quinta-feira, 21 de abril de 2016

Tiradentes, foi o primeiro pato da Historia pátria.


 Tiradentes Esquartejado, obra de Pedro Américo
(1893; Museu Mariano Procópio).


 “ A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma conspiração separatista realizada na Capitania de Minas Gerais, no Estado do Brasil, mas, principalmente contra, a derrama realizada pela Coroa Portuguesa”.
Derrama – “ um imposto do meado do século XVIII, criado por causa da diminuição das receitas de ouro provenientes do Brasil”.
Só houve uma Derrama, uma Capitação de ouro, em Minas Gerais, a de 1763/1764 sob a administração de Luís Diogo Lobo da Silva, governador da capitania de Pernambuco, de 1756 a 1763, e depois da capitania de Minas Gerais, de 1763 a 1768.
“ Os "homens-bons" – aqueles que tinham que pagar o imposto ou taxa fixada em 100 arrobas anuais (1 arroba equivale a aproximadamente 15 quilogramas), ou seja, 1 500 quilogramas de ouro - sempre adiaram, emendaram e repactuaram o pagamento da mesma, ou seja, conseguiram sempre empurrar com a barriga e adiar as derramas”.
Os "homens-bons" se reuniram contra a Derrama, e de quebra pactuaram a Independência de Minas Gerais do resto do Estado do Brasil, para nas Minas Gerais fundarem uma República.
Uma já estava bom, as três eram excepcionais.
Foram os principais:
1-     José Álvares Maciel: Maçon. Mineralogista pela Universidade de Coimbra. Industrial têxtil com formação em Birminghan, Inglaterra. Entre dezembro de 1787 e março de 1788 encontrou-se, na Universidade de Coimbra com José Joaquim da Maia que já se havia avistado com Thomas Jefferson, embaixador dos Estados Unidos da América na França e dele obtivera uma promessa de apoio dos norte-americanos às aspirações de independência de Minas Gerais.
Amigo de Dom Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, 6.º visconde e 1.º conde de Barbacena, se hospedou na residência oficial deste, e informava aos inconfidentes sobre seus passos.
“Preso e remetido para interrogatório no Rio de Janeiro onde foi recolhido aos calabouços da Fortaleza de São Francisco Xavier da Ilha de Villegagnon. Nesta cidade foi julgado e condenado à morte, tendo a sua pena sido comutada em degredo perpétuo em Angola, para onde seguiu em 23 de maio de 1792.
Chegou a Luanda em 20 de junho de 1792 e foi internado na enfermaria da Forte de São Francisco do Penedo com pneumonia e escorbuto. Recuperado, de lá seguiu viagem para a Fortaleza de Massangano, de onde foi solto para lutar pela sobrevivência. Tornou-se representante comercial dos negociantes de Luanda na área de Calumbo. Em 1797 o novo Governador de Angola, D. Miguel António de Melo atestou, em oficio ao Ministro do Ultramar em Lisboa, que Maciel ganhava a vida naquele lugar como vendedor de panos no sertão. Em 1799 recebeu do Governador uma licença para levar um carregamento à feira de Cassange e o encarregou da missão de verificar a existência de riquezas minerais pelos sertões de Angola. Na Província de Itamba no lugar denominado Trombeta, jurisdição de Golungo, no sitio de Cathari, montou uma pequena siderurgia que produzia alguns ferros com improvisação e auxílio de cento e trinta quatro negros. No ano de 1800 escreveu ao Governador um relatório sobre o seu trabalho e as dificuldades que enfrentava por não encontrar oficiais de mecânica, carpinteiros e ferreiros, solicitando que estes profissionais lhe fossem enviados do Brasil. O Governador tão logo recebeu a resposta da Corte, chamou Maciel e leu-lhe os elogios que o rei fazia ao seu desempenho e pediu a lista do que necessitava para desenvolver a siderurgia.
Maciel teria falecido em março de 1804 ou 1805, aos 44 anos de idade, antes que chegassem os recursos que pedira a Lisboa.

