quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

OS REGO & OS COUTOS, a história de uma família sertaneja. Por : Alphonsus de Guimarães


Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro (Lisboa, 21 de março de 1846 — 23 de janeiro de 1905) foi um artista português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio que a levou a uma qualidade nunca antes atingida. É o autor da representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo português.
Filho de Manuel Maria Bordalo Pinheiro (1815-1880) e D. Maria Augusta do Ó Carvalho Prostes, em família de artistas, cedo ganhou o gosto pelas artes, desenvolvendo a sua faceta de caricaturista, ilustrador e decorador.
Em 1863, o pai arranjou-lhe um lugar na Câmara dos Pares, onde acabou por descobrir a sua verdadeira vocação, motivado pelas intrigas políticas dos bastidores.
Em 1875 criou a figura do Zé Povinho, publicada n'A Lanterna Mágica (1875). Nesse mesmo ano, partiu para o Brasil onde colaborou em alguns jornais e enviava a sua colaboração para Lisboa, voltando a Portugal em 1879, tendo lançado O António Maria (1879-1885;1891-1898).
Experimentou trabalhar o barro em 1885 e começou a produção de louça artística na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.
Faleceu a 23 de janeiro de 1905 em Lisboa, no nº 28 da rua da Abegoaria (atual Largo Raphael Bordallo-Pinheiro), no Chiado, freguesia do Sacramento, em Lisboa.
Teve funeral católico, no qual participaram várias dezenas de pessoas, incluindo políticos de destaque.
Destacou-se a oração fúnebre do jovem médico António José de Almeida. Segundo José-Augusto França foi está até então a maior consagração pública prestada a um artista plástico em Portugal.
Falaremos dele ao final.

Uma explicação:
O que era COUTO?
Couto (do latim cautum; cotum, coto, couto e coito) definia, no século IX, um lugar imune.
As doações de couto, frequentes entre os séculos IX e XIII, como expressão senhorial, implicavam o privilégio da proibição de entrada de funcionários régios (juízes, meirinhos, mordomos etc.) na terra coutada.
Definia-se oficialmente, no reinado de D. Dinis, o ato de coutar uma terra como escusar os seus moradores da hoste e do fossado, do foro e de toda a peita, ou seja, imunidade perante os impostos e justiça reais.
As cartas de couto podiam ser concedidas pelo Rei (como recompensa de serviços ou por necessidade de povoamento) a nobres ou eclesiásticos e pelos senhores da terra ou pela Igreja, dentro dos seus domínios.
Desde o início do século XIII, são tomadas medidas de repressão dos abusos que existiam nos coutos.
A legislação do século XV reduziu-os, praticamente, aos coutos dos homiziados, ao lado das coutadas, que continuaram como último vestígio dos privilégios senhoriais.
Os coutos de homiziados constituíam-se em terras a que poderiam acolher-se, libertando-se das penas em que tivessem incorrido, quaisquer criminosos, salvo os incriminados por aleive (traição).
Uma lei de 1433 excluía do direito de asilo nos coutos os crimes de traição, heresia, sodomia, homicídio e furto público.
Note-se que as Ordenações Manuelinas excluíram dos coutos os moedeiros falsos, os falsários de escrituras e os que atacassem os oficiais da justiça.
Com as conquistas ultramarinas, as praças de Marrocos, a costa de África e o Brasil converteram-se em autênticos coutos de homiziados, sujeitos à legislação da Metrópole.
Todos os coutos foram extintos por lei de 1692, embora só acabando definitivamente em 1790.
O termo também era utilizado como ordenação, multa, apreensão de bens, proteção, limite e marco.


Família do Rego: Nome de raízes toponímicas, deriva da honra desta designação, no lugar de Lordelo, comarca de Lanhoso. Parece ter sido o fundador da família Lourenço do Rego, que vivia em meados do século XIII, e que deixou descendência que lhe continuou o nome. Lanhoso é uma freguesia portuguesa do concelho de Póvoa de Lanhoso. Fonte: http://geneall.net/pt/familia/779/rego-rego/
Um dos bastardos de Pedro do Rego, esse um dos filhos de Lourenco do Rego e de mulher desconhecida, recebeu de Sancho II, o Capelo, quarto Rei de Portugal, de 25 de março de 1223 até 4 de janeiro de 1248, o Couto do Rego.
Portanto Estêvão do Rego era senhor do Couto do Rego já no século XIII.
Os Regos lucravam com a bandidagem que no Couto se refugiava.

