Dona Leopoldina e o Conselho de Estado em 2 de setembro de 1822.
Efemérides de 2 de setembro
- ano 1822 - Nesse dia, Maria
Leopoldina, reunida com o Conselho de Estado, assinou o decreto da
Independência do Brasil.
Maria Leopoldine Josepha Caroline
von Österreich ou von Habsburg-Lothringen, Arquiduquesa da Áustria, da Casa de Habsburgo,
nobre família e uma das mais antigas Dinastias da Europa, que reinou de 1282
até 1918, quarta filha de Francisco II , Franz Joseph Karl, o último Imperador do Sacro
Império Romano-Germânico , que a partir de 1804, passou a ser Francisco I, Imperador
da Áustria, porque Napoleão I exigiu que ele renunciasse ao Título de Soberano
do Sacro Império, pois ele- Napoleão- se considerava herdeiro de Carlos Magno. Não era.
A mãe de Maria Leopoldine Josepha
Caroline von Österreich ou von Habsburg-Lothringe, foi Maria Teresa da Sicília, ou Maria Teresa de
Bourbon, ou Maria Teresa de Bourbon-Duas
Sicílias, a segunda esposa do Imperador
e sua prima, nascida em Nápoles, Princesa
das Duas Sicília, de um ramo da Casa de Bourbon e de uma ramo da casa de
Habsburgo , pois era filha do Rei
Ferdinando I e de sua esposa, a Rainha Consorte Maria Luísa de Habsburgo-Lorena .
Irmã das Arquiduquesas da
Áustria:
1- Marie-Louise da Áustria,
Imperatriz Consorte do Franceses por seu casamento com Napoleão I, , Duquesa di Parma, Piacenza e Guastalla;
2- Maria Clementina Franziska
Josepha da Áustria, casada com seu tio,
o Príncipe Leopoldo de Nápoles e Sicília , o Príncipe de Salerno;
3- Marie Caroline Ferdinanda da Áustria, Crown
Princess of Saxony, casada com o Príncipe
Frederico Augusto da Saxônia, futuro Rei da Saxônia de 1836 até a sua morte, filho
de Maximiliano, Príncipe da Saxônia , e Princesa Caroline de Bourbon - Parma .
Irma do Arquiduque:
Sua Imperial Real e Apostólica Majestade, por
Graça de Deus, Ferdinando I, Imperador da Áustria, Presidente da
Confederação Alemã , Rei da Hungria e Bohemia, da Lombardia e de Veneza , da
Dalmácia , da Croácia , da Eslavônia , da Galicia, da Lodomeria, da Ilíria, de
Jerusalém, e domínios associado, foi convencido
por Felix zu Schwarzenberg a abdicar em favor de seu sobrinho, Franz Joseph (o
próximo na linha era o irmão mais novo de Ferdinand Franz Karl , que renunciou aos
seus direitos de sucessão em favor de seu filho, que iria ocupar o Trono austríaco
para os próximos 68 anos, o famoso marido da Sissi.
Sobrinha-neta, através de seu avô
paterno, da Rainha Maria Antonieta de França, a guilhotinada.
A Arquiduquesa Leopoldina nasceu no Palácio de Schönbrunn ,
Domingo, 22 de janeiro de 1797, e era
uma das doze crianças do Imperador.
Os filhos do
Imperador da Áustria, apesar das Guerras e conflitos com a França
Revolucionaria e Napoleônica, tiveram uma educação primorosa.
Leopoldo II, Arquiduque da Áustria, Imperador do Santo
Império Romano, Rei da Boêmia, Croácia e Hungria, Grão-Duque da Toscana , teve
a sua educação influenciada pelo Iluminismo (Idade da Razão), um movimento
cultural e intelectual europeu, que se alastrou a partir do final do século
XVII até o início da Revolução Francesa, que tinha como objetivo de dissipar as trevas da humanidade
através das luzes da razão, por isso esse
período histórico é conhecido como “ siècle des Lumières”, oq eu o
tornou um dos Déspotas esclarecidos, juntamente com Frederico, o Grande, Rei da Prússia, Catarina , a Grande,
Czarina de Todas as Rússias, entre outros.
