Uma das primeiras montagens de Walter Pinto - Teatro Recreio - Rio de Janeiro, anos 40.
A primeira peça de revista que
assisti foi no Teatro Carlos Gomes na Praça Tiradentes, que é um dos teatros
mais tradicionais do país, que pela primeira vez foi inaugurado em 1872, depois
sofreu três grandes incêndios.
Não me lembro do nome da peça,
mas me lembro de uma cena com um candelabro, e uma piada, que vou transcrever,
se minha memória permitir:
“ Lá atrás daquela serra tem
um cume, quanto mais o sol bate, quanto mais o cume arde”.
Não esqueci.
Mais, esqueci quem foi o
artista que contou.
Acredito que essa piada foi
inspirada no “Poema do cume!!”, de autor anônimo, que está em https://youtu.be/cOO9TzFqPzk
, e é o seguinte:
No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira.
Quando cai a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem.
Quanto cai a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce.
Quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar de novo
O sol que no cume ardia!
No sentido
horário, Machado acompanhado de Irma Alvarez e Norma Tamar; ao conhecer o Xá da
Pérsia e a Imperatriz Farah Diba, durante um espetáculo; e com seu porte todo
elegante.
Créditos:
Reprodução/Arquivo pessoal/istockphoto.com
Na minha mocidade haviam dois
grandes empresários do gênero que eram Walter Pinto e Carlos Machado, na casa
desse último eu fui, um belo duplex no último andar do Edifício Bocaina, na Avenida
Nossa Senhora de Copacabana, 259 -
Copacabana - Rio de Janeiro, RJ.
Eram notáveis os figurinos de
Gisela Machado, esposa de Carlos Machado, uma das poucas mulheres realmente elegantes
que vi em minha vida, marcaram toda uma Época Aurea do Rio de Janeiro.
Elegantíssima, filha
de família tradicional, prima da escritora Rachel de Queiroz e bisneta de
Chiquinha Gonzaga, Gisela Maria Mancebo de Vasconcellos nunca imaginaria que um
dia iria assinar Machado em seu sobrenome. O bom gosto, o refinamento e
sofisticação dela foram fundamentais para a consagração de Carlos Machado no
show business. Eles se conheceram em Petrópolis, no verão de 1940, e em 20 de
julho de 1942 se casaram no Mosteiro São Bento.
Gisela sempre fechou
um olho, às vezes dois, para as escapadinhas do marido, que, como bom gaúcho,
gabava-se de suas aventuras. Ela, mesmo fazendo os figurinos dos shows,
raramente era vista ao lado do marido. Foi durante um desfile de compras, nas
lojas de tecidos Casas Canadá, que Gisela convidou uma das manequins da maison
para ser vedete dos shows do marido. Era Norma Bengell, que mais tarde faria
carreira internacional. Fonte: http://glamurama.uol.com.br/o-rei-dos-anos-dourados-historias-e-o-glamour-de-carlos-machado/
Machado
com os filhos, José Carlos e Djenane, e a mulher, Gisela.
Créditos:
Arquivo pessoal/Reprodução
Mais, nas “ companhias
teatrais de Teatro rebolado” de Walter Pinto e Carlos Machado, foi assim que
passamos a chamar o Teatro de Revista no Brasil, nas peças que montavam,
atuaram atrizes – chamadas de vedete- como:
Íris Maria Brüzzi de Medeiros
- Íris Bruzzi – que foi casada com Walter Pinto; A belíssima e estonteante com
seus cabelos cor de fogo Mara Rúbia (Osmarina Lameira Colares Cintra, nascida
na Ilha de Marajó);
Norma Bengell (Norma Aparecida
Almeida Pinto Guimarães d'Áurea Bengell);
Virgínia Lane (Virgínia
Giaccone);
A deslumbrante, meu sonho de moço,
Carmem Verônica (a pernambucana Carmelita Varella Alliz Sicart);
A paulista Esther Tarcitano;
Dorinha Duval (a paulista Dora
Teixeira, que foi casada com e Daniel Filho, da também atriz Carla Daniel);
Anilza Leoni (a catarinense Anilza
Pinho de Carvalho, considerada “ uma das maiores vedetes do teatro
rebolado");
A fabulosa Rose Rondelli ( Rosermy
Rondelli que foi casada com Chico Anysio, mãe de Nizo Neto, nome artístico de
Francisco Anízio de Oliveira Paula Neto);
Maria Pompeu;
Irma Álvarez (a argentina Irma
Rufina Álvarez);
Angelita Martinez (que se
dizia que era amante de Jango),
Aracy Cortes- ver abaixo (a
carioca Zilda de Carvalho Espíndola, que era cantora e vedete. Foi quem cantou
pela primeira vez “ Aquarela do Brasil”, um samba-exaltação de Ari Barroso);
Berta Loran (a judia Basza Ajs
