A novilíngua petista
De
Jorge Maranhão é mestre em Filosofia e diretor do Instituto
A Voz do Cidadão
O GLOBO de 15/04/2016
Na linguagem transparece o bloqueio mental de admitir que
seu projeto de poder deu errado
Nestes tempos em que a resistência petista teima maníaca e
raivosamente em brigar com os fatos, se torna oportuno lembrar que é pela
linguagem utilizada que transparece o bloqueio mental em admitir que seu
projeto de poder simplesmente deu errado. Cito aqui, inspirado no conceito de
novilíngua de George Orwell, apenas dez casos dos mais recorrentes e escabrosos
e que justificam para mais de 70% da opinião pública o sentimento de que foi
enganada.
Golpe parlamentar: expressão alardeada pelos petistas para
se colocar no papel de vítima com a maior desfaçatez, quando o próprio PT pediu
impeachment setenta vezes contra Sarney, Collor, Itamar e FHC;
República de Curitiba: chacota metonímica quando sabem que
se trata do simples dever de atuação das instituições do MPF, da Justiça e da
Polícia Federal, funcionando perfeitamente bem em Curitiba, ao contrário da
República do Royal Tulip, que tem como puxadinho o Palácio da Alvorada,
transformado em bunker partidário para a defesa do governo e compra de
deputados; Nova matriz econômica: retrocesso na política econômica bem-sucedida
de FHC, seguida no primeiro governo Lula, com revogação do tripé macroeconômico
de austeridade fiscal, câmbio flutuante e controle da inflação por metas, o que
resultou em intervencionismo estatal, crise de confiança, perda do grau de
investimento, descontrole das contas públicas, aumento da recessão, do
desemprego e da corrupção. Além da política anti-inflação equivocada que, ao
invés de conter os gastos do Estado, adotou prática demagógica de controle de
preços de combustíveis e energia, arruinando a Petrobras e a Eletrobrás;
Bolsa Família: desvirtuamento de um programa original de combate
à miséria no maior programa de compra de votos já feito no país;
Bolsa Empresário: o custo da renúncia fiscal repassada às
empresas campeãs pelo BNDES soma dez vezes o montante de todo o programa do
Bolsa Família;
Justiça social: ativismo judiciário de operadores
esquerdistas da Justiça forçando decisões compensatórias aos chamados menos
favorecidos, o que gera insegurança jurídica e tutela da cidadania;
Política de gênero: doutrinação esquerdista no ensino
público para destruir valores morais da família, da vida e da liberdade
inerentes à tradição humanista ocidental;
Legalidade: valor usado repetidamente e em sentido meramente
formal, com a intenção não declarada de suprimir a exigência dos demais
princípios complementares da moralidade e da probidade da administração púbica;
Liberdade: definida como valor clássico diante da lei, a
liberdade é deturpada pelo voluntarismo histórico esquerdista, degenerando sua
referência de liberdade de alteridade para de identidade, do tipo “meus
direitos primeiro”;
Cidadania: definida classicamente como direitos e deveres
cívicos e políticos, em face de um Estado sob o império da lei, pela falácia
esquerdista passa a ser cidadania de direitos sociais ilimitados e providos por
um Estado Leviatã.
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