Leopoldo II, que era
avô paterno de Maria Leopoldine, determinou que certos os princípios educacionais deveriam
ser seguidos pelos membros de sua Imperai
Família, entre eles que as
mulheres tinham que ter um nível cultural altíssimo, influenciado pelo
Iluminismo.
Assim, desde pequena, Maria Leopoldine seus irmãos e suas
irmãs foram submetidos a um programa intensivo de aulas diário, adquirindo
conhecimentos científicos, políticos, histórico e artístico, além de aprender
idiomas estrangeiros, incluindo o francês, o italiano, o alemão e o latim.
Entre os exercícios estava
o hábito de exercitar caligrafia, escrevendo o seguinte texto:
“Não oprimir os pobres.
Seja caridoso. Não reclame sobre o que Deus lhe deu, mas melhorar seus hábitos.
Devemos nos esforçar sinceramente para ser bom."
As crianças imperiais foram ensinadas na arte do desenho, da musica/piano,
equitação e caça.
Sua mãe morreu quando ela tinha dez anos de idade e seu pai
passou a se casar novamente com Maria Ludovika da Áustria-Este, aquém Maria Leopoldine considerou como sua
"mãe espiritual".
Maria Leopoldine teve a oportunidade de conhecer Johann
Wolfgang von Goethe .
Maria Leopoldine era apaixonada pela ciências naturais, especialmente botânica e
mineralogia.
Ela foi formada de acordo com os três Habsburgo princípios:
1- disciplina;
2- piedade;
3 - senso de dever dinástico.
‘Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores
das grandes potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre 2 de
maio de 1814 e 9 de Junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa
político do continente europeu após a derrota da França napoleônica na
primavera anterior , restaurar os respectivos Tronos às Famílias Reais
derrotadas pelas tropas de Napoleão Bonaparte (como a restauração dos Bourbon)
e firmar uma aliança entre os burgueses e a nobreza’.
O congresso foi presidido pelo estadista austríaco Príncipe
Klemens Wenzel von Metternich ,e os termos
de paz foram estabelecidos com a assinatura do Tratado de Paris de 30 de Maio de 1814.
Para ser ouvido pelas potencias
europeias, conta à lenda que graças ao conselho do representante de Luís XVIII,
Rei de França, e seu Ministro de
Negócios Estrangeiros, Charles-Maurice,
Príncipe de Talleyrand-Périgord, ao
representante português, Dom Pedro de
Sousa Holstein, foi que o então Príncipe-regente Dom João Maria de Bragança
(futuro Rei Dom João VI), elevou Estado do Brasil (1621-1815), uma colónia
portuguesa, a Reino Unido com o Reino de Portugal e Algarve, em 16 de dezembro
de 1815.
“A Espanha e Portugal não foram
recompensados com ganhos territoriais, mas tiveram restauradas as suas antigas
dinastias” pelo o Tratado de Paris de 30
de Maio de 1814, ponto final do Congresso
de Viena .
Rico Império transcontinental, sua Soberana passou há ostentar
o impressionante Titulo de Sua Majestade Fidelíssima Dona Maria I, pela Graça
de Deus, Rainha de Portugal, Brasil e
Algarves, d'aquém e d'além-mar em África, senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação
e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia...
Realmente a Casa de Bragança reinava sobre um Império
Transcontinental.
Dom Pedro de Sousa Holstein, Conde de Palmela, Ministro Plenipotenciário ao Congresso de
Viena em 1814, apresentou as reivindicações
de Portugal sobre Olivenza , e pressionou
em favor de todas as outras do interesse de sua senhora a Rainha Dona Maria I, ajudado
pelos senhores Dom António de Saldanha
da Gama, Conde de Porto Santo, depois ministro
plenipotenciário junto a Corte de São
Petersburgo /Rússia, e Dom Joaquim Lobo da Silveira, Conde de Oriola, que assinou em nome do Príncipe-Regente a
Declaração dos Poderes, sobre a Abolição do Comércio de Escravos de 8
fevereiro de 1815.
Como “O congresso nunca teve uma sessão plenária de facto:
as sessões eram informais entre as grandes potências - Áustria, Rússia, Prússia ,Reino Unido e a
França, vencida mais não derrotada em nível diplomático ” a “ a
maioria das delegações pouco tinha que fazer, assim o anfitrião, Francisco I, Imperador da
Áustria, oferecia entretenimento para as
manter os seus membros ocupados. Isto levou a um comentário famoso pelo
Príncipe de Ligne: ...“le Congrès ne marche pas; il danse (o Congresso não
anda; ele dança)”.