nascida em Varsóvia, Polônia, em 23 de março de 1926, mas que “ em 1937, aos 11
anos, mudou-se com a família para o Brasil, instalando-se num sobrado na Praça
Tiradentes, no Rio de Janeiro)
Consuelo Leandro (paulista de Lorena
Maria Consuelo da Costa Ortiz Nogueira que casou com Agildo Ribeiro),
Elizabeth Gasper (alemã de
nascimento),
Elvira Pagã (Elvira Olivieri
Cozzolino, casou com Theodoro Eduardo Duvivier Filho, o famoso playboy
conhecido internacionalmente como Eduardinho Duvivier),
Ilka Soares (Ilka Hack Soares,
que foi casada com Anselmo Duarte e Walter Clark, que “em junho de 1984 foi a
brasileira com mais idade (52 anos) a posar nua para a revista Playboy, marca
superada em abril de 2003 por Helô Pinheiro, com 57 anos),
Luz Del Fuego (Dora Vivacqua da
terra do Rei Roberto Carlos, ou seja, Cachoeiro de Itapemirim. Irmã do senador
Attilio Vivacqua, que em “ Em 1944 inicia suas apresentações como "Luz
Divina", no picadeiro do circo "Pavilhão Azul", posteriormente
por sugestão do e palhaço Cascudo, mudaria o nome para Luz del Fuego, nome de
um batom argentino recém-lançado no mercado. Adepta da alimentação vegetariana
e do nudismo, não fumava, nem ingeria bebidas alcoólicas e, através de uma
concessão da Marinha, obteve licença para viver na ilha Tapuama de Dentro, que
foi por ela rebatizada como "Ilha do Sol" e onde fundou o primeiro
clube naturista do Brasil, o "Clube Naturalista Brasileiro");
Salomé Parísio (a pernambucana
de Bonito Dulce de Jesus de Oliveira)
Marli Marley (a mato-grossense
Marly Marley de Toledo, que casou com o humorista Ary Toledo).
Nélia Paula, de Niterói, mas
que faleceu vítima de ataque cardíaco aos 72 anos de idade no Rio de Janeiro;
Renata Fronzi (a argentina Renata
Mirra Ana Maria Fronzi, que foi casada com o celebre radialista da Rádio
Nacional César Ladeira e mãe de César Ladeira Filho e do músico Renato
Ladeira),
Sonia Mamede (carioca que
casou com Augusto César Vanucci),
Wilza Carla de Niterói, intérprete
de papéis sensuais, posteriormente, aproveitando o fato de que havia engordado
bastante, celebrizou-se nos filmes do gênero "pornochanchada". Seu
grande momento foi como Dona Redonda na novela Saramandaia, da Rede Globo.
Morreu necessitada em São Paulo)
Entre outras.
Dercy Gonçalves.
Dolores Gonçalves Costa, nascida
em Santa Maria Madalena, 23 de junho de 1907, ou seja, a impagável Dercy
Gonçalves, cujas peças a mãe de minha mãe, Dona Regina Alves Barreto de
Almeida, ia com meu pai. Dercy faleceu em 19 de julho de 2008, com 101 anos de
idade, no Rio de Janeiro, mas encontra-se sepultada em sua terra natal em Santa
Maria Madalena em uma pirâmide de vidro e mármore.
Tumulo de Dercy
Os atores como Oscarito,
Grande Otelo, Blecaute (também como cantor), Ankito, Costinha, José
Vasconcellos, entre outros.
Vários compositores atuantes
na época, como Freire Júnior, Eduardo Souto, Henrique Vogeler, Luiz Peixoto,
Lamartine Babo, Hekel Tavares, Ary Barroso.
Caymmi, Haroldo Barbosa, Almirante, Braguinha,
etc...
Chamo atenção que “ Walter
Pinto trouxe para a artista Ivaná, primeiro transexual de grande sucesso nos
espetáculos franceses”.
No https://youtu.be/CX3BedMpkRY está
escrito “Ivaná (Ivan Monteiro Damião), a primeira travesti do teatro de revista
brasileiro no filme Mulher de Verdade, de Alberto Cavalcanti. Para saber mais
sobre Ivaná, leia sua biografia no livro Cá e Lá, o Intercâmbio Cinematográfico
entre o Brasil e Portugal, de Diego Nunes. Curta a página, o livro pode ser
adquirido por lá”.
Mais o que era esse Teatro de Revista, que virou Teatro
Rebolado?
O teatro de revista tornou-se
um gênero popular no Brasil a partir do final do século XIX.
Entre os principais escritores
de revista estava Arthur Azevedo. Em uma de suas revistas, intitulada A
Fantasia (1896), ele apresenta a seguinte definição para o gênero:
"Pimenta sim, muita
pimenta
E quatro, ou cinco, ou seis
lundus,
Chalaças velhas, bolorentas,
Pernas à mostra e seios
nus"....
No Dicionário Cravo Albin da
Musica Popular Brasileira, verbete Teatro de Revista - Dados Artísticos:
Gênero de teatro musicado
surgido no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX.
