quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Efemérides de 2 de setembro - ano 1822 - Nesse dia, Maria Leopoldina assinou o decreto da Independência do Brasil. autor: Jorge Eduardo Fontes Garcia


Dona Leopoldina e o Conselho de Estado em 2 de setembro de 1822. 

Efemérides de 2 de setembro -  ano 1822 - Nesse dia, Maria Leopoldina, reunida com o Conselho de Estado, assinou o decreto da Independência do Brasil.

Maria Leopoldine Josepha Caroline von Österreich ou von Habsburg-Lothringen,  Arquiduquesa da Áustria, da Casa de Habsburgo, nobre família e uma das mais antigas Dinastias da Europa, que reinou de 1282 até 1918, quarta filha de Francisco II ,  Franz Joseph Karl, o último Imperador do Sacro Império Romano-Germânico , que a partir de 1804, passou a ser Francisco I, Imperador da Áustria, porque Napoleão I exigiu que ele renunciasse ao Título de Soberano do Sacro Império, pois ele- Napoleão- se considerava herdeiro de Carlos Magno.  Não era.
A mãe de Maria Leopoldine Josepha Caroline von Österreich ou von Habsburg-Lothringe, foi  Maria Teresa da Sicília, ou Maria Teresa de Bourbon, ou  Maria Teresa de Bourbon-Duas Sicílias, a segunda esposa  do Imperador e sua prima,  nascida em Nápoles, Princesa das Duas Sicília, de um ramo da Casa de Bourbon e de uma ramo da casa de Habsburgo , pois era  filha do Rei Ferdinando I e de sua esposa, a Rainha Consorte  Maria Luísa de Habsburgo-Lorena .
Irmã das Arquiduquesas da Áustria:
1- Marie-Louise da Áustria, Imperatriz Consorte do Franceses por seu casamento com Napoleão I, , Duquesa  di Parma, Piacenza e Guastalla;
2- Maria Clementina Franziska Josepha da Áustria,  casada com seu tio, o Príncipe Leopoldo de Nápoles e Sicília , o Príncipe de Salerno;
3-  Marie Caroline Ferdinanda da Áustria, Crown Princess of Saxony,  casada com o Príncipe Frederico Augusto da Saxônia, futuro Rei da Saxônia de 1836 até a sua morte, filho de Maximiliano, Príncipe da Saxônia , e Princesa Caroline de Bourbon - Parma .
Irma do Arquiduque:
 Sua Imperial Real e Apostólica Majestade, por Graça de Deus, Ferdinando  I,  Imperador da Áustria, Presidente da Confederação Alemã , Rei da Hungria e Bohemia, da Lombardia e de Veneza , da Dalmácia , da Croácia , da Eslavônia , da Galicia, da Lodomeria, da Ilíria, de Jerusalém,  e domínios associado, foi convencido por Felix zu Schwarzenberg a abdicar em favor de seu sobrinho, Franz Joseph (o próximo na linha era o irmão mais novo de Ferdinand Franz Karl , que renunciou aos seus direitos de sucessão em favor de seu filho, que iria ocupar o Trono austríaco para os próximos 68 anos, o famoso marido da Sissi.
Sobrinha-neta, através de seu avô paterno, da Rainha Maria Antonieta de França, a guilhotinada.
A Arquiduquesa Leopoldina nasceu no Palácio de Schönbrunn , Domingo, 22 de janeiro de 1797, e  era uma das doze crianças do Imperador.
 Os filhos do Imperador da Áustria, apesar das Guerras e conflitos com a França Revolucionaria e Napoleônica, tiveram uma educação primorosa.
Leopoldo II, Arquiduque da Áustria, Imperador do Santo Império Romano, Rei da Boêmia, Croácia e Hungria, Grão-Duque da Toscana , teve a sua educação influenciada pelo Iluminismo (Idade da Razão), um movimento cultural e intelectual europeu, que se alastrou a partir do final do século XVII até o início da Revolução Francesa, que tinha como  objetivo de dissipar as trevas da humanidade através das luzes da razão, por isso esse  período histórico é conhecido como “ siècle des Lumières”, oq eu o tornou um dos Déspotas esclarecidos, juntamente com Frederico, o  Grande, Rei da Prússia, Catarina , a Grande, Czarina de Todas as Rússias, entre outros.
