terça-feira, 30 de setembro de 2014

PRETENSÃO É A DOENÇA DO BRASILEIRO. autor: Jorge Eduardo Fontes Garcia


PRETENSÃO É A DOENÇA DO BRASILEIRO.

O pensamento básico nacional, o que se tornou “senso comum” é:
“Se o Lula que não foi à escola chegou a presidente pra que eu ir?”.
“Se o Netinho é vereador porque eu vou estudar, eu vou é ser MC”.
“Estudar pra que? Não vê a Anita, ela tá rica, eu em...”;
“Quero ser igual a Popozuda, FAMOSA. E qué sabe ‘ beijo no ombro’ pra tu”.
“Eu quero se famosa e trabalha na Grobo, tá sabendo !!!”.
E por ai vai...
Pensei, pensei, e resolvi colocar meu pensamento no papel, sem nenhuma pretensão de que ele seja um grande texto literário, um alto pensamento digno de um Roberto da Matta ( antropólogo, conferencista, consultor, colunista de jornal), mas sim o que realmente é, a constatação de que a PRETENSÃO, É A DOENÇA DO BRASILEIRO
Vamos lá...
Parcial significado de Pretensão:
Opinião exagerado acerca de si próprio;
Vaidade ou presunção: é muita pretensão escrever um texto assim!
Comportamento de quem age com arrogância;
Hábito de se gabar;
Jactância: suas pretensões são ridículas.
(Etm. do latim: praetensio.onis)