Foi um grande lançador de
compositores e músicos populares, numa época em que o principal mercado de
trabalho era o teatro, os cabarés e os cafés dançantes.
O gênero firmou-se como consequência
de uma necessária opção de lazer para as camadas da crescente classe média
urbana do Rio de Janeiro.
Tinha como característica
passar em revista os principais acontecimentos do ano, pondo em cena os fatos,
revividos com humor e com o recurso da dança e da música. Segundo J.
R.Tinhorão, o ambiente para o aparecimento desse gênero de teatro começou a ser
preparado desde 1859, pelo gênero alegre do Alcázar Lyrique, do francês Joseph
Arnaud.
Nesse mesmo ano, foi encenada
"As surpresas do sr. José da Piedade", de Justino de Figueiredo
Novais, considerada a primeira revista nacional, encenada sem sucesso no Teatro
Ginástico.
A partir da década de 1880,
com o aumento da classe média e com a crescente intensificação dos serviços
urbanos, o teatro de revista consolidou-se.
Nessa época, Artur Azevedo já
fazia sucesso com suas revistas, que contribuiriam para torná-lo o grande nome
do teatro musical brasileiro.
No início, o novo gênero
sofreu a influência das revistas europeias.
Em 1887, com a apresentação da
revista "La gran via", encenada por uma companhia espanhola, o teatro
musicado brasileiro sofreu uma transformação com a descoberta de números
musicais cantados por coristas em movimento. As revistas brasileiras lançaram,
a partir dessa época, um estilo que valorizava a canção popular, que acabaria
tendo o teatro como seu importante divulgador. Esse fato foi o ponto de partida
para usar o carnaval como tema nas revistas. Um ano depois do sucesso de
"La gran via", Oscar Pederneiras estreou, no Teatro Recreio, uma
revista com o nome "O boulevard da imprensa", na qual estariam
representadas as três maiores sociedades carnavalescas do Rio de Janeiro: os
Democráticos, os Tenentes do Diabo e os Fenianos. Cantadas nos palcos dos
teatros, as músicas muitas vezes caíam na boca do povo, transformando-se em
sucesso.
Foi o caso do tango
"Araúna" ou "Xô, Araúna", lançado em 1885 na revista
"Cocota", de Artur Azevedo.
Era um lundu amaxixado,
interpretado na peça por Filipe de Lima, que foi tão cantado na época, que
chegou a ser sucesso nacional (foi ouvido na voz de uma vendedora de balas da
capital do Rio Grande do Sul, pelo gaúcho Aquiles Porto Alegre).
Outro sucesso foi o tango
"As laranjas da Sabina", inspirado em caso policial, envolvendo uma
ex- escrava gorda, vendedora de laranjas, que foi obrigada a retirar seu
tabuleiro de laranjas por causa de uma manifestação de caráter republicano,
promovida pelos estudantes de Medicina que costumavam frequentar sua barraca.
O caso rendeu até uma
passeata.
O episódio ficou famoso porque
os estudantes chegaram a jogar as laranjas da Sabina no exato momento em que a
carruagem da princesa imperial regente passava em frente à barraca, quase sendo
atingida pelos manifestantes.
Esse fato inspirou os irmãos
Artur e Aluísio Azevedo a incluírem na revista "República" uma cena
onde a atriz Ana Manarezzi, caracterizada como a baiana Sabina, canta o famoso
tango.
Esse fato introduziu a figura
da baiana como personagem reincidente nos palcos brasileiros.
Outro sucesso saído dos palcos
do teatro musicado foi o tango "Gaúcho", de Chiquinha Gonzaga, uma
das grandes compositoras do teatro de costumes brasileiro. Tocado e cantado por
Machado Careca pela primeira vez na revista "Zizinha maxixe", de
1897, tornou-se um dos maiores sucessos da música popular brasileira.
Conhecido com o nome de
"Corta-jaca", chegou a ser interpretado ao violão pela primeira-dama
Nair de Teffé, no Palácio do Catete, em episódio que escandalizou a elite
política e social de então.
Dentre os grandes maestros
compositores que atuaram no teatro de revistas, podemos citar, além de
Chiquinha Gonzaga, Nicolino Milano, Paulino Sacramento, Bento Moçurunga,
Antônio Sá Pereira, Sofonias Dornelas, Adalberto Gomes de Carvalho, Costa
Júnior, Bernardo Vivas, Júlio Cristóbal, Assis Pacheco, José Nunes, Luz Júnior,
Domingos Roque, Roberto Soriano. Além deles, podemos citar os grandes cantores:
Xisto Bahia, o cômico Vasques, Filipe de Lima, Ana Manarezzi, Maria Lino e
tantos outros.
