Introdução.
Alphonsus de Guimarães
No ano de 1954 minha família morava em uma pacata rua do
Posto Seis, em Copacabana, na Cidade do Rio de Janeiro (então Capital Federal),
quando a vizinhança foi acordada, à noite, pelos gritos de minha Tia Carmem
chamando meu pai.
Os berros e a buzinação eram tão intensos que até eu
acordei.
Pendurado na janela ouvi quando ela disse em alto e bom som:
“- O Dr. Getúlio morreu”.
Meu pai chegara tarde a casa -- o que não era seu hábito --
e o ambiente não estava dos melhores; ouvindo o que minha tia “berrava”, tratou
logo de fazê-la entrar.
Com ela vinha um bem-posto senhor que eu não conhecia, e que
repetia sem cessar, como se estivesse falando para ele mesmo, “que as coisas
não estavam nada bem”.
Em meio ao bafafá, fiquei sabendo que seu nome era Alphonsus
de Guimarães e que era, além de amigo de minhas famílias paterna e materna, um
homem com “livre trânsito nas altas esferas do Poder, tanto em Portugal, quanto
no Brasil, quiçá no Mundo, além de ser um grande observador da História”.
Sua figura muito me impressionou e povoou meu imaginário
infantil, até que, na adolescência, voltei a encontrá-lo.
Deu-me então um precioso conselho: que eu fizesse da leitura
o meu principal interesse na vida, pois, sem ler, uma criatura não saberia
nada, e consequentemente, nada seria.
Até hoje sigo esse conselho como os Papas, em Roma, celebram
diariamente as Santas Missas.
Por ocasião da última vez em que o vi, ele nada havia mudado
fisicamente, tendo a mesma aparência de quando entrara, em 1954, em minha casa
paterna.
Quem olhasse veria um elegante homem de meia idade, muito
atarefado com sua bagagem e que quase perdera seu avião para a Europa, a ponto
de, após rabiscar num papel meu novo endereço, entrar pelo portão de embarque
gritando: “... eu te escrevo! ” -- o que, no fundo, no fundo, a mim parecera
mais um “... até nunca”.
Porém o carteiro trouxe uma carta, depois outra, depois mais
outras muitas, desse meu velho amigo; e elas são tão cheias de sabedoria, de
novas visões dos problemas atuais, de conhecimentos das causas, de meditações
sobre vários assuntos que podem afetar nosso futuro, e de análise do passado,
que resolvi compartilhá-las com a maioria de meus amigos (e por que não com
pessoas que passarei a conhecer agora?), neste livro, afinal Dom Alphonsus é um
grande aventureiro, um douto que conhece as Aventuras Transcontinentais da
Humanidade.
Em homenagem a esse notável homem que é Alphonsus de
Guimarães resolvi chamar este livro de
Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade, já que me
tornei um observador da Historia por sua influência, posição essa que “povoou o meu imaginário” e
, sobretudo, porque ele me deu o maior conselho que um ser humano pode dar a
outro, ou seja, ler, ler sempre, cada dia mais, até o final de seus dias, pois
somente assim estaremos continuamente aprendendo alguma coisa antes não sabida.
Jorge Eduardo Garcia
Pensador Livre
São Paulo.
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