Família Couto: “A pessoa mais antiga que se conhece com este apelido é Rui Gonçalves do Couto, o Babilão, assim chamado por ter ido a Babilónia. Era filho de Gonçalo Rodrigues da Maia, o Velho, e de sua mulher, D. Sancha Gonçalves de Belmir, o qual foi senhor do couto de Palmazões e por sua vez, era filha de Rodrigo Gonçalves, senhor do mesmo couto. Rui Gonçalves da Maia ou do Couto, obrou grandes façanhas na Babilónia, de onde veio rico. Viveu em Entre Douro e Minho, recebeu-se com D.Estevainha e foi senhor do couto de Palmazões, do qual tomou apelido. Seu filho Fernão Rodrigues Babilão teve o senhorio do mesmo couto e por não haver geração do matrimónio contraído com D. Elvira o deu, em 1298, ao mosteiro de Santo Tirso. O apelido de Couto continuou-se por outros irmãos, que deixaram descendência”. Fonte: http://brazaoazores.no.sapo.pt/lobao-couto.htm
Por volta de 1650, Maria Afonsa do Couto casou com Martim do Rego. Da junção das familias de senhores de Coutos, nasceu a Rego do Couto.
Em 1692 por ordens de Dom Pedro II, o vigésimo terceiro Rei de Portugal e o 3.º Rei da Dinastia de Bragança, que reinou de 12 de setembro de 1683 a 9 de dezembro de 1706, os Coutos foram extintos, e com medo da Justiça de El Rey os Regos do Couto fugiram de mala e cuia, e é claro que com muitos de seus apaniguados, aliás uma turma mambembe, para o Brasil.
A “ mambembada” bateu em Pernambuco.
Mais, o clima não estava nada bom, pois os Senhores de Engenho estavam em luta contra os pecuaristas pela dominação do território.
Essa disputa ganhou tais proporções que “ a coroa portuguesa teve que escrever a Carta-Régia de 1701 que determinava a divisão das terras. Com isto, o litoral permaneceu com os senhores de engenho, e o sertão passou para os pecuaristas, que se viram obrigados a levar seus rebanhos para o interior do continente, o que acabou por colonizar estas terras, criando cidades que existem até hoje”.
Fonte: http://www.colegioweb.com.br/historia/colonizacao-no-nordeste.html#ixzz3wTv8754S
Ricos, mas sem condições de adquirir um engenho, os Rego do Couto compraram um grande rebanho e marcharam para o Sertão Nordestino.
E lá se foi a “ mambembada” pelo sertão adentro até que depararam com um Boqueirão, uma quebrada entre montanhas.
Na mentalidade de Martim do Rego um local que bem poderia dar asilo a criminosos, dar refúgio a bandidagem por bom preço, no que concordou seu homem de confiança, Oscar Alinho.
O local passou a ser conhecido como “o Boqueirão do Rego do Couto”, e com o tempo somente o “Boqueirão do Coito”, pois os nordestinos, isso em sua maioria, troca o U pelo I de certos nomes.
Bandido que queria fugir ia se abrigar no “Boqueirão do Coito”.
E a família do Rego cresceu e se multiplicou.
Alguns levando o nome Couto, outros não.
Alguns apaniguados adotaram o nome Coutinho, que o povo chamou de os “ Coitinho”.

E a vida continuou no sertão nordestino do Brasil Colônia, do Brasil Reino do Brasil Império....

O já citado no início desse estudo o português Bordalo Pinheiro no Rio de Janeiro, então a sede da Corte do Império do Brasil, fundou o “ ‘Psit!!! Hebdomadário cómico ilustrado’, lançado em 15 de setembro de 1877 e que durou escassos 3 meses, já que a 17 de novembro foi publicado o seu último número, num total de nove números”.
Entre os papeis que ao voltar para Lisboa em 1879, Bordalo Pinheiro deixou no Rio de Janeiro estava uma lista de sugestão de Títulos Nobiliárquicos para ser fornecida ao Imperador Dom Pedro II quando esse nobilita-se os membros da Família do Rego.
A saber:
Aos senhores Jacinto Pinto Aquino Rego, Jacinto Dores Aquino Rego, Jacinto Leite Aquino Rego, José do Rego Melo Pinto, Eudes do Rego Penteado, Romeu Aquino Rego Pinto, fosse dada uma comenda para eles continuarem envergando seus próprios sobrenome como Comendadores. Exemplo: Jacinto, Comendador Pinto Aquino Rego, e assim por diante.
Os Títulos que podiam ser de Conde, Visconde ou Barão:
...do Boqueirão do Coito;
... do Boqueirão do Coito Quente;
...do Rego Formoso;
...do Rego Seco;
...do Rego Largo;
...do Rego Estreito.
E por aí ia....