Posteriormente, veio uma nova
geração de compositores e cantores que acabou sendo absorvida pelo rádio e pela
indústria fonográfica: Freire Júnior, José Francisco de Freitas, Baiano, Araci
Cortes, Pepa Delgado, Pepa Ruiz, Ismênia Mateus, Eduardo Souto, Sinhô, Henrique
Vogeler, Hekel Tavares, Sebastião Cirino, Pixinguinha, Lamartine Babo, Ary
Barroso, Augusto Vasseur, Vicente Celestino e tantos outros. Nossos grandes
revistólogos foram Artur Azevedo, Oscar Pederneiras, Augusto Fábregas, Freire
Júnior, Luís Peixoto, Luís Iglesias, Carlos Bittencourt, Cardoso de Meneses,
Bastos Tigre, Marques Porto, Irmãos Quintiliano e outros.
Dentre os grandes sucessos
vindos do teatro musicado, podemos citar, além do "Corta-jaca", de
Chiquinha Gonzaga, "Vem cá, mulata", de Costa Júnior; o tango
"Forrobodó", de Chiquinha Gonzaga; "O pé de anjo" e
"Fala, meu louro", de Sinhô; "Ai, Ioiô", de Henrique
Vogeler e Luís Peixoto; "Joujoux e balangandãs", de Lamartine Babo, e
"No tabuleiro da baiana", de Ary Barroso, entre dezenas de outros
títulos.
Fim do verbete do DCAMPB.
Surgido no Rio de Janeiro em 1859, com a
revista de Justino de Fiqueiredo Novais intitulada As surpresas do Sr. José da
Piedade, relacionada ao ano de 1858 em dois atos e quatro quadros. Essa revista
foi estreada no Teatro Ginásio, dia 15 de janeiro de 1859. Esse novo gênero de
teatro com música firmou-se definitivamente a partir da década de 1880, com o
aparecimento do magnifico Artur de Azevedo que se tornou o maior nome do teatro
musicado brasileiro em todos os tempos.
A partir da década de 1920, o
teatro de revista sofreu a influência do cinema e seu tempo foi diminuído e
passaram a concorrer, também, com os mágicos o que conduziu o gênero para o
show, cuja tendência aumentou na década de 1930 com os espetáculos
internacionais dos cassinos. Em 1935, foi encenada no Teatro Recreio, a revista
de Freire Junior, intitulada Bailarina do cassino. Dessa forma a importância do
teatro musicado passou para os shows de boate ou de teatros com o objetivo de
atender a um público mais exigente.
Naqueles momentos, aportam no
Rio de Janeiro duas companhias européias que iriam ditar a mudança completa do
comportamento do gênero, tanto no palco como fora dele.
Salvyano Cavalcanti de Paiva
conta, no livro Viva o rebolado, como foi a reação nacional à presença da
companhia francesa Ba-Ta-Clan: “Despertaram interesse, surpresa e sensação a
saúde e a marcação das coristas, de corpo escultural, a música viva e
funcional, os cenários magnificentes, a movimentação de luzes e cores que
ampliava os efeitos estéticos e cenográficos e, em especial, o apelo erótico
alcançado mediante a mostra generosa do nu feminino – que a Censura, no
primeiro momento, não ousou proibir para não parecer matuta.
Isto chocou mais aos
empresários que ao público; verificaram, por fim, o acanhado das suas
realizações. A consequência mais imediata foi a supressão das meias e das
grosseiras roupas de malha das coristas. E tentativas de melhorar, enriquecer,
as apoteoses: isto representou mudança radical na cenografia e nos figurinos e
a introdução de uma coreografia consciente nos números de dança coletiva, até
então executados na base do improviso”.
As observações se prestam
também à companhia madrilense Velasco, que junto com a francesa trouxeram a
feérie para o público carioca.
Foi tal o impacto das mulheres
européias no país que, em São Paulo, um jovem tentou suicidar-se, saltando do
viaduto do Chá, por amor a uma das francesinhas, e Juca Paranhos, futuro barão
do Rio Branco, casou-se com a corista belga Marie Stevens.
A primeira revista brasileira
não chegou a ficar em cartaz uma semana, por falta de público e proibição da
censura, após a estreia.
Denominava-se “As surpresas do
Sr. José da Piedade”, e foi encenado no Teatro Ginásio, no Rio de Janeiro, em
1859.
A segunda tentativa foi em
1875, com a A Revista do Ano de 1875, escrita por Joaquim Serra, mas que acabou
fracassando por excesso de sátiras políticas. Ainda nesse ano, do mesmo Serra,
Rei morto, rei posto dá sinais de que público começava a aceitar o novo tipo de
teatro.
O grande sucesso brasileiro
apareceria em 1883, com o O Mandarim, espetáculo de Artur Azevedo e Moreira
Sampaio, com a participação do cançonetista e compositor Xisto Bahia,
considerado um dos maiores artistas populares de sua época e, segundo o próprio
Artur Azevedo, “o ator mais nacional que tivemos”. Como revista inteiramente
brasileira, a primeira carnavalesca a ser montada intitulava-se O Boulevard da
Imprensa de Oscar Pederneiras.
