilo de vida ridículo, o seu amor pelos
símbolos de uma riqueza de anedota, movida a viagens extravagantes,
helicópteros, baldes de champanhe e joias milionárias.
Em vez do carioca bacana que a propaganda vendeu
nos seus primeiros anos, ainda aproveitando o prestígio de gente boa do pai,
Sérgio Cabral revelou-se uma espécie de sub-Trump tropical do dinheiro alheio,
uma Maria Antonieta de Mangaratiba, insensível às necessidades e ao sofrimento
do povo. Pouca gente teve a sua desfaçatez e o seu desprezo pelo bom senso e
pela opinião pública; pouca gente teve a ousadia de achar que os eleitores eram
tão cegos e ignorantes. Deu no que deu.
O que mais me espanta, nessa sua figura ao mesmo
tempo trágica e de chanchada, é a falta de ambição. Com a idade que tinha ao
assumir o governo pela primeira vez, e com a simpatia que, bem ou mal, sabia
fingir, Sérgio Cabral poderia ter feito uma longa carreira política,
contribuindo para de fato melhorar o Rio de Janeiro e o Brasil, deixando um
legado digno e importante. Poderia até mesmo ter se candidatado à Presidência e
eventualmente ter sido eleito; poderia ter deixado um bom nome, do qual os seus
descendentes se orgulhariam.
Em vez disso, preferiu meia dúzia de jantares em
Paris, cercado de cafajestes e de novos ricos. Perdeu, por deslumbrado e
canalha, o bonde da História.
Que idiota.
Leia mais sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/brasil/artigo-pouca-ambicao-muito-deslumbramento-20484525#ixzz4QMPq6rOk
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