quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Macularam a Águia do G.R.E.S. Portela e perderam. Autor : Jorge Eduardo Fontes Garcia

Oswaldo Cruz é um bairro tipicamente residencial, com aproximadamente 40 mil habitantes, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, fazendo parte da XV Região Administrativa de Madureira.
O bairro de Oswaldo Crus “localiza-se entre os bairros de Madureira (leste); Bento Ribeiro (oeste); Campinho e Vila Valqueire (sul); e Turiaçu e Rocha Miranda (norte) ”.
Sua História começa com a abolição da escravatura quando “ os antigos latifúndios começaram a ser repartidos pela população pobre que se amontoavam no Centro do Rio por causa das reformas urbanas realizadas pelo prefeito Francisco Franco Pereira Passos, alcaide do Rio de Janeiro de          1902 a 1906 ”.
Nessa época o local era denominado de Rio das Pedras por causa do Rio das Pedras que a atravessa, e que hoje faz parte da Sub-bacia dos Rios Acari/Pavuna/Meriti (Vila Valqueire, Praça Seca, Campinho Oswaldo Cruz Bento, Ribeiro e Rocha).
Acontece que em 17 de abril de 1898 foi inaugurada a estação de trens da Estrada de Ferro Central do Brasil, antiga Estrada de Ferro D. Pedro II, que foi
denominada Estação Rio das Pedras, e “a partir daí a História do bairro se confunde com a da Ferrovia”, claro, pois facilitou o acesso.
“ Após a morte do médico e sanitarista Oswaldo Cruz, em 1917, a Estação Rio das Pedras passou a ser a Estação Oswaldo Cruz, e com o tempo o bairro nascente, que cresceu ao longo das ruas João Vicente e Carolina Machado, também, passou a ser denominado Oswaldo Cruz, sendo os seus primeiros logradouros oficializados no mesmo ano da mudança de nome da estação de trens, ou seja, 1917”.  

Paulo da Portela (Paulo Benjamin de Oliveira), O Cidadão Samba, cuja família se mudou em 1920 para Osvaldo Cruz, indo morar numa casinha de vila que hoje corresponde ao 338 da Estrada da Portela, fundou, no início do mesmo ano o "Ouro Sobre Azul", o primeiro bloco de Osvaldo Cruz, mais no estilo dos ranchos do que do samba, na casa de ‘seu’ Napoleão, pai de ‘seu’ Natal da Portela, um dos grandes festeiros do bairro.
Paralelamente “ nos idos de 1921, Dona Esther Maria Rodrigues e seu marido Euzébio Rosas, então porta-bandeira e mestre-sala do cordão Estrela Solitária, de Madureira, mudaram-se para Osvaldo Cruz, onde fundaram o bloco “Quem Fala de Nós Come Mosca”, bloco este frequentado tanto pelas pessoas do bairro, quanto por alguns artistas como Pixinguinha, Cartola, Roberto Silva, Augusto Calheiros, Donga, Gilberto Alves, entre outros”.
Em 1922 houve um desentendimento e uma turma capitaneada por Paulo da Portela fundou o bloco "Baianinhas de Oswaldo Cruz".
“Eram eles Galdino Marcelino dos Santos, Antônio Rufino dos Reis e Antônio da Silva Caetano, entretanto esse bloco não durou muito tempo, não teve vida longa”.