Portugal nos manda, em 1892,
suas cançonetistas da revista Tintim por tintim, com bastante êxito.
A revista como balanço do ano
desaparece no início do século. É o momento em que a música começa a tomar
espaço maior no palco e o Carnaval a ser um dos seus principais motes,
envolvendo-se o teatro de revista com as grandes sociedades carnavalescas, como
os clubes dos Fenianos, Tenentes do Diabo, dos Democráticos e outros.
Na revista O Maxixe, em 1906,
é lançado Vem cá mulata (Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre), no mesmo ritmo
do título.
O teatro de revista como
lançador de músicas que o povo adotaria de imediato. O público crescente
deixava-se seduzir por um tipo de teatro que alcançava uma estrutura
tipicamente brasileira, mais que isso, carioca, e a revista assumia agora o
papel que cumpriria nos anos seguintes, de lançadora de sucessos da música
popular brasileira.
Cidade essencialmente musical,
mesmo assim, o Rio de Janeiro só veria o prestígio do teatro de revista
consolidado, nos últimos anos da década de 10 e nos primeiros da de 20.
Assumida inteiramente a função
de vitrine, abriria os palcos para compositores populares, que os levariam à
celebridade, transformaria vedetes-cantoras nas mulheres mais desejadas e
cobiçadas do país.
Nos anos 20, o nome mais
famoso a ter suas composições levadas a cenas foi José Barbosa da Silva, o
Sinhô, que se autointitulada o Rei do Samba.
Chegou à proeza – em duas
ocasiões – de ter o mesmo samba cantado em duas revistas diferentes, encenadas
simultaneamente.
Em 1920, estreia a revista
Papagaio Louro, com mais um samba de Sinhô, “Fala meu louro”, e no Teatro São
José, “Quem é bom já nasce feito”, aproveitando o nome de outro samba dele.
Luiz Peixoto chega de Paris e
encena Meia noite e trinta, colocando no palco tudo o que aprendera lá. É a pá
de cal no enterro da velha revista, que agora tem gosto refinado em cenários,
guarda-roupa, iluminação, textos, e oferece muito melhores condições aos seus
lançamentos musicais.
Adendo meu: Luís Carlos
Peixoto de Castro Por 45 anos foi um dos nomes mais importantes do teatro de
revista do Brasil, tendo produzido mais de cem peças do gênero.
Francisco Alves é uma das
atrações, ao lado de sua mulher Nair. Além de cantar, dança desenvolto com ela.
Ainda em 1923, Chico Alves participaria, junto com da iniciante Araci Cortes,
da revista Sinhô de ópio, na qual interpretava um almofadinha cantor. A partir daí
sua presença torna-se mais rara até por volta de 1930, quando abandona o teatro
e passa a se interessar mais por gravações e programas radiofônicos. Durante 15
anos, o teatro de revista foi a sua vitrine.
Adendo meu: Francisco
Alves, o Rei da Voz.
Francisco de Morais
Alves (Rio de Janeiro, 19 de agosto de 1898 — Pindamonhangaba, 27 de setembro
de 1952) foi um dos mais populares cantores do Brasil. Filho de portugueses,
nasceu na Região Central do Rio de Janeiro, mais precisamente à Rua Conselheiro
Saraiva.
Seu pai era dono de
um botequim. Começou a cantar em 1918, nas companhias de teatro de João de Deus
e Martins Chaves, e após, na companhia de Teatro São José, pertencente a José
Segreto.
De 1927 até sua
morte em 1952 nunca parou de gravar, daí se explicam os seus 524 discos. Ao
contrário do que muitos pensam, ele não foi o primeiro a fazer um disco pelo
processo elétrico no Brasil. Francisco Alves começou sua carreira em 1918 no
teatro. No ano seguinte, a convite de Sinhô, gravou 2 discos em uma gravadora recém-aberta
pelo marido de Chiquinha Gonzaga, a Popular. As três músicas gravadas nesses
discos - Alivia estes olhos, Papagaio louro e O pé de anjo - foram destinadas ao
carnaval de 1920, sendo O pé de anjo a que obteve maior êxito ficando então
como o primeiro sucesso de sua carreira.
Se dedicou por
alguns anos (1920-1924) apenas no teatro até que em 1924 grava mais dois
discos, estes na Casa Edison de Fred Figner.
Morreu carbonizado
por ocasião de uma colisão entre seu automóvel e um caminhão, que
imprudentemente entrou na contramão, na Via Dutra, em Pindamonhangaba, na
divisa com Taubaté, estado de São Paulo, quando voltava ao Rio de Janeiro. Foi
enterrado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, cuja cripta
atrai até hoje diversos visitantes e fãs.
Seu epitáfio foi
escrito pelo jornalista David Nasser:
"Tu, só tu,
madeira fria, sentirás toda agonia do silêncio do cantor".