2-     Francisco de Paula Freire de Andrade:  Filho natural de José António Freire de Andrade, 2º Conde de Bobadela. Tenente-coronel do Regimento dos Dragões de Minas Gerais. Condenado ao desterro para Pedras d'Angola, Moçambique, para onde partiu em 1792. Apesar do seu grande desejo de voltar à pátria, só obteve licença em 1808, depois que a família real partiu para o Rio. Mas o destino não o deixou realizar o desejo pois morreu em viagem em março do mesmo ano.
3-     Domingos de Abreu Vieira: Contratador -coletor (administrador dos contratos e coletas de impostos), Tenente Coronel da Cavalaria Auxiliar da vila de São José del Rey, comerciante de secos e molhados. Condenado ao Desterro em Angola. Terminou seus dias em Muxima, hoje sede do município da Quiçama, na província do Bengo, em 1792;
4-     José de Resende Costa: Capitão do Regimento de Cavalaria Auxiliar da vila de São José del Rey. Condenado ao Desterro em Cacheu, Guiné Bissau, onde faleceu em 1798, aos 68 anos de idade. Teve parte de seus bens confiscados;
5-     José de Resende Costa, filho do Capitão José de Resende Costa. “ o mais jovem dos 11 inconfidentes condenados à morte em 1792, mas teve sua pena comutada em degredo. Casou-se durante o degredo em Santiago, em Cabo Verde, no ano de 1795. Cumprida sua pena, voltou ao Brasil em 1809. José de Resende Costa foi investido de importantes cargos públicos após seu retorno: Administrador da Fábrica de Lapidação de Diamantes, Contador Geral do Erário. Escrivão da Mesa do Tesouro e, ainda, agraciado com a Comenda da Ordem de Cristo. Em 1911, o povoado da Lage, onde ele constituiu seus bens, recebeu o nome de Resende Costa em homenagem ao pai e ao filho, a ambos. Morreu em 17 de junho de 1841, no Rio de Janeiro”.
6-     Luiz Vaz de Toledo Piza: Sargento da Cavalaria Auxiliar da vila de São José del Rey. Condenado ao Desterro em Angola, onde morreu em 1807;
7-     Cláudio Manuel da Costa: Poeta, Bacharel pela Universidade de Coimbra, advogado, fazendeiro abastado, e procurador da Coroa, desembargador, e, por duas vezes, o de secretário de Estado, “...era o sujeito em casa de quem se tratou de algumas coisas respeitantes à sublevação, uma das quais foi a respeito da bandeira e algumas determinações do modo de se reger a República: ... Autor do texto: José Pedro Machado Coelho Torres, juiz nomeado para a Devassa de 1789 em Minas Gerais. Foi assassinado Vila Rica, Minas Gerais, 4 de julho de 1789”. Na Academia Brasileira de Letras- ABL - patrono da cadeira 8 ocupada por Cleonice Seroa da Mota Berardinell, professora de literatura;
8-     Inácio José de Alvarenga Peixoto: “ A Alvarenga Peixoto é atribuída a autoria da inscrição latina na bandeira de Minas Gerais: Libertas quae sera tamen.”. Poeta, o Bacharel, com louvor, em Direito na Universidade de Coimbra, e juiz de fora na vila de Sintra, Portugal, homem público que exerceu cargos em São João del Rey e em Rio das Mortes, fazendeiro e minerador, casou com a poetisa Bárbara Heliodora - Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira. “ Pressionado por dívidas e impostos em atraso, acabou por se envolver na Inconfidência Mineira. Julgado e condenado, foi deportado para Angola, onde veio a falecer, pouco após sua chegada, vítima de uma febre tropical que à época assolava Ambaca, em Angola, no dia 27 de agosto 1792;
9-     Tomás Antônio Gonzaga, que usava o pseudônimo de Dirceu, cursou Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Nomeado juiz de fora em Beja, em Portugal. No Brasil nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto. Apaixonado pela adolescente Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, 16 anos, “a pastora Marília imortalizada em sua obra lírica Marília de Dirceu”.