Leopoldo II, que  era avô paterno de Maria Leopoldine, determinou  que certos os princípios educacionais deveriam ser seguidos pelos membros de sua Imperai  Família, entre eles que as 
mulheres tinham que ter  um nível cultural altíssimo, influenciado pelo Iluminismo.
Assim, desde pequena, Maria Leopoldine seus irmãos e suas irmãs foram submetidos a um programa intensivo de aulas diário, adquirindo conhecimentos científicos, políticos, histórico e artístico, além de aprender idiomas estrangeiros, incluindo o francês, o italiano, o alemão e o latim.
Entre os exercícios  estava o hábito de exercitar caligrafia, escrevendo o seguinte texto:
“Não oprimir os pobres. Seja caridoso. Não reclame sobre o que Deus lhe deu, mas melhorar seus hábitos. Devemos nos esforçar sinceramente para ser bom."
As crianças imperiais foram ensinadas  na arte do desenho, da musica/piano, equitação e caça.
Sua mãe morreu quando ela tinha dez anos de idade e seu pai passou a se casar novamente com Maria Ludovika da Áustria-Este, aquém  Maria Leopoldine considerou como sua "mãe espiritual".
Maria Leopoldine teve a oportunidade de conhecer Johann Wolfgang von Goethe .
Maria Leopoldine era apaixonada pela  ciências naturais, especialmente botânica e mineralogia.
Ela foi formada de acordo com os três Habsburgo princípios:
1- disciplina;
2- piedade;
3 - senso de dever dinástico.

‘Congresso de Viena foi uma conferência entre embaixadores das grandes potências europeias que aconteceu na capital austríaca, entre 2 de maio de 1814 e 9 de Junho de 1815, cuja intenção era a de redesenhar o mapa político do continente europeu após a derrota da França napoleônica na primavera anterior , restaurar os respectivos Tronos às Famílias Reais derrotadas pelas tropas de Napoleão Bonaparte (como a restauração dos Bourbon) e firmar uma aliança entre os burgueses e a nobreza’.
O congresso foi presidido pelo estadista austríaco Príncipe Klemens Wenzel von Metternich ,e os  termos de paz foram estabelecidos com a assinatura do Tratado de Paris  de 30 de Maio de 1814.
Para ser ouvido pelas potencias europeias, conta à lenda que graças ao conselho do representante de Luís XVIII, Rei de França,  e seu Ministro de Negócios Estrangeiros,  Charles-Maurice, Príncipe  de Talleyrand-Périgord, ao representante português,  Dom Pedro de Sousa Holstein, foi que o então Príncipe-regente Dom João Maria de Bragança (futuro Rei Dom João VI), elevou Estado do Brasil (1621-1815), uma colónia portuguesa, a Reino Unido com o Reino de Portugal e Algarve, em 16 de dezembro de 1815.
“A Espanha e Portugal não foram recompensados com ganhos territoriais, mas tiveram restauradas as suas antigas dinastias” pelo  o Tratado de Paris de 30 de Maio de 1814, ponto  final do Congresso de Viena .
Rico Império transcontinental, sua Soberana passou há ostentar o impressionante Titulo de Sua Majestade Fidelíssima Dona Maria I, pela Graça de Deus, Rainha  de Portugal, Brasil e Algarves, d'aquém e d'além-mar em África, senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia...
Realmente a Casa de Bragança reinava sobre um Império Transcontinental.
Dom Pedro de Sousa Holstein,  Conde de Palmela,  Ministro Plenipotenciário ao Congresso de Viena em 1814, apresentou as  reivindicações de Portugal sobre  Olivenza , e pressionou em favor de todas as outras do interesse de sua senhora a Rainha Dona Maria I, ajudado pelos senhores   Dom António de Saldanha da Gama, Conde de Porto Santo,  depois ministro plenipotenciário junto a Corte  de São Petersburgo /Rússia, e Dom Joaquim Lobo da Silveira, Conde de Oriola,  que assinou em nome do Príncipe-Regente a Declaração dos Poderes, sobre a Abolição do Comércio de Escravos  de  8 fevereiro de 1815.