Considerada uma das
maiores estrelas do teatro de revista em todos os tempos, a paulista Margarida
Max ( primeira personagem a esquerda) formou, com Augusto Aníbal e João Lins, o trio principal de atrações da
revista 'Onde está o Gato". De autoria de Geysa Bôscoli e Luiz Iglésias
foi montada em 1929, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.
Um êxito estrondoso marcou o
aparecimento, como estrela, de Margarida Max. A cinco de maio de 1924, estreou
no Teatro Recreio, de Marques Porto e Afonso de Carvalho, a revista À La
Garçonne, que modificaria costumes no país. Depois de trezentas representações,
excursionou pelo Brasil, lançando a moda dos cabelos curtos para mulheres, “a
lá garçonne” ou “a la homme”, tal como usava Margarida. Bonita, vistosa,
talentosa e jovem, com enorme força interior, que faria dela a maior das
vedetes do gênero. Iniciava ali uma carreira que acabaria por desbancar a
estrelíssima Otília Amorim, vencendo as concorrências de Antônia Denegri, Eva
Stachino, Lia Binatti, Zaíra Cavalcanti e da própria Araci Cortes, que ao final
seria sua sucessora, sem contudo, alcançar seu status de grande dama do teatro
de revista.
Até a chegada dos anos 40, o
teatro de revista manteve sua missão de lançador da música brasileira.
Em 1939, na revista Camisa
amarela, no Teatro Recreio, Moreira da Silva ainda encontra espaço para
popularizar o samba de breque.
Daí para frente, mudaria a filosofia, entrariam as vedetes
estrangeiras, reinariam as plumas e os paetês, o texto ganharia o espaço maior
e o rádio passaria a ser o grande divulgador da música do povo. Grifo meu.
Dizem todos: / Tem uma graça
feiticeira, / Só porque aqui nasci / Nesta terra brasileira / Com meu cheiro de
canela / Minha cor de sapoti, / Dizem todos: / Lá vem ela! / O demônio da
Araci!
O samba Graça de Araci, de Ary
Barroso, na revista Não adianta chorar, encenada em agosto de 1929, no Teatro
Recreio do Rio de Janeiro, retratava musicalmente a mais polêmica, musical e
importante vedete que o teatro de revista brasileiro teve em toda a sua
história.
Zilda de Carvalho Espíndola
começou a escalada para a fama no teatro de revista brasileiro, ao integrar o
elenco de Sonho de Ópio, estreada em novembro de 1923, no Teatro São José. A
figura de mulher bem brasileira, a morenice tentadora e petulante, somadas à
boa voz, segura interpretação e presença dominante em cena, logo fizeram dela
atriz disputada pelos empresários para as montagens de revistas subsequentes.
Aliás, disputada foi a palavra
que Aracy Cortes, nome artístico adotado por Zilda, mais ouviu em toda a sua
vida. Disputava-se Aracy atriz, Aracy mulher e, principalmente, Aracy cantora.
Em muito pouco tempo, a fama de intérprete afinada, maliciosa, de excelente
estampa, agradando plenamente ao público, fazia com que todos os compositores a
procurassem para ver suas músicas incluídas nas revistas por ela estreladas.
A princípio, Aracy era
obrigada a cantar as músicas apontadas pelo repertório original dos espetáculos,
mas sua força cresceu tanto que passou a impor composições e compositores de
seu agrado. De tal forma que até mesmo algumas revistas acabavam por serem
batizadas com nomes de suas músicas favoritas.
No início da carreira, houve,
entre ela e o compositor Sinhô, como que uma troca de favores. Era ele quem
tinha fama, enquanto ela era principiante. Mas depois de ter aprendido muito de
interpretação com o maestro Paulino Sacramento, de ser dirigida e orientada por
Luís Peixoto, Aracy começou a se ombrear com o compositor e, quando cantou
dele, em 1929, o samba Jura, estava efetivamente consagrada. Todas as noites
bisava e trisava, na revista Microlândia, de Marques Porto, Luís Peixoto e
Alfredo de Carvalho, no Teatro Fênix, de início, e posteriormente no
Palace-Théâtre. Interessava, então, a Sinhô que a força de Aracy fosse usada no
lançamento de suas músicas
Mulher muito à frente de seu
tempo, Aracy Cortes desde sempre desafiava preconceitos. Escorada na beleza
física e na graça com que se apresentava nos palcos do teatro de revista,
construiu carreira que lhe permitia todas as ousadias. Como a posar
praticamente nua, "vestida" apenas com um violão, foto de 1924,
resultando em um dos seus maiores sucessos, a canção "Gemer num violão",
que ela interpretava de forma desabusada, sempre na certeza de ser chamada de
volta ao palco, três ou quatro vezes por noite. Até encerrar em definitivo a
carreira, no musical "Rosa de ouro", que a conduziu ao palco nos anos
60, manteve a pose e o charme de grande estrela.