“ Condenado a morte, teve em 1792, sua pena de prisão na ilha das Cobras é comutada em degredo, a pedido pessoal de Dona Maria I, o poeta é enviado a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos, onde passou a trabalha como advogado, e casa com a rica Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"), filha de um comerciante de escravos, com quem deixou descendência. Rico e considerado em Moçambique morreu
em 1810 com 66 anos de idade. Na Academia Brasileira de Letras- ABL - patrono da cadeira 37, hoje ocupada por Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira;
10- Padre José da Silva e Oliveira Rolim: “De uma família de contrabandistas de Diamantes. Ordenou-se aos 32 anos em Coimbra, sem gostar de estudar, tendo dificuldades para escrever e sendo péssimo em comunicação verbal. Homem inescrupuloso e corrupto e quando o Visconde de Barbacena se negou a revogar uma ordem de banimento contra ele, uniu-se à Inconfidência Mineira no final da década de 1780, da qual participou ativamente, tendo se comprometido a arranjar 200 cavaleiros armados para a revolução. Preso em Portugal, no Mosteiro de São Bento da Saúde, em Lisboa, mas em 1805 estava de volta ao Brasil com a esposa e filhos. Lutou, então, para reaver seus bens que haviam sido confiscados, mas só o conseguiu com a Declaração da Independência do Brasil, quando foi também indenizado. Morreu em Diamantina no ano de 1835”
11-                      Padre Manuel Rodrigues da Costa, fazendeiro. afilhado de João Rodrigues de Macedo, banqueiro do Império e proprietário do imóvel atualmente conhecido como a Museu Casa dos Contos, em Ouro Preto.
Estudou no seminário da cidade de Mariana e ordenou-se padre em 1780, possuidor do Hábito de São Paulo. , foi condenado a degredo de dez anos em Lisboa, em dependências eclesiásticas. Também foram confiscados muitos de seus bens, dentre os quais metade da fazenda Tapera, um título de terras minerais, sua rica biblioteca, móveis, utensílios domésticos, dois escravos, tabaco e uma batina, que atualmente está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. A Fazenda do Registro Velho foi preservada por ser meação da sua mãe. Depois de seu retorno ao Brasil, dedicou-se à administração da fazenda Registro Velho. Atuou também como industrial, tendo fundado uma tecelagem e se dedicado à fabricação de vinho e óleo de oliva. Auguste de Saint-Hilaire, em sua viagem por Minas Gerais, visitou-o e escreveu que o padre havia trazido de Portugal máquinas para fazer tecidos, utilizando lã de ovelha e linho, que produzia em suas terras [3] . Estes seus projetos, no entanto, não foram bem-sucedidos. Nesta época também tornou-se um dos primeiros sócios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em sequência à Revolução liberal do Porto, foi eleito para as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa em 1820. Ao mesmo tempo, participou ativamente nos acontecimentos que levaram ao "Fico" e à Independência do Brasil.
Depois da Independência do Brasil, elegeu-se deputado por Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1823 e reelegeu-se para a Legislatura Ordinária de 1826, embora não tenha servido este último mandato.
Em 1831, Dom Pedro I, que o admirava, hospedou-se na fazenda do Registro Velho, condecorou-o com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro e o nomeou cônego da Capela Imperial. Foi o último dos inconfidentes a falecer. Foi sepultado na igreja matriz de Barbacena; no entanto, seus restos mortais foram perdidos durante a reforma dessa igreja no século XX. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Rodrigues_da_Costa ;

