Antes
do banqueiro Nicolas Beaujon, banqueiro da corte e um dos homens mais ricos da
França, comprar o Hôtel d'Évreux, uma bela mulher nele habitou:
A
jovem Françoise Julie Constance Filleul que era filha de Luis XV e de Marie
Irène Catherine du Buisson de Longpré, contudo seu pai oficial era Charles
François Filleul, secretário do rei.
Luis
XV e madame de Pompadour casaram a bela Françoise Julie Constance Filleul com
Abel-François Poisson de Vandières, marquês de Marigny e de Menars, o irmão e
herdeiro universal da própria de Pompadour.
Um
casamento prá lá de conveniente.
Após
a morte de uma filha prematura, o relacionamento dos marqueses de Marigny se
deteriorou e um acordo de separação foi finalmente assinado em 20 de setembro
de 1777.
Cada
um foi para o seu lado e a bela Françoise Julie Constance Filleul voltou a
casar com François de La Cropte, marquês de Bourzac em 1783, do qual, também,
se divorciou em 1793.
O
bom Abel-François Poisson de Vandières, marquês de Marigny e de Menars não veio
a falecer no Hôtel d'Évreux, mas sim numa mansão a place des Victoires, uma das
cinco praças reais de Paris, as outras são Place des Vosges, Place Dauphine,
Place Vendome e Place de la Concorde, em 11 de maio de 1781, com 54 anos.
Dela
nada mais se sabe, pelo menos eu.
Entretanto
um detalhe é muito importante: a jovem Françoise Julie Constance Filleul era
irmã da celebre Adélaïde de Souza, escritora de romances.
Adélaïde-Marie-Émilie
Filleul, ou Adélaïde, condessa de Flahault de la Billarderie, denominada Madame
de Flahault, depois Adélaïde de Souza, ou Madame de Souza.
Segundo
consta seu pai biológico foi o rico fermier général, Étienne-Michel Bouret, «
Le Grand Bouret », financista francês que arruinado cometeu suicídio.
Pero,
como dizem os espanhóis, muitos historiadores afirmam que era o próprio Luis XV
o seu verdadeiro pai, contudo enquanto sua irmã consta da lista de Enfants
illégitimes, ela não consta.
Rapidinho:
Adélaïde
, com 18 anos, se casou em 30 de janeiro de 1779 com Alexandre de Sébastien de Flahaut
de La Billarderie, de 53 anos, conde de Flahaut de La Billarderie, marechal de
campo a serviço dos exércitos do rei, viúvo de Françoise-Louise Poisson, irmã
de madame de Pompadour.
Foram
pais oficiais de Auguste Charles Joseph, um diplomata e militar francês, porem o
pai verdadeiro do jovem foi Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, o príncipe
de Talleyrand.
O
marechal Charles-François de Flahaut foi guilhotinado em 1794 aos 68 anos, durante
La Terreur.
O
Terror, um “período compreendido entre 5 de setembro de 1793 (queda dos
girondinos) e 27 de julho de 1794 (prisão de Maximilien de Robespierre,
ex-líder dos Jacobinos que foi um precursor da ideia de um Terrorismo de Estado
nos séculos posteriores). Entre junho de 1793 e julho de 1794, cerca de 16 594
pessoas foram executadas durante o Reinado de Terror na França, sendo 2 639
mortes só em Paris. Apesar disso, há um consenso de que o número é muito maior devido
às mortes na prisão”.
Voltemos
ao citado Auguste Charles Joseph de Flahaut de La Billarderie, ele foi:
a-
Barão de Flahaut
de La Billardrie e do Império (decreto de15 de agosto de 1809, Cartas de
patente de 2 de novembro de 1810, Fontainebleau);
b-
Conde de Flahaut
de Billardrie e do Império (24 de outubro de 1813) (Decreto de 24 de outubro de
1813, Cartas de patente de11 de dezembro de 1813, Palacio de Tulherias);
c-
“Par de França” (membro
da Casa dos Pares)
d-
Seu nome está
gravando l'arc de triomphe de l'Étoile.
Esse
conde de Flahaut de Billardrie e do Império
foi amante de Hortense de Beauharnais e tiveram um filho ilegítimo que foi registrado em
22 de outubro de 1811 em Paris (III distrito da época), sob a identidade de
Charles Auguste Louis Joseph Demorny, depois de Morny, portanto, irmão uterino do futuro
Napoleão III, o Refundador da França.
O
mundo gira, e as histórias rodam.
Como
já vimos segundo alguns Adélaïde era:
1-
filha ilegítima
de Luis XV;
2-
mãe de Auguste
Charles Joseph de Flahaut de Billardrie.
Hortense
de Beauharnais era filha adotiva de Napoleão I Bonaparte.
Assim,
uma filha de Luis XV foi avó de um neto do imperador Napoleão I, e mais irmão
uterino do futuro Napoleão III, o Refundador da França.
Só
na França de muitos amores e muitas traições.
Madame
de Flahault casou com Dom José Maria de Souza Botelho Mourão e Vasconcelos,
natural do Porto, 9 de março de 1758 que faleceu em Paris, 1 de junho de 1825),
ministro plenipotenciário português em Paris, 2º Senhor do morgado de Mateus,
sendo conhecido pela magnífica edição de luxo dos Lusíadas , que pagou e imprimiu
durante sua vida em Paris.
Madame
de Souza perdeu parte de seu prestígio social, mas educou a seu neto Auguste,
duque de Morny.
Adelaide
de Souza escreveu muitos romances, o mais importante dos quais é Adèle de
Senange.
Suas
obras são:
1.
Adele de Senange,
ou Letters of Lord Sydenham, London, 1794, dois volumes; Genebra, Slatkine
Reprints, 1995
2.
Emilie e Alphonse
ou o perigo de dar as primeiras impressões, Hamburgo, PF Fauche; Paris, Charles
Pougens, 1799
3.
Carlos e Maria,
1802
4.
Eugene de
Rothelin, Londres, Dulan, 1808
5.
Eugenie de Revel:
lembranças dos últimos anos do século XVIII, Lille, L. Lefort, 1853
6.
Eugenie e
Mathilde, ou Memórias da família do Conde de Revel, Paris, F. Schoell, 1811
7.
A Condessa de
Fargy, Paris, Alexis Eymery, 1823
8.
A Duquesa de Guise,
ou o interior de uma família ilustre na época da Liga; drama em três atos,
Paris, C. Gosselin, 1832
9.
O pensionista
casado, comédia-vaudeville em um ato, [Slsn], 1835
10.
Mademoiselle de
Tournon, Paris, Firmin Didot, 1820
11.
Obras completas
de Madame de Souza, Paris, Garnier, 1865
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