Em 1817, Dom Pedro de Sousa Holstein, ainda Conde de Palmela,
( elevado a Duque em 1850), foi chamado ao Rio De janeiro para exercer o cargo de Ministro dos Negócios
estrangeiros.
Para as démarches de Dom João na Europa foi encarregado Dom Pedro
José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, sexto Marquês de Marialva e oitavo de Conde
de Cantanhede, conselheiro de Estado e estribeiro-mor de Sua Majestade
Fidelíssima.
Um nobre por mim muito admirado.
Em 1814, após a Restauração em França, o
Príncipe-Regente nomeou o Marquês de Marialva Embaixador Plenipotenciário junto a Sua
Majestade Luís XVIII , o encarregando de felicitar o monarca em nome de Dona Maria I e
no dele, Dom João.
Ainda no cargo em Paris foi o Marquês de Marialva escolhido
para providenciar o casamento de Dom Pedro, então Sua Alteza Real, o Príncipe
Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, por Dom João VI, ainda de
luto pela morte de sua mãe, a Rainha Dona Maria I, ocorrida em 20 de Março de 1816.
A busca já durava um ano, pois um casamento entre as Dinastias
era um verdadeiro tratado de relações
exteriores , já que estavam em jogo interesses dinásticos, políticos e econômicos
para os Soberanos envolvidos, suas Coroas e seus Tronos.
Dom João VI, o Sábio, tinha consciência da importância da
Casa de Habsburgo e da influencia continental do Chanceler do Imperador da Áustria , o
antiliberal Klemens Wenzel Lothar
Nepomuk von Metternich, Príncipe de Metternich-Winneburg-Beilstein, uma espécie
de arbitro e responsável pela paz universal .
A Inglaterra, o UK,
era uma aliada inconveniente, criadora de casos, por ter sua Marinha
escoltado a Família Real e a Corte portuguesa
até o Brasil cobrava uma fatura muito, mas muito, alta, submetia
Portugal a um monopólio econômico
intolerável, como era a “ rainha dos Mares” atormentava diretamente os responsáveis pelos governos dos domínios do Soberano de
Portugal “d'aquém e d'além-mar” e Dom
João queria "mudar o status quo".
O pobre do Dom João ainda estava as voltas com um Portugal devastado e
empobrecidíssimo, com rebeliões de orientação liberal , com as sociedades
secretas, com os movimentos objetivando
uma convocação das Cortes, com os apelos deselegantes para o seu retorno imediato a Lisboa e o restabelecimento dela com a verdadeira Metrópole do Reino de Portugal,
a exigência de muitos para que o Brasil voltasse a ser uma Colônia e seus
produtos comercializados via comerciantes estabelecidos em Portugal
Continental, enfim tudo o que ele de
coração não desejava.
No Sul do Rio de Janeiro havia a “a questão de Montevidéu e
da Banda Oriental do Rio da Prata que vinha sendo motivo de conflito com a
Espanha”, uma terrível dor de cabeça.
Dom João precisava do “obter o apoio do Império Austríaco ”
e só havia uma forma dele conseguir esse intento que era o casamento de seu Herdeiro com uma
Arquiduquesa da Áustria. (o casamento lhe traria a proteção da Santa Aliança ,
um acordão entre o Império Russo, o Império
Austríaco e o Reino da Prússia realizado
em Paris no dia 26 de setembro de 1815, depois da queda de Napoleão).
Pesou os prós e os contras, pensou muito e despachou o
Marques de Marialva para Viena tendo como finalidade conseguir um casamento
para seu Herdeiro com uma Arquiduesa da Áustria.
Queria o Bom Rei ter paz em seu ensolarado e amado Rio de Janeiro.
Que Pedro e sua Arquiduesa fossem reinar em Portugal, ele
ficaria em São Cristóvão, tomando seus banhos de mar na ponta do Caju.
Marialva era um verdadeiro grão-senhor, um homem do mundo, não podemos esquecer que foi ele o responsável
pelas negociações entre os participantes da Missão Artística Francesa e o Conde
da Barca (António de Araújo e Azevedo) então Ministro e Secretário de Estado dos Negócios
do Reino, uma espécie de Primeiro-ministro de Dom João, para vinda deles para o
Brasil, talhado para essa difícil missão diplomática.
