Oswaldo Cruz é um bairro
tipicamente residencial, com aproximadamente 40 mil habitantes, na Zona Norte
da cidade do Rio de Janeiro, fazendo parte da XV Região Administrativa de Madureira.
O bairro de Oswaldo Crus “localiza-se
entre os bairros de Madureira (leste); Bento Ribeiro (oeste); Campinho e Vila
Valqueire (sul); e Turiaçu e Rocha Miranda (norte) ”.
Sua História começa com a
abolição da escravatura quando “ os antigos latifúndios começaram a ser
repartidos pela população pobre que se amontoavam no Centro do Rio por causa
das reformas urbanas realizadas pelo prefeito Francisco Franco Pereira Passos,
alcaide do Rio de Janeiro de 1902
a 1906 ”.
Nessa época o local era
denominado de Rio das Pedras por causa do Rio das Pedras que a atravessa, e que
hoje faz parte da Sub-bacia dos Rios Acari/Pavuna/Meriti (Vila Valqueire, Praça
Seca, Campinho Oswaldo Cruz Bento, Ribeiro e Rocha).
Acontece que em 17 de abril de
1898 foi inaugurada a estação de trens da Estrada de Ferro Central do Brasil, antiga
Estrada de Ferro D. Pedro II, que foi
denominada Estação Rio das
Pedras, e “a partir daí a História do bairro se confunde com a da Ferrovia”,
claro, pois facilitou o acesso.
“ Após a morte do médico e
sanitarista Oswaldo Cruz, em 1917, a Estação Rio das Pedras passou a ser a
Estação Oswaldo Cruz, e com o tempo o bairro nascente, que cresceu ao longo das
ruas João Vicente e Carolina Machado, também, passou a ser denominado Oswaldo
Cruz, sendo os seus primeiros logradouros oficializados no mesmo ano da mudança
de nome da estação de trens, ou seja, 1917”.
Paulo da Portela (Paulo
Benjamin de Oliveira), O Cidadão Samba, cuja família se mudou em 1920 para
Osvaldo Cruz, indo morar numa casinha de vila que hoje corresponde ao 338 da
Estrada da Portela, fundou, no início do mesmo ano o "Ouro Sobre
Azul", o primeiro bloco de Osvaldo Cruz, mais no estilo dos ranchos do que
do samba, na casa de ‘seu’ Napoleão, pai de ‘seu’ Natal da Portela, um dos
grandes festeiros do bairro.
Paralelamente “ nos idos de
1921, Dona Esther Maria Rodrigues e seu marido Euzébio Rosas, então
porta-bandeira e mestre-sala do cordão Estrela Solitária, de Madureira,
mudaram-se para Osvaldo Cruz, onde fundaram o bloco “Quem Fala de Nós Come
Mosca”, bloco este frequentado tanto pelas pessoas do bairro, quanto por alguns
artistas como Pixinguinha, Cartola, Roberto Silva, Augusto Calheiros, Donga,
Gilberto Alves, entre outros”.
Em 1922 houve um
desentendimento e uma turma capitaneada por Paulo da Portela fundou o bloco
"Baianinhas de Oswaldo Cruz".
“Eram eles Galdino Marcelino
dos Santos, Antônio Rufino dos Reis e Antônio da Silva Caetano, entretanto esse
bloco não durou muito tempo, não teve vida longa”.
“Em 11 de abril de 1923,
reunidos na Casa e Bar do Nozinho, na Estrada do Portela, número 412, os bambas
Paulo da Portela, Antônio Rufino dos Reis e Antônio da Silva Caetano, entre
outros, decidiram criar um outro nascendo assim o Conjunto Carnavalesco Osvaldo
Cruz, que teve Paulo da Portela como seu primeiro presidente”.
Esse bloco só teve bloco documentação
oficializada em 1926, mas podemos considera-lo como o embrião do Grêmio
Recreativo Escola de Samba Portela, tanto que a Tradicional Portela ignora a
data de 1926, e considera a data 11 de abril de 1923 como o de sua fundação.
“O Pai de Santo Zé Espinguela em
20 de janeiro de 1929, um domingo, dia de Oxóssi para alguns e de São Sebastião
para outro, realizou o primeiro concurso entre Escolas de Samba na Rua Adolpho
Bergamini, no bairro de Engenho de Dentro”.
Desfilaram a Mangueira, a
Estácio de Sá, e o Conjunto Oswaldo Cruz.