Querendo nos, ou não, Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro, ou simplesmente Bordalo Pinheiro era um pandego numa época em que o detentor do Poder Moderador no Brasil era conhecido como PEDRO BANANA.

E assim se conta a história de uma família que se estabeleceu no Sertão Nordestino, sertão esse que se estende pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, atingindo ainda a Mesorregião Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha no Estado de Minas Gerais.

Alphonsus de Guimarães 

Rio de Janeiro 20 de agosto de 1954

Alphonsus de Guimarães do Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade.


Introdução.
Alphonsus de Guimarães
No ano de 1954 minha família morava em uma pacata rua do Posto Seis, em Copacabana, na Cidade do Rio de Janeiro (então Capital Federal), quando a vizinhança foi acordada, à noite, pelos gritos de minha Tia Carmem chamando meu pai.
Os berros e a buzinação eram tão intensos que até eu acordei.
Pendurado na janela ouvi quando ela disse em alto e bom som: “- O Dr. Getúlio morreu”.
Meu pai chegara tarde a casa -- o que não era seu hábito -- e o ambiente não estava dos melhores; ouvindo o que minha tia “berrava”, tratou logo de fazê-la entrar.
Com ela vinha um bem-posto senhor que eu não conhecia, e que repetia sem cessar, como se estivesse falando para ele mesmo, “que as coisas não estavam nada bem”.
Em meio ao bafafá, fiquei sabendo que seu nome era Alphonsus de Guimarães e que era, além de amigo de minhas famílias paterna e materna, um homem com “livre trânsito nas altas esferas do Poder, tanto em Portugal, quanto no Brasil, quiçá no Mundo, além de ser um grande observador da História”.
Sua figura muito me impressionou e povoou meu imaginário infantil, até que, na adolescência, voltei a encontrá-lo.
Deu-me então um precioso conselho: que eu fizesse da leitura o meu principal interesse na vida, pois, sem ler, uma criatura não saberia nada, e consequentemente, nada seria.
Até hoje sigo esse conselho como os Papas, em Roma, celebram diariamente as Santas Missas.
Por ocasião da última vez em que o vi, ele nada havia mudado fisicamente, tendo a mesma aparência de quando entrara, em 1954, em minha casa paterna.
Quem olhasse veria um elegante homem de meia idade, muito atarefado com sua bagagem e que quase perdera seu avião para a Europa, a ponto de, após rabiscar num papel meu novo endereço, entrar pelo portão de embarque gritando: “... eu te escrevo! ” -- o que, no fundo, no fundo, a mim parecera mais um “... até nunca”.
Porém o carteiro trouxe uma carta, depois outra, depois mais outras muitas, desse meu velho amigo; e elas são tão cheias de sabedoria, de novas visões dos problemas atuais, de conhecimentos das causas, de meditações sobre vários assuntos que podem afetar nosso futuro, e de análise do passado, que resolvi compartilhá-las com a maioria de meus amigos (e por que não com pessoas que passarei a conhecer agora?), neste livro, afinal Dom Alphonsus é um grande aventureiro, um douto que conhece as Aventuras Transcontinentais da Humanidade.
Em homenagem a esse notável homem que é Alphonsus de Guimarães  resolvi chamar este livro de Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade, já que me tornei um observador da Historia por sua influência,  posição essa que “povoou o meu imaginário” e , sobretudo, porque ele me deu o maior conselho que um ser humano pode dar a outro, ou seja, ler, ler sempre, cada dia mais, até o final de seus dias, pois somente assim estaremos continuamente aprendendo alguma coisa  antes não sabida.

Jorge Eduardo Garcia
Pensador Livre


São Paulo.