domingo, 19 de abril de 2015

JORGE EDUARDO FONTES GARCIA - IN FOCUS: Pedro Doria- O GLOBO - E a família Sá forjou a alm...

JORGE EDUARDO FONTES GARCIA - IN FOCUS: Pedro Doria- O GLOBO - E a família Sá forjou a alm...: COLUNA Entre 1500 & 1600 PEDRO DORIA PEDRO.DORIA@OGLOBO.COM.BR O jornalista Pedro Doria Foto: Guito Moreto / Agência O Globo 19...

Pedro Doria- O GLOBO - E a família Sá forjou a alma, o ser carioca...EU NÃO CONCORDO, não concordo, mesmo.

COLUNA
Entre 1500 & 1600
PEDRO DORIA PEDRO.DORIA@OGLOBO.COM.BR
O jornalista Pedro Doria Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
19/04/2015 6:00

elite canhestra, orgulhosa e tola, 

Não concordo. Quem formou a alma carioca foram os milhares de escravos que aqui viveram, com seus cultos, suas danças, suas musicas, sua culinária, seu jeito e o maravilhoso gingado da raça negra. Os Sá não foram intermediários de nada, faziam parte de uma elite canhestra, orgulhosa e tola, na qual não se dava mão a pobre. ... Jorge Eduardo Fontes Garcia


E a família Sá forjou a alma, o ser carioca
Não é possível falar sobre o Rio do século XVI sem mencionar os Sás. Alguns historiadores os descrevem como déspotas, senhores que governaram a cidade em seu primeiro século de vida como se fosse propriedade sua. Nos textos mais antigos, a família Sá é tratada como heroica. E, como frequentemente acontece, os dois grupos estão certos, embora coragem pessoal, competência militar e despotismo seja pouco para explicá-los. Entre a fundação de 1565 e sua derrubada em revolta popular, no ano de 1660, a família Sá inventou não apenas a cidade do Rio. De certa forma, inventou também sua alma.

Ao todo, foram cinco os governantes Sá. Estácio, que morreu em batalha. A ele seguiu-se, interinamente, o governador geral Mem que, ao deixar a cidade, pôs no lugar outro jovem sobrinho: Salvador Correia de Sá. Até o final dos mil e quinhentos, Salvador entrou e saiu do governo sem jamais deixar o poder real. Foi sucedido pelo filho Martim que, por sua vez, deixou também no cargo seu primogênito: Salvador Correia de Sá e Benevides.

Durante este período, a Bahia servia de centro ao poder português, e o foco de Lisboa estava no açúcar do Nordeste. No Sul era só dor de cabeça por conta de São Paulo. Os bandeirantes paulistas ignoravam o governo, faziam o que desejavam, metendo-se no mato para caçar índios e buscar um ouro que só quase no século XVIII encontrariam.

Os Sás desenvolveram uma arte. Conseguiram poder: respondiam a Lisboa sem o intermédio baiano. No Rio, eram mateiros. Participavam das expedições paulistas, resistiam a ataques franceses e holandeses com exércitos de índios munidos de arco e flecha. Malemolentes, conseguiram ser tanto bandeirantes quanto reinóis. Foram políticos hábeis que sabiam transitar entre as sedas e rendas da corte ou entre o gibão de couro e o pé descalço bandeirante.
 

Assim como a alma paulista nasce da ousadia indômita dos bandeirantes, a do Rio é forjada neste tempo. Malemolência é a palavra: a habilidade, um quê malandra, de agir em dois mundos, circular com desenvoltura por ambos. Os Sás foram intermediários. Se garantiam algum controle dos bandeirantes em nome de Lisboa, também permitiam a eles a independência necessária para investigar o Brasil.
  
Será um Sá?

E eram déspotas, claro. Aumentavam impostos a toda hora, jamais fizeram obras urbanas de grande porte necessárias. Não é à toa que caíram na primeira revolução da história brasileira.


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