Alexander Popov.
Guilherme Costa
Do UOL, em Kazan (Rússia)
Do UOL, em Kazan (Rússia)
09/08/201507h00
Cesar Cielo, 28, tem o
currículo mais laureado da história da natação brasileira. Atual recordista dos
50m livre e dos 100m livre, é dono de três medalhas olímpicas (dois bronzes e
um ouro, conquistado em Pequim-2008) e seis títulos mundiais. Ainda que tenha
sido destronado nos 50m borboleta e deixado Kazan antes de disputar os 50m
livre, é um dos principais nomes das competições de velocidade na história
recente. Só não peça para o russo Alexander Popov, 43, concordar com isso.
Ídolo do esporte no país-sede do Mundial de esportes aquáticos, ele fez duras
críticas ao brasileiro.
"Quem é Cielo?",
questionou Popov ao ser abordado sobre o nadador. "Ele é o dono do recorde
mundial dos 100m livre? Não é um garoto francês?", completou o russo.
Popov ganhou nove medalhas
olímpicas em provas de velocidade (cinco pratas e quatro ouros) e sempre foi
citado por Cielo como um ídolo.
No entanto, o russo não aprova
o comportamento do brasileiro.
"Tenho um bom amigo do
Brasil, que é o [ex-nadador] Gustavo Borges. Ele tem classe, e eu sempre
comparo nadadores do Brasil com ele. Na minha opinião, Cesar Cielo não tem a
mesma qualidade como personalidade e como nadador. O respeito pelos competidores....
Muitas coisas. São diferentes classes, e eu estou mais acostumado com o
clássico.
Gustavo é um embaixador fantástico para o
esporte brasileiro e para a natação em particular.
O Cesar Cielo é bom para ele
mesmo", avaliou Popov.
Gustavo Broges.
As críticas de Popov incluíram
até a participação de Cielo no Mundial de esportes aquáticos de Kazan.
Após ter perdido a prova final
dos 50m borboleta, o brasileiro foi cortado por causa de uma lesão no ombro
esquerdo e deixou a Rússia antes de participar sequer das eliminatórias dos 50m
livre, distância em que defenderia o tricampeonato.
"Eu
tenho uma questão: se ele tinha uma lesão no ombro, por que veio para cá? Podia
ter dado a posição dele para outra pessoa no time brasileiro e dado a
oportunidade de disputar. Por quê?", continuou o russo. (GRIFO DO BLOG)
Em 2012, Popov já havia feito
duras críticas a Cielo. O brasileiro havia sido flagrado em exame antidoping
realizado no Troféu Maria Lenk do ano anterior, mas alegou que havia consumido
um suplemento contaminado. (Grifo do Blog)
"Na minha opinião,
é um caso inaceitável. Ser um campeão olímpico e se envolver num escândalo
desse é inaceitável", disse o russo ao jornal “ Lance!” durante os Jogos
Olímpicos de Londres-2012.
Elogios à preparação do Brasil
para 2016
As críticas a Cielo, contudo,
não encerram a ligação de Popov com o Brasil. O russo também é membro da
comissão de coordenação do COI (Comitê Olímpico Internacional) para os Jogos
Olímpicos e visita o país regularmente para falar sobre a edição de 2016. Nesse
caso, a avaliação dele é bem mais positiva.
"Existem preocupações
sobre segurança e transporte, mas acho que o Rio de Janeiro vai ser uma sede
fantástica", analisou Popov. "Estamos otimistas sobre a cidade estar
pronta e as arenas estarem prontas. Os Jogos vão acontecer de qualquer jeito,
mas definitivamente terão um sabor brasileiro. Samba", encerrou.
O russo explicou que o
trânsito é um fator que o COI considera preocupante na reta final da preparação
brasileira para os Jogos Olímpicos. Em contrapartida, adotou tom
contemporizador ao falar sobre a poluição na Baía de Guanabara, sede das
competições de vela: "Eles disseram que vão aumentar o número de barcos para
retirar o lixo que estiver boiando. Melhorar a qualidade da água segue sendo um
grande assunto, mas a cidade do Rio de Janeiro está definitivamente trabalhando
nisso".
Popov ainda comparou a
Rio-2016 com a Copa do Mundo de 2014, que também foi sediada no Brasil. "A
percepção dos Jogos é muito melhor do que a perspectiva em torno do último
grande evento do Rio de Janeiro. Muito melhor", comparou.
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