Quem não se lembra da Missão composta por J. Lebreton,
Jean-Baptiste Debret, Nicolas e August Taunay, Auguste-Henri de Montigny,
Charles-Simon Pradier e Zépherin e Marc Ferrez, entre outros, que mudou a Corte
do Rio Janeiro.
O Marquês de Marialva ao entrar em Viena da Áustria demostrou
a riqueza e o poder de seu Soberano, pois o cortejo era de 42 esplendidas carruagens,
com cavalos ajaezadas em ouro e prata, equipagem em luxuosos libres com as
cores do Soberano de Portugal.
A entrada da
Embaixada de Portugal causou frenesi e foi um acontecimento que entrou, e bem, para a Historia do reinado de Francisco I.
Não podemos nos esquecer de que “o Brasil era visto na
Europa como um país distante demais, atrasado e inseguro” e Portugal era um país
pobre e devastado ao Deus dará.
Dom Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, sexto
Marquês de Marialva e oitavo de Conde de Cantanhede , em sua bagagem levava ouro,
diamantes e outras pedras preciosas vindas do Brasil para presentear os membros
da Corte de Viena e ao corpo diplomático acreditado junto ao Imperador da Áustria, e assim torna-los favoráveis ao casamento pretendido por Dom João.
Fala-se dos gastos de El Rey, mas, na verdade ”parte das
despesas foram custeadas pelo próprio Marques e nunca reembolsadas”.
Enquanto Marialva fazia o seu trabalho, o representante do Reino
Unido junto a Corte de Viena trabalhava contra o casamento, pois a Inglaterra
sabia das consequências politicas em decorrência deste enlace dinástico.
O inglês apresentava senhor Dom Pedro como epilético tendo
varias crises de epilepsia por dia, de sua vida libertina, de sua educação não
ser das mais apuradas, enfim ser o “grosso” que realmente era, enquanto
Marialva o descrevia como um verdadeiro deus grego, de uma beleza impar, de uma
masculinidade invejável, etc e tal.
Depois que muitas mentiras foram ditas ( exemplo delas foi que o embaixador garantiu que a Corte
estava decidida a voltar para Portugal logo que o Brasil demonstrasse que havia
seguramente "escapado das chamas das guerras da independência que
avançavam nas colônias espanholas), muitas barras de ouro e muitos diamantes mudarem
de mãos, o Imperador Francisco I e seu
ministro Metternich ficaram convencidos que
uma nova aliança com um Rei tão rico, Soberano de um vasto Império
transcontinental, seria um pacto
vantajosíssimo, que criaria um elo entre eles e o Novo Mundo, podendo fortalecer o regime
monárquico em ambos os hemisférios e criando para a Áustria uma nova zona de
influência.
A Arquiduquesa escolhida foi Maria Leopoldine Josepha
Caroline von Österreich ou von Habsburg-Lothringen.
Como primeiro ato, Marialva presenteou a Arquiduquesa com um
medalhão com a imagem de Pedro, preso a um colar de diamantes de primeira água.
Maria Leopoldine achou o noivo lindo e em carta à irmã Maria
Luísa, que havia se casado com o feioso
Napoleão, por elas chamado de O Ogro, agora Duquesa de e Parma, Piacenza e
Guastalla e de Lucca, na península italiana,
chegou a compará-lo a Adonis, confessando que já tinha olhado para a
imagem mais de mil vezes.
“O contrato foi concluído em 29 de novembro de 1816, e
assinado”.
“A cerimônia do casamento, celebrada pelo Arcebispo de
Viena, se realizou na terça-feira dia 13 de maio de 1817, por procuração, na
igreja de Santo Agostinho, em Viena. D. Pedro foi representado pelo arquiduque
Carlos Luís (1771-1847), ou Karl Ludwig, grande chefe militar, herói da batalha
de Aspern (casariam de novo em 6 de novembro de 1817 no Rio)”.
"O ponto culminante das cerimônias de casamento foi
atingido no Augarten de Viena onde, a 1 de junho, Marialva, que tinha tido
poucas oportunidades para revelar o esplendor, riqueza e hospitalidade de sua
nação, deu uma suntuosa recepção para a qual fizera preparativos durante todo o
inverno”.