Força que ficou patente em
outro clássico absoluto da música popular brasileira, tido pelos pesquisadores
como o primeiro samba-canção que se conhece. Linda flor, de Henrique Vogeler,
fora lançado, com letra de Cândido Costa, em uma comédia musicada de Freire
Júnior, chamada A verdade ao meio-dia, em agosto de 1928.
Cantada por Dulce de Almeida,
passou despercebida.
Mais tarde, ao montar a
revista Miss Brasil (no Teatro Recreio, em dezembro do mesmo ano), Luís Peixoto
colocou nova letra, rebatizou-a como Iaiá, que acabou famosa como Ai, Ioiô, e
entregou-a a Aracy.
Sucesso imediato no palco e
definitivo em disco, com prêmio ganho até na Alemanha.
A voz de Aracy Cortes tinha o
“toque de Midas”.
Nada mais natural, portanto,
que fosse assediada por todos os grandes compositores.
Desde o maestro Paulino
Sacramento, seu mestre musical, de quem lançou o samba Ai, madame, logo na estreia,
até o consagrado Ary Barroso, todos a cortejavam. E ela rainha que era,
aceitava tranquilamente a corte.
De Ary começou logo com Vou à
Penha e Vamos deixar de intimidade (ambos, depois gravados por Mário Reis),
lançados na revista Laranja da China, de Olegário Mariano, no Teatro Carlos
Gomes, em 1929.
Lançou no teatro e no disco
(de Ary e Lamartine Babo), Gemer num violão e, só de Ary, o citado Graça de
Aracy, além de Eu sou do amor, Orgia, Boneca de piche, Deixa disso, Na batucada
da vida, entre os mais conhecidos.
Noel Rosa, que pouca gente
sabe ter andado pelo teatro de revista, entregou muito samba de sua autoria à
voz de Aracy.
Em janeiro de 1931, na revista
Deixa essa mulher falar, ela cantava do Poeta da Vila, Com que roupa?. Além
deste, em outras revistas, Aracy voltou a interpretar Noel em primeira mão, com
sambas depois consagrados em diversas gravações: Queixume, Gago apaixonado e
Dona Aracy.
Muitos outros sambistas de
respeito pediram a bênção à grande estrela. Wilson Batista contava que aos 16
anos, trabalhando como eletricista no Teatro Recreio, teve seu samba Na estrada
da vida lançado por ela. Almirante viu seu clássico (em parceria com Candoca da
Anunciação) Na Pavuna cantado por Aracy na revista Dá nela, no Teatro Recreio,
em 1930.
Com tanto sucesso que virou
nome de outra revista, montada por Freire Júnior no Teatro Cassino Beira Mar.
De Ismael Silva e Nilton Bastos, ela lançou Se você jurar e, de Lamartine Babo,
o samba Lua cor de prata e o antológico Canção para inglês ver.
Mário Lago entregou-lhe
Beijei, e Custódio Mesquita fez para ela, em parceria com Paulo Orlando, O
tempo passa. De Kid Pepe, Germano Augusto e Seda, Aracy imortalizou o samba
Implorar.
Bastaria, enfim, a simples carreira de Aracy Cortes para justificar
o teatro de revista como palco lançador de sucessos da música popular
brasileira, em particular o samba. Grifo
meu.
Mas, a revista ainda fez mais, durante algum tempo, antes de se
tornar apenas um festival de plumas, pernas e piadas.
Grifo meu.
Em junho de 1941, por exemplo,
estreava no Teatro João Caetano, sempre na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro,
a revista Brasil Pandeiro, de Freire Júnior e Luís Pereira, musicada pelo
baiano Assis Valente. Luxuosa e feérica, a revista apresentava quadros
empolgantes e apoteóticos, ideal para a sambista Horacina Correia, uma mulata
transpirando ritmo, lançar o samba que dava título à revista: “O tio Sam está
querendo / conhecer a nossa batucada. / Anda dizendo que o molho da baiana /
melhorou seu prato. / Vai entrar no cuscuz, / acarajé e abará”.
No ano seguinte, Assis Valente
volta à revista, musicando A vitória é nossa, de Geysa Bôscoli e Freire Júnior, e, em 1943, sempre tendo como
pano de fundo a presença brasileira na Segunda Guerra Mundial, Assis e Freire
se juntam de novo e encenam Rei Momo na Guerra, estrelado por Dercy Gonçalves. Grifo meu.
O ponto alto era a figura do compositor Geraldo Pereira e 150
passistas e ritmistas da Escola de Samba da Mangueira, que pela primeira vez
evoluía em um palco de revista. Grifo
meu.
Em 1944, Walter Pinto encena,
assinada por Geysa Bôscoli e Luís Peixoto, a revista Momo na fila, sempre no
seu reduto, o Teatro Recreio.
Novamente Dercy é a estrela, e
o êxito alcançado no ano anterior leva a Mangueira de volta ao teatro de
revista, desta vez uma mini-escola de samba completa, sempre dirigida por seu
compositor Geraldo Pereira.
