Eu digo e repito que
homossexual já nasce homossexual, aliás já tem estudos alemães que comprovam o
que eu estou afirmando, o problema do gay, da lesbiana, do travesti, do
transexual, do transgênero, do bissexual, do simpatizante, é saber manter a
DIGNIDADE, é não ser um escroto, é não cair na marginalidade e virar bandido, é
não se comportar fora dos padrões da sociedade em que nasceu ou na que vive, ou
seja, respeitando para ser respeitado.
Ser LGBT não é vergonha, não é
desonra, não é para sofrer nem um tipo de preconceito, é não ser agredido por
pessoas doentes mentais que descarregam suas frustrações em pessoas que eles
nem sabem quem são ou como vivem, repito: uns doentes.
Rogéria, “seu” Astolfo Barroso
Pinto, o mais ilustre filho de Cantagalo, cidade do interior do Rio, é de minha
geração e, como eu, viveu os estertores do glamour do Balneário chic do Rio de
Janeiro, um local onde podíamos viver de maneira très chic, elegante, com bom
humor, sem medo de sair de noite e viver a boêmia, a grande boêmia, que ela – a
Cidade Maravilhosa – nos oferecia.
Quem vivia a noite conhecia
todo mundo que também a vivia.
Não eram amigos, mas se
encontrasse em um aeroporto da Europa sabia muito bem quem era.
Eu conhecia Rogéria, sempre de
vista, na mesma época que ela começou a fazer sucesso.
Vi muitas vezes Rogéria pelas
ruas do Leme, era minha vizinha de edifício.
Frequentávamos o mesmo
cabelereiro unissex, e ela fazia cabelo- “um cabelo lindo” como dizia TC- na
mesma mulher que minha mulher fazia o seu, as unhas como a mesma manicure, a
Val.
O “seu” Astolfo Barroso Pinto
soube se transformar no travesti Rogéria com aquela DIGNIDADE que acima falei.
Nunca se viu a Rogéria
envolvida em um escândalo.
Nunca se viu a Rogéria
desrespeitando alguém, ela respeitava para ser respeitado.
Na época que LGBT estava
condenado à morte por causa da AIDS, Rogéria passou por ela incólume, e veio morrer
tempos depois, agora, de doença de velho, de doença que ataca na velhice
qualquer ser humano.
Rogéria simbolizava a época
que o Rio de Janeiro era realmente A Cidade Maravilhosa.
Minha gente, acredite:
Com Rogéria parte mais um
ícone que:
1- Encarnava
de corpo e alma o Rio-glamour,
2- Que
encarnava de corpo e alma o Rio -chic,
3- Que
encarnava de corpo e alma o Rio onde as pessoas tinham bom humor,
4- Que
encarnava de corpo e alma o Rio que ao andar na rua não se precisava ficar
olhando para os lados e para trás,
5- Que
encarnava de corpo e alma o Rio em que se podia viver de portas abertas.
Com a morte de Rogéria a Muy
Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ficou mais triste.
Jorge Eduardo Garcia
05/09/2017