12- Padre Carlos Correia de Toledo e Melo: Foi deportado para Portugal ficando preso na Fortaleza de São Julião da Barra e depois levado para a clausura dos franciscanos de Lisboa, onde hoje é a Academia de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e lá faleceu em 1803;
13- Cônego Luís Vieira da Silva: cônego do Cabido da Catedral de Mariana, professor de Filosofia no Seminário de Mariana e um dos principais articuladores do movimento. Segundo consta morreu em Paraty, Rio de Janeiro, entre 1805 e 1809;
14- Padre José Lopes de Oliveira: Faleceu preso na clausura dos franciscanos de Lisboa, onde hoje é a Academia de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e lá faleceu em 1796;
15- Francisco Antônio de Oliveira Lopes: por ser fazendeiro rico, agrimensor e carpinteiro. Foi condenado ao Degredo perpétuo em África, no Moçambique, mas veio a falecer em Bié, Angola, em 1794, e sua família continuou rica nas Minas Gerais;
16- Salvador Carvalho do Amaral Gurgel: Cirurgião barbeiro prático. Desterrado morreu em Inhambane, região sul de Moçambique, em 10 de dezembro de 1812;
17- Domingos Vidal de Barbosa Lage: Medico. Desterrado para Santiago, a maior ilha do arquipélago de Cabo Verde, onde faleceu vitimado pelo impaludismo 1793.
Entre outros, mais:
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, moço pobre com a morte do pai, o português Domingos da Silva Xavier, não fez estudos regulares, entretanto era seu Tutor seu tio e padrinho Sebastião Ferreira Leitão, que era barbeiro cirurgião dentista, de quem aprendeu o oficio, e que “ lhe valeu o apelido (alcunha) de Tiradentes”.
Como todos naquela época tinha interesse em ser minerador para assim ficar rico, e “tornou-se técnico em reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos, indo trabalhar para o governo da Capitania de Minas Gerais”.  
“ Em 1780, alistou-se na tropa da Capitania de Minas Gerais; em 1781 foi nomeado comandante do destacamento dos Dragões na patrulha do "Caminho Novo", estrada que servia como rota de escoamento da produção mineradora da capitania mineira ao porto Rio de Janeiro na Serra da Mantiqueira”.
“ Insatisfeito por não conseguir promoção na carreira militar, tendo alcançando apenas o posto de Alferes, patente inicial do oficialato à época, e por ter perdido a função de marechal da patrulha do Caminho Novo, pediu licença da cavalaria em 1787”.
“ Tiradentes morou por volta de um ano na cidade carioca, período em que idealizou projetos de vulto, como a canalização dos rios Andaraí e Maracanã para a melhoria do abastecimento de água no Rio de Janeiro; porém, não obteve aprovação para a execução das obras”.
“Esse desprezo fez com que aumentasse sua indignação perante o domínio português”.
“ De volta às Minas Gerais, começou a pregar em Vila Rica e arredores, a favor da independência daquela capitania”.
OU SEJA, como não tinha emprego fixo, como não tinha terras – fazenda- nem comercio, passou a ser revolucionário, o que hoje se configura como um “companheiro” de movimentos sociais.
“ O novo governador Visconde de Barbacena, futuro Conde de Barbacena, já acima citado, resolveu cobrar a dívida mineira acumulada, desde 1762, do quinto, que à altura somava 768 arrobas de ouro em impostos atrasados, o que afetava o bolso do chamados “ homens-bons" – aqueles que tinham que pagar o imposto ou taxa, e esses “se queimaram nos cacos”, e saíram nas dando vivas à República”.
Acontece, que naquela altura o Brasil era de Portugal, e Dona Maria I era nossa Soberana de facto e de direito, e a Inconfidência Mineira “ em 15 de março de 1789 foi delatada aos portugueses por Joaquim Silvério dos Reis, coronel, Basílio de Brito Malheiro do Lago, tenente-coronel, e Inácio Correia de Pamplona, luso-açoriano, em troca do perdão de suas dívidas com a Real Fazenda”.
E o pau quebrou no Arraial da Chica Gorda.
E...
“ . Presos, todos os inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do processo. Alguns foram condenados à morte e outros ao degredo; algumas horas depois, por carta de clemência de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas para degredo, à exceção apenas para Tiradentes, que continuou condenado à pena capital, porém não por morte cruel como previam as Ordenações do Reino: Tiradentes foi enforcado”.

Ou seja, Tiradentes, foi o primeiro pato da Historia pátria.

Jorge Eduardo Garcia
21 de abril de 2016.

Nessa data, três décadas atrás, nasceu na cidade mineira de Manhumirim um varão filho de Candida Dias Berbert que no registro, no qual sou testemunho junto com Thereza Christina, no cartório do grande Juarez Barbosa, o pai, recebeu o nome de Orlando Berbert Neto.

Eu dedico esse estudo a ele, para que ele jamais banque o pato em nenhuma situação em sua vida. 

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