Como “O congresso nunca teve uma sessão plenária de facto: as sessões eram informais entre as grandes potências -  Áustria, Rússia, Prússia ,Reino Unido e a França, vencida mais não derrotada em nível diplomático ”  a “  a maioria das delegações pouco tinha que fazer, assim  o anfitrião, Francisco I, Imperador da Áustria,  oferecia entretenimento para as manter os seus membros ocupados. Isto levou a um comentário famoso pelo Príncipe de Ligne: ...“le Congrès ne marche pas; il danse (o Congresso não anda; ele dança)”.
Em 1817, Dom Pedro de Sousa Holstein, ainda Conde de Palmela, ( elevado a Duque em 1850), foi chamado ao Rio De janeiro para  exercer o cargo de Ministro dos Negócios estrangeiros.
Para as démarches de Dom João na Europa foi encarregado Dom Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, sexto Marquês de Marialva e oitavo de Conde de Cantanhede, conselheiro de Estado e estribeiro-mor de Sua Majestade Fidelíssima.
Um nobre por mim muito admirado.
Em 1814, após a Restauração em França, o Príncipe-Regente  nomeou  o Marquês de Marialva  Embaixador Plenipotenciário junto a Sua Majestade  Luís XVIII ,  o encarregando de  felicitar o monarca em nome de Dona Maria I e no dele, Dom João.
Ainda no cargo em Paris foi o Marquês de Marialva escolhido para providenciar o casamento de Dom Pedro, então Sua Alteza Real, o Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, por Dom João VI, ainda de luto pela morte de sua mãe, a Rainha Dona Maria I, ocorrida em  20 de Março de 1816. 
A busca já durava um ano, pois um casamento entre as Dinastias era um verdadeiro  tratado de relações exteriores , já que estavam em jogo  interesses dinásticos, políticos e econômicos para os  Soberanos  envolvidos, suas Coroas e seus Tronos.  
Dom João VI, o Sábio, tinha consciência da importância da Casa de Habsburgo  e da influencia continental  do Chanceler do Imperador da Áustria , o antiliberal  Klemens Wenzel Lothar Nepomuk von Metternich, Príncipe de Metternich-Winneburg-Beilstein, uma espécie de arbitro e responsável pela paz universal .
A Inglaterra, o UK,  era uma aliada inconveniente, criadora de casos, por ter sua Marinha escoltado a Família Real e a Corte portuguesa  até o Brasil cobrava uma fatura muito, mas muito, alta, submetia Portugal a um  monopólio econômico intolerável, como era a “ rainha dos Mares” atormentava  diretamente os responsáveis  pelos governos dos domínios do Soberano de Portugal  “d'aquém e d'além-mar” e Dom João queria "mudar o status quo".
O pobre do Dom João ainda  estava as voltas com um Portugal devastado e empobrecidíssimo, com rebeliões de orientação liberal , com as sociedades secretas, com os movimentos  objetivando uma convocação das Cortes, com os apelos deselegantes para  o seu retorno imediato a  Lisboa  e o restabelecimento dela  com a verdadeira Metrópole do Reino de Portugal, a exigência de muitos para que o Brasil voltasse a ser uma Colônia e seus produtos comercializados via comerciantes estabelecidos em Portugal Continental, enfim tudo  o que ele de coração não desejava. 
No Sul do Rio de Janeiro havia a “a questão de Montevidéu e da Banda Oriental do Rio da Prata que vinha sendo motivo de conflito com a Espanha”, uma terrível dor de cabeça.
Dom João precisava do “obter o apoio do Império Austríaco ” e só havia uma forma dele conseguir esse intento  que era o casamento de seu Herdeiro com uma Arquiduquesa da Áustria. (o casamento lhe traria a proteção da Santa Aliança , um acordão entre o  Império Russo, o Império Austríaco e o Reino da Prússia  realizado em Paris no dia 26 de setembro de 1815, depois da queda de Napoleão).
Pesou os prós e os contras, pensou muito e despachou o Marques de Marialva para Viena tendo como finalidade conseguir um casamento para seu Herdeiro com uma Arquiduesa da Áustria.
