Cara de Santo...
Do UOL, em São Paulo 08/10/2015 17h40
Aidar recebe conselhos para renunciar do cargo de presidente
O ex-vice-presidente de futebol do São Paulo Ataíde Gil
Guerreiro enviou um e-mail ao presidente Carlos Miguel Aidar, na tarde de
quarta-feira (7), ao qual o UOL Esporte teve acesso, no qual diz ter gravado
uma conversa entre eles em que o presidente Aidar descreve como receberia
dinheiro em comissão na contratação de um jogador, o que indicaria desvio de
dinheiro do clube.
Gil Guerreiro escreve que viu que o presidente e sua
namorada, Cinira Maturana da Silva, "estavam realmente lesando os
interesses do clube". O UOL Esporte tentou contato com Aidar e Gil
Guerreiro, mas não obteve sucesso.
Ainda no e-mail, Gil Guerreiro afirma ter gravado Carlos
Miguel Aidar dizendo que tentou acordo de comissão entre a Under Armour e a
TML, empresa de Cinira, em negócio que não se concretizou. A conversa gravada
pelo ex-vice teria acontecido no último sábado, dois dias antes da briga que
resultou na exoneração de Gil Guerreiro.
O ex-vice de futebol diz ainda no e-mail que Aidar daria em
dinheiro a sua parte na comissão e como isso não iria sujar o nome de ambos.
Na carta, o ex-vice-presidente pede a renúncia de Aidar e
afirma que pensou em levar a gravação à CPI do Futebol, mas que foi convencido
pelo conselheiro Antonio Claudio Mariz a entregá-la a Carlos Augusto de Barros
e Silva, o Leco, presidente do conselho deliberativo do São Paulo. Gil
Guerreiro escreve que a CPI do Futebol teria meios de comprovar se a Under
Armour fez pagamentos à TML.
Ataíde escreve, antes de relatar o que gravou na suposta
conversa durante o último sábado, que Aidar lhe ofereceu repartir a comissão na
contratação de um jogador, tanto em conversa a sós como em conversa na presença
de Cinira Maturana, e diz que o presidente "exagerou" no caso Iago
Maidana. O ex-vice classifica o caso como injustificável e com fatos grosseiros,
que provam o sentido de impunidade.
Conselheiros sugerem renúncia
O e-mail de Ataíde Gil Guerreiro a Carlos Miguel Aidar já
está em posse de membros do conselho deliberativo do São Paulo. Durante a tarde
desta quinta-feira, Aidar se reúne com o grupo de ex-presidentes do clube,
liderado por José Eduardo Mesquita Pimenta, e com os aliados Ives Gandra
Martins e Antonio Claudio Mariz, e recebe conselhos para renunciar à
presidência do clube e evitar um processo de impeachment. Aidar disse, porém,
que não vai renunciar.
Amigos acreditam que o melhor para Aidar era renunciar ao
cargo para evitar o processo de impeachment e o levantamento de novos e velhos
pontos polêmicos da gestão.
Um grupo de conselheiros do São Paulo prepara o requerimento
para o impeachment e pretende entregá-lo na próxima semana ao conselho
deliberativo do clube. Se Aidar renunciasse à presidência, Leco teria trinta
dias para convocar novas eleições presidenciais no clube. O próprio presidente
do conselho deliberativo poderia ser candidato.
Crise no clube
O São Paulo atualmente vive enorme crise de gestão. O
episódio da briga entre Aidar e Ataíde Gil Guerreiro na última segunda-feira
causou a exoneração do vice de futebol e iniciou processo de dissolvência da
diretoria. Alguns vice-presidentes e diretores entregaram cargos, outros
renunciaram e motivaram o presidente a convocar demissão coletiva, em massa.
Desde a noite de terça-feira todas as vice-presidências e diretorias do São
Paulo estão vazias, e o clube é comandado apenas pelo CEO Paulo Ricardo de
Oliveira.
Aidar tenta reconstruir a nova diretoria, mas encontra
dificuldade. Na quarta-feira, a seu serviço, os conselheiros Ives Gandra e
Antonio Claudio Mariz conversaram os ex-presidentes do clube e os convidaram a
participar ou indicar nomes para a nova cúpula. Não obtiveram apoio. Nesta
quinta-feira, há programação para que o próprio Aidar se reúna com os
ex-presidentes.
Diferentes grupos agora na oposição articulam para que
conselheiros que sejam convidados por Aidar para ocupar cargos não aceitem os
convites. A estratégia é impedir a composição da diretoria para isolar Aidar e
causar a renúncia. Importantes dirigentes que entregaram os cargos na última
terça-feira já avisam que não voltarão à diretoria se convidados.
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