Para encenar To aí nessa boca,
de 1949, J. Maia aproveitou a composição Que samba bom, de Geraldo Pereira, e
criou a revista.
Não foi, porém, apenas Aracy
Cortes que lançou grandes sambas e sambistas no teatro de revista. Mas,
intérpretes de outros sambas alcançaram também sucesso, paralelas a Aracy, ou
mesmo depois de a estrela entrar em declínio. Em 1933, por exemplo, quando da
montagem de É batata, de Luiz Iglesias e Freire Júnior, da qual a própria
estrela era Aracy, estava no palco uma estrela-mirim, apelidada Shirley Temple
brasileira, que se chamava Isa Rodrigues.
O comediante Oscarito, oriundo
dos circos e que já tinha projeção na revista, sua mulher Margot Louro e a
atriz Eva Todor dividiam, com a revelação infantil, as preferências do público.
Aracy Cortes cantava Mulher, samba do portelense João da Gente, e Isa
Rodrigues, que se tornaria grande caricata, arrebatava o público, cantando com
Oscarito, de Ary Barroso, No tabuleiro da baiana, que Carmen Miranda acabara de
gravar.
O gênero – designado mais como batuque que samba -, uma apoteose de
basilidade, a figura da “baiana” sempre agradando, às vezes a mulher branca
fingindo-se de mulata, fora lançado nos palcos por outra sambista de bossa e
talento, a bela Deo Maia. Grifo meu.
Esta sim, mulata autêntica,
que por longos anos manteve seu sucesso no teatro de revista, sempre com uma
multidão de fãs.
Fora do teatro, Deo Maia
jamais conseguiu o mesmo êxito.
Ainda por muito tempo, o
teatro de revista lançaria sambas e sambistas. As modificações sociais e
políticas pelas quais passariam o Brasil não deixariam, porém, de atingi-lo e,
ao fim dos anos 50, as coisas já tomavam outros rumos.
No final do ciclo como lançador de sucessos, o teatro de revista tem
seu magnífico canto de cisne. Grifo
meu.
No Teatro Carlos Gomes, na
revista Branco tu é meu, em janeiro de 1952, Linda Baptista lança, de Lupicínio
Rodrigues, o samba Vingança.
Praça Tiradentes e o teatro de
revista
Centro nervoso dos teatros de
revista do Rio de Janeiro, a Praça Tiradentes atraía compositores, músicos e
cantores, à procura de emprego para seus talentos, nos muitos palcos
iluminados, que faziam a cidade sonhar e cantar.
As casas de espetáculo não
somente se multiplicam pelos vários espaços centrais da cidade, como se vão
adequando aos novos estratos sociais emergentes, principalmente as classes
médias.
Dentro desse contexto, a Praça
Tiradentes e seu entorno constituíram-se em um dos privilegiados locais para
divulgação e circulação dos artistas – em especial, músicos, compositores e
cantores – do período.
Além de dos teatros João
Caetano, Recreio, São José, Carlos Gomes, entre outros, onde se concentravam
aqueles profissionais, bares e leiterias também representavam lugares de
atração e de encontro para os que buscavam na praça uma oportunidade para
exercer profissionalmente seus talentos.
Os mais procurados eram a
Leiteria Dom Pedro II e o Café Carlos Gomes, onde hoje existe o Café Thalia,
pontos de reunião de compositores como Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito,
Wilson Batista, Henrique de Almeida, Roberto Martins, Bidê, Marçal, Jorge
Faraj, Ataulfo Alves, Antonio Almeida e tantos outros.
Sabiam eles que, a qualquer
momento, poderia surgir a chance de um trabalho ser aproveitado em uma das
muitas revistas que eram encenadas nos teatros da praça. Custódio Mesquita, Ary
Barroso, Sinhô, André Filho, Francisco Matoso já tinham se consagrado por ali e
de repente a sorte poderia aparecer.
No caso de Nelson Cavaquinho e
Guilherme de Brito, jamais conseguiram participar das revistas, mas acabaram
por se encontrar nos bares da praça e formar uma das mais importantes parcerias
da música popular brasileira.
A maioria dos cantores e
compositores “ainda do time de aspirantes” frequentava a Praça Tiradentes, uma
espécie de vestibular.
Depois de famosos e ganhando
dinheiro para pagar elegantes alfaiates, já bem-sucedidos, transferiam-se para
o Café Nice ou para o Café Papagaio, ao lado da conceituada Confeitaria
Colombo.
Enquanto isso não acontecia, a
solução era enfrentar as xícaras de café com leite nos botequins da Praça
Tiradentes, compor os sambas em suas mesas, com tampo de mármore e pé de ferro,
e aguardar que o sucesso os viesse resgatar dali, ou que o próprio teatro de
revista se encarregasse de os fazer famosos.
Fonte: História do
Samba (fascículos) - Editora Globo.
Fim do escrito em http://cifrantiga3.blogspot.com.br/2006/03/teatro-de-revista.html.
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