quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Morre no Rio de Janeiro a atriz Rogéria , “ a "travesti da família brasileira".



Eu digo e repito que homossexual já nasce homossexual, aliás já tem estudos alemães que comprovam o que eu estou afirmando, o problema do gay, da lesbiana, do travesti, do transexual, do transgênero, do bissexual, do simpatizante, é saber manter a DIGNIDADE, é não ser um escroto, é não cair na marginalidade e virar bandido, é não se comportar fora dos padrões da sociedade em que nasceu ou na que vive, ou seja, respeitando para ser respeitado.
Ser LGBT não é vergonha, não é desonra, não é para sofrer nem um tipo de preconceito, é não ser agredido por pessoas doentes mentais que descarregam suas frustrações em pessoas que eles nem sabem quem são ou como vivem, repito: uns doentes. 
Rogéria, “seu” Astolfo Barroso Pinto, o mais ilustre filho de Cantagalo, cidade do interior do Rio, é de minha geração e, como eu, viveu os estertores do glamour do Balneário chic do Rio de Janeiro, um local onde podíamos viver de maneira très chic, elegante, com bom humor, sem medo de sair de noite e viver a boêmia, a grande boêmia, que ela – a Cidade Maravilhosa – nos oferecia.
Quem vivia a noite conhecia todo mundo que também a vivia.
Não eram amigos, mas se encontrasse em um aeroporto da Europa sabia muito bem quem era.
Eu conhecia Rogéria, sempre de vista, na mesma época que ela começou a fazer sucesso.
Vi muitas vezes Rogéria pelas ruas do Leme, era minha vizinha de edifício.
Frequentávamos o mesmo cabelereiro unissex, e ela fazia cabelo- “um cabelo lindo” como dizia TC- na mesma mulher que minha mulher fazia o seu, as unhas como a mesma manicure, a Val.
O “seu” Astolfo Barroso Pinto soube se transformar no travesti Rogéria com aquela DIGNIDADE que acima falei.
Nunca se viu a Rogéria envolvida em um escândalo.
Nunca se viu a Rogéria desrespeitando alguém, ela respeitava para ser respeitado.
Na época que LGBT estava condenado à morte por causa da AIDS, Rogéria passou por ela incólume, e veio morrer tempos depois, agora, de doença de velho, de doença que ataca na velhice qualquer ser humano.
Rogéria simbolizava a época que o Rio de Janeiro era realmente A Cidade Maravilhosa.
Minha gente, acredite:
Com Rogéria parte mais um ícone que:
1-      Encarnava de corpo e alma o Rio-glamour,
2-      Que encarnava de corpo e alma o Rio -chic,
3-      Que encarnava de corpo e alma o Rio onde as pessoas tinham bom humor,
4-      Que encarnava de corpo e alma o Rio que ao andar na rua não se precisava ficar olhando para os lados e para trás,
5-      Que encarnava de corpo e alma o Rio em que se podia viver de portas abertas.
Com a morte de Rogéria a Muy Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ficou mais triste.
Jorge Eduardo Garcia

05/09/2017