Queria o Bom Rei ter paz em seu ensolarado e amado Rio de Janeiro.
Que Pedro e sua Arquiduesa fossem reinar em Portugal, ele ficaria em São Cristóvão, tomando seus banhos de mar na ponta do Caju.
Marialva era um verdadeiro grão-senhor, um homem do mundo,  não podemos esquecer que foi ele o responsável pelas negociações entre os participantes da Missão Artística Francesa e o Conde da Barca (António de Araújo e Azevedo) então  Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino, uma espécie de Primeiro-ministro de Dom João, para vinda deles para o Brasil, talhado para essa difícil missão diplomática.
Quem não se lembra da Missão composta por J. Lebreton, Jean-Baptiste Debret, Nicolas e August Taunay, Auguste-Henri de Montigny, Charles-Simon Pradier e Zépherin e Marc Ferrez, entre outros, que mudou a Corte do Rio Janeiro.
O Marquês de Marialva ao entrar em Viena da Áustria demostrou a riqueza e o poder de seu Soberano, pois o cortejo era de 42 esplendidas carruagens, com cavalos ajaezadas em ouro e prata, equipagem em luxuosos libres com as cores do Soberano de Portugal.
 A entrada da Embaixada de Portugal causou frenesi e  foi um acontecimento que entrou, e bem,  para a Historia do reinado de Francisco I.
Não podemos nos esquecer de que “o Brasil era visto na Europa como um país distante demais, atrasado e inseguro” e Portugal era um país pobre e  devastado ao Deus dará.
Dom Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, sexto Marquês de Marialva e oitavo de Conde de Cantanhede , em sua bagagem levava ouro, diamantes e outras pedras preciosas vindas do Brasil para presentear os membros da Corte de Viena e ao corpo diplomático acreditado  junto ao Imperador da Áustria,  e assim torna-los favoráveis  ao casamento pretendido por Dom João.
Fala-se dos gastos de El Rey, mas, na verdade ”parte das despesas foram custeadas pelo próprio Marques e nunca reembolsadas”.
Enquanto Marialva fazia o seu trabalho, o representante do Reino Unido junto a Corte de Viena trabalhava contra o casamento, pois a Inglaterra sabia das consequências politicas em decorrência deste enlace dinástico.
O inglês apresentava senhor Dom Pedro como epilético tendo varias crises de epilepsia por dia, de sua vida libertina, de sua educação não ser das mais apuradas, enfim ser o “grosso” que realmente era, enquanto Marialva o descrevia como um verdadeiro deus grego, de uma beleza impar, de uma masculinidade invejável, etc e tal.
Depois que muitas mentiras foram ditas ( exemplo delas  foi que o embaixador garantiu que a Corte estava decidida a voltar para Portugal logo que o Brasil demonstrasse que havia seguramente "escapado das chamas das guerras da independência que avançavam nas colônias espanholas), muitas barras de ouro e muitos diamantes mudarem de mãos,  o Imperador Francisco I e seu ministro Metternich  ficaram convencidos que uma nova aliança com um Rei tão rico, Soberano de um vasto Império transcontinental,  seria um pacto vantajosíssimo, que criaria um elo entre eles  e o Novo Mundo, podendo fortalecer o regime monárquico em ambos os hemisférios e criando para a Áustria uma nova zona de influência.
A Arquiduquesa escolhida foi Maria Leopoldine Josepha Caroline von Österreich ou von Habsburg-Lothringen. 
Como primeiro ato, Marialva presenteou a Arquiduquesa com um medalhão com a imagem de Pedro, preso a um colar de diamantes de primeira água.
Maria Leopoldine achou o noivo lindo e em carta à irmã Maria Luísa,  que havia se casado com o feioso Napoleão, por elas chamado de O Ogro, agora Duquesa de e Parma, Piacenza e Guastalla e de Lucca, na península italiana,  chegou a compará-lo a Adonis, confessando que já tinha olhado para a imagem mais de mil vezes.
“O contrato foi concluído em 29 de novembro de 1816, e assinado”.