“Em 11 de abril de 1923, reunidos na Casa e Bar do Nozinho, na Estrada do Portela, número 412, os bambas Paulo da Portela, Antônio Rufino dos Reis e Antônio da Silva Caetano, entre outros, decidiram criar um outro nascendo assim o Conjunto Carnavalesco Osvaldo Cruz, que teve Paulo da Portela como seu primeiro presidente”.
Esse bloco só teve bloco documentação oficializada em 1926, mas podemos considera-lo como o embrião do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, tanto que a Tradicional Portela ignora a data de 1926, e considera a data 11 de abril de 1923 como o de sua fundação.
“O Pai de Santo Zé Espinguela em 20 de janeiro de 1929, um domingo, dia de Oxóssi para alguns e de São Sebastião para outro, realizou o primeiro concurso entre Escolas de Samba na Rua Adolpho Bergamini, no bairro de Engenho de Dentro”.
Desfilaram a Mangueira, a Estácio de Sá, e o Conjunto Oswaldo Cruz.
O vencedor desse concurso não oficial foi “ o Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz, que teve Paulo da Portela como seu primeiro presidente” e que mereceu um elogio do próprio carnavalesco Zé Espinguela. ”
Heitor dos Prazeres, compositor, cantor e pintor autodidata, estava entre os participantes do Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz, e foi o responsável pelo samba dessa vitória de nome Não Adianta Chorar.
Os vencedores resolveram mudar o nome para "Vae Como Pode", por causa de uma briga entre Heitor dos Prazeres e Antônio Rufino dos Reis, pois Heitor “ teria se apropriado dos direitos autorais de Rufino, registrando em seu nome o samba "Vai mesmo", prática comum entre os sambistas da época, mas não tolerada em Oswaldo Cruz”.
Era roubo de propriedade intelectual, mas naquela época já valia a esperteza, como foi o caso do registro de “Pelo Telephone. ”
Paulo da Portela se afastou da agremiação por um tempo, e Antônio da Silva Caetano se tornou o novo presidente, e foi ele que escolheu as cores azul e branco para a agremiação.
“ Também na mesma ocasião foi escolhida a águia como símbolo da entidade, pois esta simbolizaria, para Caetano, o voo mais alto que os sambistas desejariam alçar”.
AÍ É QUE ESTÁ O BUSÍLIS. 


Muda o nome, mais uma vez:
 “Em a 3 de março de 1935, o delegado Dulcídio Gonçalves, da Delegacia de Costumes e Diversos, na época, a responsável pela inscrição e desfile dos blocos carnavalescos, recusou-se a renovar a licença da Vae Como Pode, por considerar o nome chulo e indigno, ele próprio sugeriu que a agremiação fosse batizada como Portela, em referência a Estrada do Portela, onde os sambistas se reuniam, com a histórica frase: "Então vai se chamar Portela”. ”
“Assim, Paulo da Portela, Cláudio Manuel, José Natalino (“ seu” Natal), Candinho, Alcides Dias Lopes (Alcides Histórico), Manuel Gonçalves (Manuel Bam-Bam-Bam), Antonio Rufino e Antonio Caetano criaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, e com o novo nome, a escola de samba venceu pela primeira vez o desfile de carnaval carioca, com o enredo "O Samba Dominando o Mundo”. ”
“Durante o desfile, a escola levou para a avenida um rústico globo terrestre, idealizado por Antônio Caetano, introduzindo, desta forma, as alegorias nos desfiles das escolas de samba”.
“ Segundo o livro "Carnaval - Seis Mil Anos de História", de autoria de Hiram Araújo, durante todos os anos em que desfilou, conseguiu dois bicampeonatos, dois tricampeonatos, dois tetracampeonatos, um pentacampeonato, um hexacampeonato e um heptacampeonato, totalizando 21 títulos”.
Mais, voltemos ao AÍ É QUE ESTÁ O BUSÍLIS.
Antônio da Silva Caetano escolheu a Águia como símbolo da Portela porque “ esta simbolizaria o voo mais alto que os sambistas desejariam alçar”, portanto a Águia é o Símbolo Sagrado do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela.
“ Sagrado (do latim sacratu) refere-se a algo que merece veneração ou respeito religioso por ter uma associação com uma divindade ou com objetos considerados divinos”.
Muito bem.
Eu não gosto do trabalho do carnavalesco Paulo Barros, é um direito meu não gostar.
Não gostei mais ainda quando ele colocou um componente vestido de Moisés sobre o Símbolo Sagrado do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, a Águia, no desfile da Marquês de Sapucaí, a Passarela do Samba.
Seu carnaval foi denominado “No voo da águia, uma viagem sem fim...”, mas isso não lhe dava o direto de MACULAR A ÁGUIA DA PORTELA.
Não mesmo.
Não gostei, mesmo.
Que colocasse dezenas, centenas, de águias pelo desfile afora, mas não na Grande Águia que sempre abriu o desfile da agremiação, seu Símbolo Sagrado, para assim justificar o nome de seu carnaval, de sua criação para o Carnaval 2016.  
E tem mais:
Moisés, o «mais humilde do que todos os homens que havia sobre a face da terra» (Números 12:3), nunca andou sobre águia nenhuma, NUNCA.
Os fatos sagrados realizados por Moisés são de grande relevância para a História da Humanidade, pois, ele é um Profeta importantíssimo para o Judaísmo e para o Cristianismo, importância esta reconhecida até pelo Islamismo, portanto criar para o Homem Santo um fato profanador não está certo.
Colocar Moisés em cima de uma águia é fazer dele um personagem de historietas de fantasias, como o Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry que foi puxado por um bando de pássaros.  
Não se deve brincar com a Fé das pessoas.
Isso é um desrespeito.
Não podem.
Dessa “ extravagância” não se pode dizer que é uma exegese, uma interpretação um texto religioso, pois em nenhum versículo das Sagradas Escrituras fala de Moisés pegando carona no costado de uma águia, NENHUM.
O nome Moisés, em hebraico: מֹשֶׁה; moderno: Moshe, tem o significado de "retirado das águas", em referência às circunstâncias de sua adoção, mas isso não dá o direito do senhor Paulo Roberto Barros Braga, de Nilópolis, com 53 anos, colocar o Homem Santo na avenida Marques de Sapucaí passando sobre umas ‘coisas’ azuis que representavam as águas – quiçá o Mar Vermelho-  nos costados de uma águia, NÃO MESMO.
A chamada “interpretação poética de um artista” tem limites.
Eu não concordo nem um pouco com a chamada “Releitura de um fato bíblico”, porque não existe releitura de um fato bíblico.
Além do que a “liberdade de criação” não pode “esculhambar” com um acontecimento religioso, não pode afrontar a Fé das pessoas, e ele o fez com essa colocação de Moisés sobre a águia em meio a uma festa considerada profana pelos verdadeiros cristão e muçulmanos.
A Águia Pisoteada 

