domingo, 1 de dezembro de 2019

As senhoras do Palácio do Eliseu de Paris Capítulo 16 As senhoras de Filleul


Antes do banqueiro Nicolas Beaujon, banqueiro da corte e um dos homens mais ricos da França, comprar o Hôtel d'Évreux, uma bela mulher nele habitou:
A jovem Françoise Julie Constance Filleul que era filha de Luis XV e de Marie Irène Catherine du Buisson de Longpré, contudo seu pai oficial era Charles François Filleul, secretário do rei.
Luis XV e madame de Pompadour casaram a bela Françoise Julie Constance Filleul com Abel-François Poisson de Vandières, marquês de Marigny e de Menars, o irmão e herdeiro universal da própria de Pompadour.
Um casamento prá lá de conveniente.
Após a morte de uma filha prematura, o relacionamento dos marqueses de Marigny se deteriorou e um acordo de separação foi finalmente assinado em 20 de setembro de 1777.
Cada um foi para o seu lado e a bela Françoise Julie Constance Filleul voltou a casar com François de La Cropte, marquês de Bourzac em 1783, do qual, também, se divorciou em 1793.
O bom Abel-François Poisson de Vandières, marquês de Marigny e de Menars não veio a falecer no Hôtel d'Évreux, mas sim numa mansão a place des Victoires, uma das cinco praças reais de Paris, as outras são Place des Vosges, Place Dauphine, Place Vendome e Place de la Concorde, em 11 de maio de 1781, com 54 anos.
Dela nada mais se sabe, pelo menos eu.
Entretanto um detalhe é muito importante: a jovem Françoise Julie Constance Filleul era irmã da celebre Adélaïde de Souza, escritora de romances.
Adélaïde-Marie-Émilie Filleul, ou Adélaïde, condessa de Flahault de la Billarderie, denominada Madame de Flahault, depois Adélaïde de Souza, ou Madame de Souza.
Segundo consta seu pai biológico foi o rico fermier général, Étienne-Michel Bouret, « Le Grand Bouret », financista francês que arruinado cometeu suicídio.
Pero, como dizem os espanhóis, muitos historiadores afirmam que era o próprio Luis XV o seu verdadeiro pai, contudo enquanto sua irmã consta da lista de Enfants illégitimes, ela não consta.
Rapidinho:
Adélaïde , com 18 anos, se casou em 30 de janeiro de 1779 com Alexandre de Sébastien de Flahaut de La Billarderie, de 53 anos, conde de Flahaut de La Billarderie, marechal de campo a serviço dos exércitos do rei, viúvo de Françoise-Louise Poisson, irmã de madame de Pompadour.
Foram pais oficiais de Auguste Charles Joseph, um diplomata e militar francês, porem o pai verdadeiro do jovem foi Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, o príncipe de Talleyrand.
O marechal Charles-François de Flahaut foi guilhotinado em 1794 aos 68 anos, durante La Terreur.

O Terror, um “período compreendido entre 5 de setembro de 1793 (queda dos girondinos) e 27 de julho de 1794 (prisão de Maximilien de Robespierre, ex-líder dos Jacobinos que foi um precursor da ideia de um Terrorismo de Estado nos séculos posteriores). Entre junho de 1793 e julho de 1794, cerca de 16 594 pessoas foram executadas durante o Reinado de Terror na França, sendo 2 639 mortes só em Paris. Apesar disso, há um consenso de que o número é muito maior devido às mortes na prisão”.

Voltemos ao citado Auguste Charles Joseph de Flahaut de La Billarderie, ele foi:
a-       Barão de Flahaut de La Billardrie e do Império (decreto de15 de agosto de 1809, Cartas de patente de 2 de novembro de 1810, Fontainebleau);
b-      Conde de Flahaut de Billardrie e do Império (24 de outubro de 1813) (Decreto de 24 de outubro de 1813, Cartas de patente de11 de dezembro de 1813, Palacio de Tulherias);
c-       “Par de França” (membro da Casa dos Pares)
d-      Seu nome está gravando l'arc de triomphe de l'Étoile.
Esse conde de Flahaut de Billardrie e do Império  foi amante de Hortense de Beauharnais e  tiveram um filho ilegítimo que foi registrado em 22 de outubro de 1811 em Paris (III distrito da época), sob a identidade de Charles Auguste Louis Joseph Demorny, depois de Morny, portanto,  irmão uterino do futuro Napoleão III, o Refundador da França.

O mundo gira, e as histórias rodam.
  
Como já vimos segundo alguns Adélaïde era:
1-       filha ilegítima de Luis XV;
2-       mãe de Auguste Charles Joseph de Flahaut de Billardrie.
Hortense de Beauharnais era filha adotiva de Napoleão I Bonaparte.
Assim, uma filha de Luis XV foi avó de um neto do imperador Napoleão I, e mais irmão uterino do futuro Napoleão III, o Refundador da França.

Só na França de muitos amores e muitas traições.

Madame de Flahault casou com Dom José Maria de Souza Botelho Mourão e Vasconcelos, natural do Porto, 9 de março de 1758 que faleceu em Paris, 1 de junho de 1825), ministro plenipotenciário português em Paris, 2º Senhor do morgado de Mateus, sendo conhecido pela magnífica edição de luxo dos Lusíadas , que pagou e imprimiu durante sua vida em Paris.
Madame de Souza perdeu parte de seu prestígio social, mas educou a seu neto Auguste, duque de Morny.
Adelaide de Souza escreveu muitos romances, o mais importante dos quais é Adèle de Senange.
Suas obras são:
1.       Adele de Senange, ou Letters of Lord Sydenham, London, 1794, dois volumes; Genebra, Slatkine Reprints, 1995
2.       Emilie e Alphonse ou o perigo de dar as primeiras impressões, Hamburgo, PF Fauche; Paris, Charles Pougens, 1799
3.       Carlos e Maria, 1802
4.       Eugene de Rothelin, Londres, Dulan, 1808
5.       Eugenie de Revel: lembranças dos últimos anos do século XVIII, Lille, L. Lefort, 1853
6.       Eugenie e Mathilde, ou Memórias da família do Conde de Revel, Paris, F. Schoell, 1811
7.       A Condessa de Fargy, Paris, Alexis Eymery, 1823
8.       A Duquesa de Guise, ou o interior de uma família ilustre na época da Liga; drama em três atos, Paris, C. Gosselin, 1832
9.       O pensionista casado, comédia-vaudeville em um ato, [Slsn], 1835
10.    Mademoiselle de Tournon, Paris, Firmin Didot, 1820
11.    Obras completas de Madame de Souza, Paris, Garnier, 1865





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