“A cerimônia do casamento, celebrada pelo Arcebispo de Viena, se realizou na terça-feira dia 13 de maio de 1817, por procuração, na igreja de Santo Agostinho, em Viena. D. Pedro foi representado pelo arquiduque Carlos Luís (1771-1847), ou Karl Ludwig, grande chefe militar, herói da batalha de Aspern (casariam de novo em 6 de novembro de 1817 no Rio)”.
"O ponto culminante das cerimônias de casamento foi atingido no Augarten de Viena onde, a 1 de junho, Marialva, que tinha tido poucas oportunidades para revelar o esplendor, riqueza e hospitalidade de sua nação, deu uma suntuosa recepção para a qual fizera preparativos durante todo o inverno”.
“Pouco tempo antes do casamento, duas fragatas austríacas, a Áustria e a Augusta, partiram para o Rio, com os móveis e decorações para a embaixada da Áustria recém instalada no Rio, o equipamento para uma expedição científica ao interior do Brasil e numerosas mostras de produtos comerciais austríacos, para fúria dos ingleses."
“O cortejo matrimonial deixou Viena com esplendor em 3 de junho, em uma quinzena tinham atingido Florença, mas a esquadra portuguesa só chegou a Livorno a 24 de julho. O comboio matrimonial partiu a 15 de agosto, com a Princesa e  28 pessoas da comitiva na nau Dom João VI e o recém nomeado Embaixador austríaco, Conde de Elz com seus auxiliares na nau Dom Sebastião.
De agora em diante a Princesa Real passaria a assinar Maria Leopoldina, a nossa Dona Leopoldina, a Libertadora.
À chegada ao Rio, se deu  em 5 de novembro.
Bonita de rosto, mas gorda,  extraordinariamente culta para sua época, com grande interesse pela botânica, causou espanto ao  Real Sogro, a família Real e a seu marido, um ignorantão de marca maior e apreciador das belas mulheres.
 Jean Baptiste Debret ornamentou a cidade do Rio de Janeiro para esconder a sua feiura e pobreza.
Orgulhoso dizia em alto e bom som apara quem quisesse ouvir:
 "J’ai été chargé d’exécuter gracieusement pour elle quelques—uns de ces dessins, ce qu’elle (l’impératrice) osait demander, affirmait-elle, au nom de sa soeur, l’ancienne impératrice des Français." (ou seja, "Fui encarregado de executar graciosamente para ela alguns desenhos que ela ousava pedir, dizia, em nome de sua irmã, antiga Imperatriz dos Franceses.") .
A Corte Portuguesa tinha dado no pé de seu  Palácio Real de Queluz exatamente por causa do marido dessa “antiga Imperatriz dos Franceses”, mas  ele não estava nem ai para cor da chita.
Boa caçadora acompanhou o marido em caçadas na planície de Jacarepaguá durante a lua-de-mel.
“O jovem casal foi instalado em uma casa de campo nos terrenos da Quinta da Boa Vista”.
O Barão de Eschwege, que veio na comitiva, escreveu para Viena: "Por falar no Príncipe Herdeiro, posto que não seja destituído de inteligência natural, é falho de educação formal. Foi criado entre cavalos, e a Princesa cedo ou tarde perceberá que ele não e capaz de coexistir em harmonia. Além disso, a Corte do Rio é muito enfadonha e insignificante, comparada com as Cortes da Europa".
E era mesmo.
Era ‘enfadonha e insignificante’ desde Portugal, dos tempos do Palácio Real de Queluz, pois além de tudo imperava uma religiosidade tacanha e supersticiosa.
Dona Leopoldina criada a Luz do Iluminismo  se chocava com o fato e a Corte se chocava com ela e sua  educação.
 Em 25 de abril de 1821 o senhor Dom João VI, a contra gosto e “ após uma permanência de treze anos no Brasil, do qual levou saudades”, Dona Carlota exultante, os restos mortais da rainha Dona Maria I, a Corte, todo o efetivo do  Tesouro Real, embarcaram para Portugal em uma frota de 11 navios, e Dom Pedro com Dona Leopoldina ficaram no Brasil.