Pois é...
1-     Gabar - Quando eu me gabava de algo, minha mãe dizia:
“Tome vergonha, menino, modéstia não faz mal a ninguém”.
2-     Opinião exagerado - O palhaço Chico Anísio quando o personagem ‘Baptista’, da Escolinha do Professor Raimundo, puxava o saco do ‘mestre’, dizia:
“Menos Batista, menos”.
Demostrando assim que não queria uma “opinião exagerado” sobre ele, o professor Raimundo.
3-     Vaidade - No Livro de Eclesiastes, um dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento, escritos atribuídos tradicionalmente ao Rei Salomão, o Pregador, filho de Davi, Rei de Jerusalém, em seu capitulo1, versículo 2, está escrito:
“Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade”.
4-     Jactância - Ao ver o senhor Paulo Antônio Skaf, nascido em 7 de agosto de 1955, o Paulo Skaf candidato a governador pelo PMDB , falando sobre sua atuação  no Sesi -SP - Serviço Social da Indústria , criado em 1 de julho de 1946 – no Senai -SP - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial , criado em 22 de janeiro de 1942, e no Instituto Roberto Simonsen (IRS), que faz parte do Sistema Confederação Nacional da Indústria – CNI, criado em 1948, imagina que TUDO aquilo foi sua criação, foi fundado por ele,  foi bolado por ele, e não que ele nem havia nascido na época da fundações das entidades, não imagina que ele esta falando com jactância, sendo fanfarão, dizendo paparrotadas.
Quando Skaf nasceu o SESI já tinha 9 anos de fundado;
Quando Skaf nasceu o SENAI já tinha 13 anos de fundado;
Quando Skaf nasceu o Instituto Roberto Simonsen já tinha 7 anos de fundado.
Eu pergunto:
Age o senhor Paulo Antônio Skaf com jactância ou não?
5-     Comportamento de quem age com arrogância:
O do ex-presidente Lula na atual propaganda eleitoral do PT;
 O da atual presidente Dilma em suas aparições púbicas defendendo aquilo que não fez, mas pensa que fez;
O do notório Paulo Maluf, na atual propaganda eleitoral de seu partido, afirmando de cara limpa que “ lugar de bandido e na cadeia”;
O do prefeito de São Paulo, Haddad, afirmando que a bicicleta é o veiculo do futuro e que as ciclovias foram aprovadas por 90% dos Conselhos Municipais, órgãos esses que não existem legalmente.
E por ai vai...
No dia a dia se observa;
1-     O modo com que as pessoas tratam os atendentes de balcão nos aeroportos – todos que se acercam dos balcões assumem ares de filhos da Rainha da Inglaterra e tratam os que estão por trás do balcão, trabalhando dignamente e ganhando merreca, como lixo humano;
2-     O modo como o consumidor – você ou eu  - é tratado pelos atendentes dos hediondos “Call-Centers”, estas centrais de atendimento  cujos “operadores incompetentes ou destreinados incapazes de processar as solicitações dos clientes de forma eficaz” , que falando como papagaio, de maneira arrogante, só faltam nos mandar ‘catar coquinho’;
3-     O modo como as pessoas de comportam na fila desses terríveis restaurantes Self servisse, avançando na travessa da comida vendida por quilo, empurrando uma as outras, (principalmente os velhos) e quando são chamadas atenção agem de uma forma tão arrogante, são tão pretensiosas em suas justificativas – às vezes xingam -  que chega a dar raiva deles, nojo da comida, do local, e é por isso que não vou a nenhum deles, para não me aborrecer;
E por ai vai...,
Com o governo do PT emergiu com toda força parte da Classe Operária, parte do chamado Proletariado, das pessoas que só tinham  seus salários para viver, isto é, a remuneração da sua força de trabalho.
Esses emergentes formaram uma nova Classe Social.
Uma nova Classe Social que se tornou a Elite, ocupando o espaço daquela decadente, que vivia seus estertores, e que vinha a trancos e barrancos dos tempos do senhor Dom Pedro II, da Republica dos Conselheiros, da Era Vargas, da República de 1946, do Regime militar, etc e tal.
O ex-Operário-presidente por ignorância ou esperteza nega essa realidade e continua atacando o “poder” do que chama de “as Elites”, esquecendo-se que ele é o expoente máximo da Nova Elite hoje no Poder.
 Acontece que essa Nova Elite, com inegável força de trabalho, não tinha e não tem educação.
Cultura nem se fala.
Então o que aconteceu?
Estabeleceu-se o Império da PRETENSÃO e o que é pior, a PRETENSÃO se tornou uma DOENÇA.
Tornou-se uma epidemia- para qual não há remédio, não há cura – que está assolando o  povo brasileiro, a Nação Brasileira, matando o BRASILEIRO.   
É mais fácil conter a epidemia do Ebola na África do que a epidemia da pretensão no Brasil.
As Emissoras de Televisão, com suas novelas amorais, com seus programas chulos, com seus noticiários sensacionalistas que esparramam sangue pela tela, são os veículos de propagação da Epidemia Pretensão.
Essa ‘pestilentia’ atacou de maneira cruel os membros do que o antigo Proletariado, hoje Nova Elite, chamava desdenhosamente, pejorativamente,  de Burguesia, uma classe social detentora dos meios de produção e seus empregadores,
A Burguesia se dividia em:
1-     Alta Burguesia composta de banqueiros, financistas, grandes comerciantes do mercado interno, exportadores ou importadores, industriais, latifundiários, proprietário de imóveis, que anteriormente se misturavam, por seu estilo de vida e interesses diversos, com a chamada Aristocracia ou Nobreza;
2-     Media Burguesia composta pelos profissionais liberais: tabeliões, juízes, magistrados, médicos, advogados, engenheiro, arquitetos, jornalista, mestres, professores-doutores, catedráticos, ou seja, todos que possuem formação universitária, além dos escritores, e dos médios comerciantes ou médios industriais;
3-     Pequena Burguesia composta de amanuenses, enfermeiros, técnicos em geral, escreventes, escriturários, professores de ensino médio e primário, bedéis, funcionários de repartições publicas civis, militares, jurídicas, escreventes juramentados, funcionários dos cartórios, barbeiros, cabelereiros, manicures, pedicures, prestadores de serviço em geral, vendedores, corretores de seguro e imóveis, e por ai vai...
Como hoje o conceito de Alta Burguesia não é mais o antigo, o de Marx, até porque não há mais uma Aristocracia ou Nobreza atuante como Elite Dirigente, os membros da Nova Elite no Poder se misturam ao remanescente dela - a Alta Burguesia- já que os seus propósitos básicos são de “acumular bens de capital, de possuir a riqueza nacional , os meios de produção, para assim formar  grande riqueza pessoal ”, agindo numa espécie de vale tudo amoral, praticando um verdadeiro  catch-as-catch-ca sem nenhum tipo de regra ou ética, que dá ate vontade de vomitar ao se constatar tal fato. Dá Nojo.
Chamo atenção de que os filhos da remanescente antiga Alta Burguesia  hoje convivem em todos os lugares – escolas, baladas, viagens de navios , etc. - com os filhos da Nova Elite dirigente, numa BOA,  cultuando o hedonismo, ou seja, tornando “ O PRAZER” o supremo bem da vida humana.
Os ‘cultos’ são praticados de maneira bárbara, com muita bebida, muito som alto, muita arrogância, sem nenhum respeito humano, e muita falta de educação.
As Festas Rave ou as PVT - Rave de pequeno porte, conhecidas como festa privada por causa dos convites que são distribuídos para o comparecimento nelas - com suas músicas eletrônicas - House, Electro, Techno, Minimal, Psy Trance, entre outras – com muito sexo, drogas e rock n' rol, é o exemplo típico do que eu estou falando.
Essa Turma, velhos e moços, falam alto, tão alto, nos lugares que chega ser incomodativo.
Mais o que de pior aconteceu foi que a Epidemia Pretensão se espalhou com toda força mesmo foi entre os membros da chamada Media Burguesia.
Moços e moças de famílias da Media Burguesia se comportando de maneira chula, emitindo pretensiosamente conceitos sobre assuntos que nem sabe realmente do que se trata, menosprezando a sabedoria dos velhos, se gabando daquilo que nunca deveria vir a publico, jactando-se do que fez ou do que não fez, exagerados em suas opiniões, agindo arrogantemente como se fossem os donos únicos da verdade e,  também, falando alto como se fossem donos do mundo.
Uma tristeza.
E o pior é que se chamando a atenção se tornam mais violentos ainda, mais malcriados ainda, de um pedantismo só, com um excesso de vaidade que de tão grande revela logo o estado adiantado da DOENÇA PRETENSÃO em seus organismos, em suas vidas, e aí, meu amigo, minha amiga, não tem mais jeito.
Como não há cura para essa “pestilentia”, só resta esperar pelo fim da vida dessa ou desse infeliz.
É uma tristeza constatar que a PRETENSÃO, É A DOENÇA DO BRASILEIRO.

Como em meio do mundo tenebroso, da vida sem horizonte, sempre brota a esperança e ela me veio na forma do o pensamento de um jovem mineiro, um adolescente do bravo Estado de Minas Gerais, das Minas Gerais que nos deu Cláudio Manuel da Costa, Manuel Inácio da Silva Alvarenga, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio de Sousa, Pedro Nava, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Guimarães Rosa, Affonso Romano de Sant'Anna, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino ( que nos deu o impagável O homem nu – crônicas, 1960, Editora do Autor), entre outros, chamado Gustavo Mello, do Alto Jequitibá:

“Não se tem mais firmeza nas palavras. Quanto a ilusão, pobre ilusão, já foi muito iludida”.

Jorge Eduardo Fontes Garcia

30 de setembro de 2014

São Paulo, Brasil.

Na Rua Piauí. 

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