quarta-feira, 2 de julho de 2014

Jorge Eduardo Garcia: Deu no O GLOBO: História do carro Gräf & Stift que deu início à 1ª Guerra Mundial.


O século que começou dentro de um carro: atentado ao arquiduque Francisco Ferdinando completa 100 anos

POR JASON VOGEL – O Globo
02/07/2014
RIO - No último sábado, um dos episódios mais importantes da História completou cem anos. Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, príncipe herdeiro de Áustria, Hungria e Bohêmia, foi assassinado numa rua de Sarajevo, na Bósnia. Um estopim que detonou a 1ª Guerra Mundial.
No atentado cometido pelo estudante Gavrilo Princip, da organização nacionalista sérvia Mão Negra, morreu também a duquesa Sofia, esposa de Francisco Ferdinando.
Um mês depois do crime, o Império Austro-Húngaro declarou guerra contra a Sérvia, levando Alemanha, Inglaterra, França, Rússia e muitos outros países ao primeiro conflito em grande escala da era industrial. Começava a 1ª Guerra Mundial (na época chamada apenas de “Grande Guerra”).
Para muitos historiadores, o atentado em Sarajevo marca o momento em que o século XX começou para valer. A guerra só acabaria em 1918, deixando 19 milhões de mortos, alterando fronteiras e mudando o eixo econômico do planeta: da decadência europeia brotava a emergência dos EUA.
BOMBA E TIRO
O atentado ao arquiduque teve como palco um carro da marca Gräf & Stift. Carregado de fatos e lendas, este automóvel existe até hoje, bem preservado no Heeresgeschichtliches Museum (Museu de História Militar), em Viena, na Áustria. Em termos funestos e políticos, supera até o Lincoln Continental em que John Kennedy morreu em 1963.
O fatídico Gräf & Stift tinha uma carroceria tipo double phaeton (espécie de limusine conversível) e fora fabricado em 1911. Não pertencia ao arquiduque Francisco Ferdinando e, nem sequer, a alguma frota oficial. Seu dono era o conde Franz von Harrach, oficial do exército austríaco.
Fato é que Francisco Ferdinando chegou de trem a Sarajevo e foi levado à câmara municipal no Gräf & Stift. No caminho, Nedeljko Cabrinovic, um militante da Mão Negra lançou uma bomba contra o automóvel. Leopold Lojka, o motorista, conseguiu desviar e o artefato explodiu em outro dos seis carros da comitiva, ferindo seus ocupantes.
Ainda assim, o arquiduque foi à prefeitura. Após o discurso, decidiu ir ao hospital onde estavam os feridos pela bomba. Houve um desvio da rota planejada e, na tentativa de se fazer o retorno, o carro empacou justamente onde estava Gavrilo Princip. Por obra do acaso, o terrorista de 19 anos se viu a apenas 2 metros de distância do Gräf & Stift e aproveitou a oportunidade: sacou uma pistola e deu dois tiros na direção do automóvel, ferindo mortalmente Francisco Ferdinando e a duquesa Sofia.
O Gräf & Stift foi levado de volta a Viena, onde permanece até hoje com as marcas dos dois atentados que sofreu em 28 de junho de 1914.
MITOS E LENDAS
Conta-se que, após a guerra, o mesmo Gräf & Stift esteve envolvido em diversos acidentes: num, o “governador da Iugoslávia” perdeu o braço; noutro, capotou e matou seu dono.
Os “causos” incluíam um desastre em corrida, uma queda de ribanceira, colisões e até o bombardeio do museu onde o Gräf & Stift fora aposentado. Tudo, porém, é ficção, fruto da imaginação fértil de um radialista americano que escreveu um conto nos anos 50.
Mas, nessa história há uma coincidência que nada tem de boato: o armistício da 1ª Guerra foi assinado em 11 de novembro de 1918. E a placa do Gräf & Stift é A-III-118 (leia-se: “A” de armistício, 11-11-18)...

O Gräf & Stift Double Phaeton que foi palco do atentado hoje é parte do acervo do Museu Militar, em Viena

Read more: http://oglobo.globo.com/estilo/carros/a-historia-do-graf-stift-que-deu-inicio-1-guerra-mundial-13095686#ixzz36KhGa2El

Nenhum comentário:

Postar um comentário