Isso sem falar, repito, dele ter conspurcado o maior símbolo da Portela, a Águia.
Ele afirma, e parece que foi, o seu Monarco, discípulo de Paulo da Portela, que que permitiu tal feito, e eu acredito pelo que vi na TV Globo, já que o senhor Barros até ajoelhou para beijar as mãos do velho compositor da Velha Guarda da Portela, afirmando que ele era o substituto de seu pai que morrera a dois anos, mas será que os portelenses à antiga, como eu, concordam com o feito?
Será que Paulo da Portela concordaria com o fato?
Será que Antônio da Silva Caetano que escolheu o Símbolo, A águia, concordaria com tal ultraje?
Será que o “ seu” Natal, de saudosa memória, aceitaria esse despautério?
Será que os outros “ Pais da Escola” concordariam com tal absurdidade?
Será que os portelenses de coração concordam em ver a sua gloriosa Águia servindo de ‘ veiculo’, ou fazendo parte de algo, sendo assim colocada em segundo plano?
Sendo vilipendiada?
Sendo injuriada?
Sendo ultrajada?
Sendo PISADA?
Sim, pois o Símbolo maior foi pisado sem dó nem piedade.
Sujado por pés que lá não deveriam estar, nem no momento do desfile, nem nunca.
Eu me considero ofendido com tal desprezo, sim para mim desprezo, do carnavalesco e de sua turma, bem como pela postura do velho compositor Monarco, que permitiu essa violação do sagrado.
Começa assim, daqui a pouco querem colocar ‘penduricalhos’ na Bandeira da Portela, em seu orgulho Pavilhão de tantas glorias.
"Seu" Natal, de saudosa memória. 

Acontece que nesse Brasil do Lulodilmismo tudo é permitido, tudo pode, não há limites, portanto, vemos e veremos os “ Paulos Barros da vida” fazerem e desfazerem como bem entende de todos os símbolos, de todos os valores, da Sociedade Judaico-Cristã, pois a maioria não está nem aí para cor da chita.
Amortecido por tantos fatos desabonadores que pululam no Brasil, que nos reprime, que não nos permite ter claramente a consciência deles, os fatos desabonadores, o Inconsciente Coletivo não reage mais...   
Assim, quem pode faz o que quer, pois sabe que não será punido por nada.

Não é o CAOS, mas é a ESCULHAMBAÇÃO TOTAL.

Todavia, eu aqui do meu cantinho vejo que “ Macularam a Águia da Portela e perderam”.
 E tenho dito.

Jorge Eduardo Fontes Garcia

São Paulo 11 de fevereiro de 2016.





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