segunda-feira, 22 de junho de 2015

o cara quer um futebol serio e dá nisso: Uruguaio que suspendeu Neymar se esconde após ameaças de argentinos




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Guilherme Palenzuela e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Santiago (Chile)
O temor por uma recepção negativa pela decisão de suspender Neymar por quatro jogos depois da expulsão na derrota do Brasil para a Colômbia, pela Copa América, fez o uruguaio Adrian Leiza, vice-presidente do Tribunal Disciplinar da Conmebol, não vir a público para comentar o caso. Leiza fugiu dos holofotes porque há um mês recebeu sérias ameaças após anunciar a eliminação do Boca Juniors da Copa Libertadores, após o episódio do gás no túnel de acesso aos vestiários no estádio La Bombonera, e achou que a punição ao craque da seleção brasileira pudesse fazer surgir novas tentativas de intimidação pessoal.
O Tribunal Disciplinar da Conmebol que decidiu por suspender Neymar por quatro jogos da Copa América é composto pelo presidente Caio César Vieira Rocha, brasileiro, pelo vice Adrian Leiza, uruguaio, e pelos membros Alberto Lozada, boliviano, Orlando Morales, colombiano, e Carlos Tápia, chileno. Como a partida foi entre Brasil e Colômbia, e o árbitro Enrique Osses, personagem importante da trama, é chileno, não participaram da decisão o brasileiro, o colombiano e o chileno, o que deixou o caso com Leiza e Lozada. Mesmo com o uruguaio ocupando cargo superior, no entanto, coube ao boliviano falar publicamente.
Segundo membros da Conmebol, Leiza está assustado com a repercussão da eliminação do Boca. No meio de maio foi ele quem se colocou à frente do tema pelo Tribunal Disciplinar e ele quem concedeu entrevistas à imprensa argentina, o que segundo o relato rendeu ligações à sua casa e ameaçar de morte que chegaram aos ouvidos dele e de sua família. Tudo devido a decisão pioneira de se eliminar umclube do torneio após uma conduta violenta de sua torcida - um torcedor do Boca jogou no túnel entre campo e vestiário objetivo que exalou gás e atingiu os jogadoresdo River, que foram afetados, situação que ocasionou a interrupção da partida. Mais tarde, a Conmebol decidiu pela exclusão do clube.
Horas antes de definir qual seria a punição de Neymar, Adrian Leiza foi questionado sobre o caso ao passar pelo lobby do hotel em que o Tribunal Disciplinar se reuniu em Santiago, no Chile. Disse, com desconforto, que nem a súmula da partida ainda havia sido analisada e avisou que não daria declarações oficiais sobre o caso. Não deu. Mais tarde, coube ao presidente do órgão Caio Rocha - que não participou da decisão - falar com a imprensa. Como o resultado demorou para ser publicado pela Conmebol, foi o boliviano Alberto Lozada que anunciou os quatro jogos de gancho.
Esta Copa América 2015 é a primeira na qual o Tribunal Disciplinar atua. O órgão foi inaugurado no início de 2013 e não esteve presente na edição da competição em 2011, quando todas as punições eram estabelecidas pelo Comitê Executivo da entidade. A punição severa a Neymar - que recebe quatro jogos de suspensão em um torneio de seis jogos - fez com que a própria Conmebol começasse a conversar sobre a necessidade de mudança no código disciplinar, para adequar as penas a cada competição. Hoje, a mesma pena que se aplica na Libertadores, torneio com 14 jogos, se aplica à Copa América. A ideia, agora, é mudar para que a partir da Copa América 2016, nos Estados Unidos, as punições sejam proporcionais.
Neymar ainda escapou de pegar suspensão de 10 jogos porque o árbitro Enrique Osses não relatou na súmula episódio contado ao Tribunal Disciplinar pelo delegado do jogo, o uruguaio Washington Rivero. Ele diz ter visto Neymar puxar a camisa de Osses antes de insultá-lo, após esperá-lo no túnel de acesso aos vestiários. O árbitro relatou apenas os insultos, e não o puxão de camisa. Se tivesse relatado, o camisa 10 da seleção brasileira seria enquadrado por "suspensão de no mínimo 10 jogos ou por um período de tempo determinado mínimo de quatro meses por agredir ou cuspir em um oficial de jogo". Neymar poderia perder a Copa América 2016 inteira e ainda ter de cumprir jogos de gancho na Copa América 2019. 
Foto: UOL

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