O vencedor desse concurso não
oficial foi “ o Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz, que teve Paulo da Portela
como seu primeiro presidente” e que mereceu um elogio do próprio carnavalesco
Zé Espinguela. ”
Heitor dos Prazeres, compositor,
cantor e pintor autodidata, estava entre os participantes do Conjunto
Carnavalesco Oswaldo Cruz, e foi o responsável pelo samba dessa vitória de nome
Não Adianta Chorar.
Os vencedores resolveram mudar
o nome para "Vae Como Pode", por causa de uma briga entre Heitor dos
Prazeres e Antônio Rufino dos Reis, pois Heitor “ teria se apropriado dos
direitos autorais de Rufino, registrando em seu nome o samba "Vai
mesmo", prática comum entre os sambistas da época, mas não tolerada em
Oswaldo Cruz”.
Era roubo de propriedade
intelectual, mas naquela época já valia a esperteza, como foi o caso do
registro de “Pelo Telephone. ”
Paulo da Portela se afastou da
agremiação por um tempo, e Antônio da Silva Caetano se tornou o novo
presidente, e foi ele que escolheu as cores azul e branco para a agremiação.
“ Também na mesma ocasião foi
escolhida a águia como símbolo da entidade, pois esta simbolizaria, para
Caetano, o voo mais alto que os sambistas desejariam alçar”.
AÍ É QUE ESTÁ O BUSÍLIS.
Muda o nome, mais uma vez:
“Em a 3 de março de 1935, o delegado Dulcídio
Gonçalves, da Delegacia de Costumes e Diversos, na época, a responsável pela
inscrição e desfile dos blocos carnavalescos, recusou-se a renovar a licença da
Vae Como Pode, por considerar o nome chulo e indigno, ele próprio sugeriu que a
agremiação fosse batizada como Portela, em referência a Estrada do Portela,
onde os sambistas se reuniam, com a histórica frase: "Então vai se chamar
Portela”. ”
“Assim, Paulo da Portela, Cláudio
Manuel, José Natalino (“ seu” Natal), Candinho, Alcides Dias Lopes (Alcides
Histórico), Manuel Gonçalves (Manuel Bam-Bam-Bam), Antonio Rufino e Antonio
Caetano criaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, e com o novo nome,
a escola de samba venceu pela primeira vez o desfile de carnaval carioca, com o
enredo "O Samba Dominando o Mundo”. ”
“Durante o desfile, a escola
levou para a avenida um rústico globo terrestre, idealizado por Antônio
Caetano, introduzindo, desta forma, as alegorias nos desfiles das escolas de
samba”.
“ Segundo o livro
"Carnaval - Seis Mil Anos de História", de autoria de Hiram Araújo,
durante todos os anos em que desfilou, conseguiu dois bicampeonatos, dois
tricampeonatos, dois tetracampeonatos, um pentacampeonato, um hexacampeonato e
um heptacampeonato, totalizando 21 títulos”.
Mais, voltemos ao AÍ É QUE
ESTÁ O BUSÍLIS.
Antônio da Silva Caetano
escolheu a Águia como símbolo da Portela porque “ esta simbolizaria o voo mais
alto que os sambistas desejariam alçar”, portanto a Águia é o Símbolo Sagrado
do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela.
“ Sagrado (do latim sacratu)
refere-se a algo que merece veneração
ou respeito religioso por ter uma associação com uma divindade ou com objetos considerados divinos”.
Muito bem.
Eu não gosto do trabalho do
carnavalesco Paulo Barros, é um direito meu não gostar.
Não gostei mais ainda quando
ele colocou um componente vestido de Moisés sobre o Símbolo Sagrado do Grêmio
Recreativo Escola de Samba Portela, a Águia, no desfile da Marquês de Sapucaí,
a Passarela do Samba.
Seu carnaval foi denominado “No
voo da águia, uma viagem sem fim...”, mas isso não lhe dava o direto de MACULAR
A ÁGUIA DA PORTELA.
Não mesmo.
Não gostei, mesmo.
Que colocasse dezenas,
centenas, de águias pelo desfile afora, mas não na Grande Águia que sempre
abriu o desfile da agremiação, seu Símbolo Sagrado, para assim justificar o
nome de seu carnaval, de sua criação para o Carnaval 2016.
E tem mais:
Moisés, o «mais humilde do que
todos os homens que havia sobre a face da terra» (Números 12:3), nunca andou
sobre águia nenhuma, NUNCA.