“Pouco tempo antes do casamento, duas fragatas austríacas, a
Áustria e a Augusta, partiram para o Rio, com os móveis e decorações para a
embaixada da Áustria recém instalada no Rio, o equipamento para uma expedição
científica ao interior do Brasil e numerosas mostras de produtos comerciais
austríacos, para fúria dos ingleses."
“O cortejo matrimonial deixou Viena com esplendor em 3 de
junho, em uma quinzena tinham atingido Florença, mas a esquadra portuguesa só
chegou a Livorno a 24 de julho. O comboio matrimonial partiu a 15 de agosto, com
a Princesa e 28 pessoas da comitiva na
nau Dom João VI e o recém nomeado Embaixador austríaco, Conde de Elz com seus
auxiliares na nau Dom Sebastião.
De agora em diante a Princesa Real passaria a assinar Maria
Leopoldina, a nossa Dona Leopoldina, a Libertadora.
À chegada ao Rio, se deu em 5 de novembro.
Bonita de rosto, mas gorda,
extraordinariamente culta para sua época, com grande interesse pela
botânica, causou espanto ao Real Sogro,
a família Real e a seu marido, um ignorantão de marca maior e apreciador das
belas mulheres.
Jean Baptiste Debret
ornamentou a cidade do Rio de Janeiro para esconder a sua feiura e pobreza.
Orgulhoso dizia em alto e bom som apara quem quisesse ouvir:
"J’ai été chargé
d’exécuter gracieusement pour elle quelques—uns de ces dessins, ce qu’elle
(l’impératrice) osait demander, affirmait-elle, au nom de sa soeur, l’ancienne
impératrice des Français." (ou seja, "Fui encarregado de executar
graciosamente para ela alguns desenhos que ela ousava pedir, dizia, em nome de
sua irmã, antiga Imperatriz dos Franceses.") .
A Corte Portuguesa tinha dado no pé de seu Palácio Real de Queluz exatamente por causa
do marido dessa “antiga Imperatriz dos Franceses”, mas ele não estava nem ai para cor da chita.
Boa caçadora acompanhou o marido em caçadas na planície de
Jacarepaguá durante a lua-de-mel.
“O jovem casal foi instalado em uma casa de campo nos
terrenos da Quinta da Boa Vista”.
O Barão de Eschwege, que veio na comitiva, escreveu para
Viena: "Por falar no Príncipe Herdeiro, posto que não seja destituído de
inteligência natural, é falho de educação formal. Foi criado entre cavalos, e a
Princesa cedo ou tarde perceberá que ele não e capaz de coexistir em harmonia.
Além disso, a Corte do Rio é muito enfadonha e insignificante, comparada com as
Cortes da Europa".
E era mesmo.
Era ‘enfadonha e insignificante’ desde Portugal, dos tempos
do Palácio Real de Queluz, pois além de tudo imperava uma religiosidade tacanha
e supersticiosa.
Dona Leopoldina criada a Luz do Iluminismo se chocava com o fato e a Corte se chocava
com ela e sua educação.
Em 25 de abril de
1821 o senhor Dom João VI, a contra gosto e “ após uma permanência de treze
anos no Brasil, do qual levou saudades”, Dona Carlota exultante, os restos
mortais da rainha Dona Maria I, a Corte, todo o efetivo do Tesouro Real, embarcaram para Portugal em uma
frota de 11 navios, e Dom Pedro com Dona Leopoldina ficaram no Brasil.
“Reza a tradição que antes de seguir viagem para Portugal Dom
João VI teria antecipado os futuros
acontecimentos dizendo para o Herdeiro: ‘Pedro, o Brasil brevemente se separará
de Portugal: se assim for, põe a coroa sobre tua cabeça, antes que algum
aventureiro lance mão dela’ ”.
Enquanto Dom Pedro tinha dificuldades para se impor como Regente do Brasil, incapaz de dominar o
caos estabelecido pelas tropas
portuguesas, acantonadas em condições
anárquicas, a culta Princesa Real
abraçou a causa do Povo Brasileiro manifestando seu desejo de que o
Brasil se torna-se independente de Portugal.
