quinta-feira, 16 de julho de 2015

Com medo de ser envenenado, Marin tomou água da torneira na prisão




Da água mineral europeia tomada em fina taça ao gole sorvido numa torneira qualquer. Obrigado a abandonar o luxo do hotel suíço em que estava hospedado ao ser preso, José Maria Marin dispensou nos primeiros dias até o mínimo oferecido pelos carcereiros com medo de ser envenenado na prisão.

O relato de quem é próximo ao ex-presidente da CBF é de que uma de suas primeiras reações ao ser preso foi o pavor de tomar veneno no cárcere por obra de alguém interessado em sua morte. Assim, durante por volta das 72 primeiras horas trancafiado, ele decidiu que só beberia água da torneira, mais segura.

A preocupação extrema encontra uma de suas justificativas no fato de Marin, como advogado, sempre dizer aos amigos que um dos maiores riscos de quem vai preso é ser envenenado no presídio.

O temor ilustra como foram as horas iniciais do cartola na detenção, as piores de acordo com os poucos que conversaram com ele desde o dia 27 de maio.

Sem falar inglês, Marin não sabia exatamente o que estava acontecendo. Perdeu a noção de tempo, e achava que logo voltaria para casa. Tanto que, no início, após acordar e tomar banho, chegou a vestir terno para partir, em vão. Já são 51 dias encarcerado.

A calma só começou a chegar no primeiro telefonema em que conversou com sua mulher, Neusa. E ouviu dela que os amigos do dirigente não tinham se voltado contra ele. Respondeu, então, que aguentaria o tranco.

Outro ponto crucial foi conseguir os remédios que toma constantemente para o estômago e a pressão. A dificuldade com o idioma atrapalhou. Mas, enfim, os advogados conseguiram a receita de seu médico no Brasil em inglês.

Os 70 euros quinzenais depositados por sua família para serem gastos numa lojinha disponível na prisão o ajudam a cuidar da alimentação com iogurte e barras de cereal.

Assim, aos poucos, o cartola foi se adaptando à dura rotina na cadeia. Nesse período, demonstrou preocupação com o que a imprensa brasileira fala dele. Quis saber de um de seus defensores se estava apanhando muito dos jornalistas. Especialmente de Juca Kfouri, blogueiro do UOL.

Também tem demonstrado preocupação com Neusa, que agora passa a maior parte dos dias reclusa em casa, na capital paulistana. Na carta em que solicitou que ela nem o filho o visitassem na cadeia o dirigente chegou a pedir perdão, caso tenha desonrado o nome da família. Disse que estava pagando o preço por sua vida e que iria pagar com altivez e honradez.

Nos últimos dias, o ânimo do dirigente melhorou por ter uma ideia mais clara de quando os suíços definirão se vão extraditar o cartola para os Estados Unidos. Na última terça, aconteceu a primeira audiência na Suíça sobre o pedido de extradição feito pela Justiça dos Estados Unidos. A expectativa dos advogados é de que entre os dias 3 e 6 de agosto Marin saiba seu destino. Se a extradição for recusada, provavelmente responderá às acusações de ter recebido propina e conspirado para lavagem de dinheiro em liberdade no Brasil. Caso contrário, será transferido para uma cadeia nos Estados Unidos.

Perrone
16/07/2015 07:21


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