Os fatos sagrados realizados
por Moisés são de grande relevância para a História da Humanidade, pois, ele é um
Profeta importantíssimo para o Judaísmo e para o Cristianismo, importância esta
reconhecida até pelo Islamismo, portanto criar para o Homem Santo um fato profanador
não está certo.
Colocar Moisés em cima de uma águia
é fazer dele um personagem de historietas de fantasias, como o Pequeno Príncipe
de Saint-Exupéry que foi puxado por um bando de pássaros.
Não se deve brincar com a Fé
das pessoas.
Isso é um desrespeito.
Não podem.
Dessa “ extravagância” não se
pode dizer que é uma exegese, uma interpretação um texto religioso, pois em
nenhum versículo das Sagradas Escrituras fala de Moisés pegando carona no
costado de uma águia, NENHUM.
O nome Moisés, em hebraico: מֹשֶׁה; moderno: Moshe, tem
o significado de "retirado das águas", em referência às
circunstâncias de sua adoção, mas isso não dá o direito do senhor Paulo Roberto
Barros Braga, de Nilópolis, com 53 anos, colocar o Homem Santo na avenida
Marques de Sapucaí passando sobre umas ‘coisas’ azuis que representavam as
águas – quiçá o Mar Vermelho- nos
costados de uma águia, NÃO MESMO.
A chamada “interpretação
poética de um artista” tem limites.
Eu não concordo nem um pouco
com a chamada “Releitura de um fato bíblico”, porque não existe releitura de um
fato bíblico.
Além do que a “liberdade de
criação” não pode “esculhambar” com um acontecimento religioso, não pode afrontar
a Fé das pessoas, e ele o fez com essa colocação de Moisés sobre a águia em
meio a uma festa considerada profana pelos verdadeiros cristão e muçulmanos.
A Águia Pisoteada
Isso sem falar, repito, dele
ter conspurcado o maior símbolo da Portela, a Águia.
Ele afirma, e parece que foi,
o seu Monarco, discípulo de Paulo da Portela, que que permitiu tal feito, e eu
acredito pelo que vi na TV Globo, já que o senhor Barros até ajoelhou para
beijar as mãos do velho compositor da Velha Guarda da Portela, afirmando que
ele era o substituto de seu pai que morrera a dois anos, mas será que os
portelenses à antiga, como eu, concordam com o feito?
Será que Paulo da Portela
concordaria com o fato?
Será que Antônio da Silva
Caetano que escolheu o Símbolo, A águia, concordaria com tal ultraje?
Será que o “ seu” Natal, de
saudosa memória, aceitaria esse despautério?
Será que os outros “ Pais da
Escola” concordariam com tal absurdidade?
Será que os portelenses de
coração concordam em ver a sua gloriosa Águia servindo de ‘ veiculo’, ou
fazendo parte de algo, sendo assim colocada em segundo plano?
Sendo vilipendiada?
Sendo injuriada?
Sendo ultrajada?
Sendo PISADA?
Sim, pois o Símbolo maior foi
pisado sem dó nem piedade.
Sujado por pés que lá não
deveriam estar, nem no momento do desfile, nem nunca.
Eu me considero ofendido com
tal desprezo, sim para mim desprezo, do carnavalesco e de sua turma, bem como
pela postura do velho compositor Monarco, que permitiu essa violação do
sagrado.
Começa assim, daqui a pouco
querem colocar ‘penduricalhos’ na Bandeira da Portela, em seu orgulho Pavilhão de
tantas glorias.
"Seu" Natal, de saudosa memória.
Acontece que nesse Brasil do
Lulodilmismo tudo é permitido, tudo pode, não há limites, portanto, vemos e veremos
os “ Paulos Barros da vida” fazerem e desfazerem como bem entende de todos os
símbolos, de todos os valores, da Sociedade Judaico-Cristã, pois a maioria não
está nem aí para cor da chita.
Amortecido por tantos fatos
desabonadores que pululam no Brasil, que nos reprime, que não nos permite ter
claramente a consciência deles, os fatos desabonadores, o Inconsciente Coletivo não reage mais...
Assim, quem pode faz o que
quer, pois sabe que não será punido por nada.
Não é o CAOS, mas é a
ESCULHAMBAÇÃO TOTAL.
Todavia, eu aqui do meu cantinho vejo que “ Macularam a
Águia da Portela e perderam”.
E tenho dito.
Jorge Eduardo Fontes Garcia
São Paulo 11 de fevereiro de
2016.
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