Dom João e Dom Pedro comungavam da ideia de que Portugal sem
o Brasil estava em maus lençóis e que o Brasil sem Portugal não teria voz junto
à potencias europeias, e jogavam junto, conforme o próprio Duque de Palmela em
suas Memorias revela, indo mais longe “
de que a independência brasileira teria sido realizada em comum acordo
entre o Rei e o Príncipe”.
Então Dom Pedro dava uma martelada no prego e outra na
ferradura, postura totalmente diferente adotada pelo senhora Dona Leopoldina.
As Cortes Gerais e
Extraordinárias da Nação Portuguesa queriam transformar o Brasil de novo numa colônia e, através
de seus agentes, fomentavam a rebeldia
da Tropa, mas, também, a revolta dos portugueses espalhados no Brasil contra o
Regente.
Estava sendo comprometida a nascente unidade brasileira como
Nação independente , pois em algumas regiões era forte o sentimento anti- português
e pela independência, e em outras
O apoio claro as Cortes de Lisboa.
Além disso, Jorge de Avilez Zuzarte de Sousa Tavares, 1º
Visconde do Reguengo e 1º conde de Avilez, afrontava abertamente ao Regente exigindo o seu embarque para Lisboa
custasse o que custasse, a ponto de a frente da Tropas Portuguesas “recuar para a Praia Grande, em Niterói, que fortifica-la
para dar combate aos fieis a Dom Pedro, mas de onde acabou sendo expulso junto com
seus comandados.
Por conta desta postura de Jorge de Avilez, Dona Leopoldina
foi obrigada a fugir do Paço de São Cristóvão para a Real Fazenda de Santa
Cruz, e por causa disso o Príncipe Dom João Carlos Pedro Leopoldo Borromeu de
Bragança, Príncipe da Beira e Herdeiro do Herdeiro do Trono, seu terceiro
filho, veio a falecer com apenas 11 meses. Dona Leopoldina nunca perdoou a
Avilez e aos portugueses por esta morte.
Dona Leopoldina se apercebeu que o Brasil já estava perdido
para Portugal e se não fosse tomada nenhuma providencia aconteceria conosco o
que aconteceu com o Império Espanhol nas Américas, as colônias se separariam
sem formar uma grande Nação.
Incentivou o movimento para reunir assinaturas a favor da
permanência deles no Brasil.
Segundo consta conseguiram 8 mil assinaturas e aconteceu o Dia
do Fico, 9 de janeiro de 1822.
Dom Pedro acabou declarando para depois ser ovacionado no Campo
de Santana , depois Campo da Aclamação, atual Praça da República “Se é para o bem de todos e felicidade geral
da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico".
O Príncipe foi triunfalmente recebido nas Minas Gerais.
Contudo São Paulo estava agitada e Dom Pedro resolveu vista-la para acalmar os ânimos.
Afastou-se da Regência passando todos os Poderes para Dona
Leopoldina em a 13 de agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e
com o Titulo de Princesa Regente Interina do Brasil.
Quero chamar atenção que Dom Pedro estava de férias, apesar
do motivo da viagem ser aclamar os paulistas assanhados para proclamar uma Independência
isolada, sem o resto do Brasil.
Chegaram noticias terríveis de Lisboa e Dona Leopoldina não
se fez de rogada , afinal ela era uma Habsburgo, bisneta de Maria Teresa, a
Grande, e chamado a José Bonifácio de
Andrada e Silva solicitou a convocação do Conselho de Estado para uma reunião
na manhã de 2 de setembro de 1822.
Nesse dia, 2 de setembro de 1822, Sua Alteza Real Dona Maria
Leopoldina, Princesa Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves,
Duquesa de Bragança, nascida Arquiduesa da Áustria, assinou o decreto que declarava
o Brasil independente de Portugal.
Foi Dona
Leopoldina que declarou a Independência.
Foi Dona
Leopoldina que assinou o ato em 2 de setembro de 1822.
Só coube a Dom Pedro aceitar o fato consumado...
Do resto nos já sabemos.
Por isso é que eu
sempre afirmo que Maria Leopoldina Josefa Carolina de Áustria, nossa boa Dona
Leopoldina, é a “Mãe da Nacionalidade Brasileira”.
E tenho dito,
Jorge Eduardo Fontes Garcia
São Paulo, Brasil.
Na Rua Piaui.
Quinta-feira, 4 de setembro de 2014.
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