terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O destino do espólio do que já foi o grande Império X- em O Globo de GLAUCE CAVALCANTI glauce@oglobo.com.br

O destino do espólio do que já foi o grande Império X- Nessa reportagem de O Globo vemos que Eike Bastita ainda é um grande gerador de empregos nesse Brasil de desempregados , por isso, só por isso, ele deveria gozar dos mesmos benefícios de que goza Emílio Odebrecht, que continua solto e atuante em sua empresa Odebrecht.
QUEM TE VIU QUEM TE VÊ Empresas de Eike Batista estão em recuperação judicial; projetos emblemáticos se encontram parados ou mudaram de dono
OGX, OSX e MMX, as três maiores companhias do grupo de Eike, têm participação diluída do empresário em benefício aos credores
Resta uma fatia pequena do grande Império “X” nas mãos de seu criador. As três maiores companhias do grupo de Eike Batista — a petroleira OGX (atual OGPar), a empresa naval OSX e a mineradora MMX — estão em recuperação judicial, com a participação do empresário diluída em novos arranjos societários em benefício aos credores ou pela venda de ativos a investidores. Já a antiga LLX, de logística, agora Prumo — que tem como principal ativo o Porto do Açu, em São João da Barra —e a MPX, de energia, hoje Eneva, tiveram o controle vendido a empresas estrangeiras.

No Rio, projetos emblemáticos foram cancelados, como o do navio Pink Fleet, ou mudaram de mãos, como ocorreu com a Marina da Glória e o vizinho Hotel Glória. É retrato contrastante na comparação com imagem projetada no início da década passada, quando a EBX anunciou investimento de US$ 15,7 bilhões apenas em 2011 e 2012 e um total de US$ 50 bilhões na construção e operação de seus empreendimentos nos dez anos seguintes.
A OGX — uma espécie de joia da coroa e empresa-âncora do Império “X”— captou R$ 6,7 bilhões em sua chegada à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em junho de 2008, maior oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) realizada no país até aquele momento. A companhia arrematara 21 blocos na 9ª Rodada de leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em 2013, porém, a petroleira pediu recuperação judicial com uma dívida que batia os R$ 11 bilhões, arrastando o resto do grupo.
Hoje, a OGX se prepara para dar um último passo previsto em seu plano de recuperação, após ter chegado a um acordo com o grupo de credores que detém os direitos da plataforma OSX-3. A dívida referente ao aluguel da plataforma, usada no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, chegou a R$ 700 milhões no fim de 2016. Esses credores vão entrar na partilha da conversão da dívida, que totalizou R$ 1,92 bilhão em setembro último, em ações. Com isso, os credores assumirão o controle da petroleira, o que deve ocorrer até o início de abril.
Eike detém atualmente 50,16% das ações da holding OGPar. Na nova organização societária, após a conversão da dívida, a participação do empresário será reduzida a 1,29%.
A petroleira, porém, continua a enfrentar dificuldades. De janeiro a setembro de 2016, registrou prejuízo de R$ 55,17 milhões, contra R$ 165,88 milhões no terceiro trimestre de 2015, quando anunciou a suspensão da produção em Tubarão Azul, na Bacia de Campos. Ano passado, o campo de Tubarão Martelo, o único em operação, chegou a ter as atividades suspensas entre março e julho por inviabilidade econômica.
MMX, OSX, OGPar e OGX divulgaram notas afirmando que a prisão de Eike não vai afetar a condução dos negócios. Um advogado próximo às companhias, contudo, reconhece que o impacto é inevitável:
— Sempre atrapalha um pouco. Traz turbulência ao processo. Surgem credores que usam isso para melhorar condições de negociação, por exemplo. De outro lado, reforça a necessidade da recuperação judicial e pode ampliar a chance de vendas de ativos — avalia essa fonte.
A mineradora MMX Mineração e Metálicos, que tem Eike como controlador, pediu recuperação judicial em novembro. A companhia foi criada com três unidades de negócios: a MMX Corumbá, que também entrou no pedido de proteção à Justiça, o Porto Sudeste, que teve o controle adquirido pelo Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, e pela trader Trafigura em 2014, e a MMX Sudeste.
No fim do ano passado, a MMX Sudeste também passou para Mubadala e Trafigura, que adquiriram as minas de TicoTico e Ipê, da unidade de Serra Azul (MG). A empresa passa a se chamar Mineiração Morro do Ipê e receberá um aporte imediato de R$ 70 milhões, a ser usado para pagamento de credores.
O Mubadala vem ampliando sua dentada nas empresas de Eike. No início de 2016, o empresário negociou pessoalmente um pacote de transferência de ações de quatro das companhias do grupo “X” para o fundo, incluindo o Hotel Glória. O Mubadala é um dos principais credores da EBX. Em 2012, fez um aporte de US$ 2 bilhões na holding. No ano seguinte, já com o grupo em crise, transformou o investimento em dívida. O acordo zerou as dívidas do empresário com os árabes, funcionando como pagamento de débitos.
Inaugurado em 1922, o Glória foi comprado por Eike em 2008. Ele prometia um hotel de luxo renovado, com 352 apartamentos e duas suítes presidenciais, pronto para a Copa do Mundo de 2014. Com a crise no grupo “X”, as obras foram paralisadas em 2013. No ano seguinte, foi vendido ao fundo suíço Acron, voltando às mãos do empresário em oito meses. As obras seguem paradas. Procurado, o Mubadala não comentou.

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