“Reza a tradição que antes de seguir viagem para Portugal Dom  João VI teria antecipado os futuros acontecimentos dizendo para o Herdeiro: ‘Pedro, o Brasil brevemente se separará de Portugal: se assim for, põe a coroa sobre tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela’ ”.
Enquanto Dom Pedro tinha dificuldades para se impor  como Regente do Brasil, incapaz de dominar o caos estabelecido  pelas tropas portuguesas,  acantonadas em condições anárquicas, a culta Princesa Real  abraçou a causa do Povo Brasileiro manifestando seu desejo de que o Brasil se torna-se independente de Portugal.
Dom João e Dom Pedro comungavam da ideia de que Portugal sem o Brasil estava em maus lençóis e que o Brasil sem Portugal não teria voz junto à potencias europeias, e jogavam junto, conforme o próprio Duque de Palmela em suas Memorias revela, indo mais longe “  de que a independência brasileira teria sido realizada em comum acordo entre o Rei e o Príncipe”.
Então Dom Pedro dava uma martelada no prego e outra na ferradura, postura totalmente diferente adotada pelo senhora Dona Leopoldina.
As  Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa queriam  transformar o Brasil de novo numa colônia e, através de seus agentes,  fomentavam a rebeldia da Tropa, mas, também, a revolta dos portugueses espalhados no Brasil contra o Regente.
Estava sendo comprometida a nascente unidade brasileira como Nação independente , pois em algumas regiões era forte o sentimento anti- português e pela independência, e em outras
O apoio claro as Cortes de Lisboa.
Além disso, Jorge de Avilez Zuzarte de Sousa Tavares, 1º Visconde do Reguengo e 1º conde de Avilez, afrontava abertamente ao  Regente exigindo o seu embarque para Lisboa custasse o que custasse, a ponto de a frente da Tropas Portuguesas  “recuar  para a Praia Grande, em Niterói, que fortifica-la para dar combate aos fieis a Dom Pedro,  mas de onde acabou sendo expulso junto com seus comandados.  
Por conta desta postura de Jorge de Avilez, Dona Leopoldina foi obrigada a fugir do Paço de São Cristóvão para a Real Fazenda de Santa Cruz, e por causa disso o Príncipe Dom João Carlos Pedro Leopoldo Borromeu de Bragança, Príncipe da Beira e Herdeiro do Herdeiro do Trono, seu terceiro filho, veio a falecer com apenas 11 meses. Dona Leopoldina nunca perdoou a Avilez e aos portugueses por esta morte.    
Dona Leopoldina se apercebeu que o Brasil já estava perdido para Portugal e se não fosse tomada nenhuma providencia aconteceria conosco o que aconteceu com o Império Espanhol nas Américas, as colônias se separariam sem formar uma grande Nação.
Incentivou o movimento para reunir assinaturas a favor da permanência deles no Brasil.
Segundo consta conseguiram 8 mil assinaturas e aconteceu o Dia do Fico, 9 de janeiro de 1822.
Dom Pedro acabou declarando para depois ser ovacionado no Campo de Santana , depois Campo da Aclamação, atual Praça da República  “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico".
O Príncipe foi triunfalmente recebido nas Minas Gerais.
Contudo São Paulo estava agitada e  Dom Pedro resolveu vista-la para acalmar os ânimos.
Afastou-se da Regência passando todos os Poderes para Dona Leopoldina em a 13 de agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e com o Titulo de Princesa Regente Interina do Brasil.
Quero chamar atenção que Dom Pedro estava de férias, apesar do motivo da viagem ser aclamar os paulistas assanhados para proclamar uma Independência isolada, sem o resto do Brasil.
Chegaram noticias terríveis de Lisboa e Dona Leopoldina não se fez de rogada , afinal ela era uma Habsburgo, bisneta de Maria Teresa, a Grande, e chamado a  José Bonifácio de Andrada e Silva solicitou a convocação do Conselho de Estado para uma reunião na manhã de 2 de setembro de 1822.
Nesse dia, 2 de setembro de 1822, Sua Alteza Real Dona Maria Leopoldina, Princesa Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Duquesa de Bragança, nascida Arquiduesa da Áustria, assinou o decreto que declarava o Brasil independente de Portugal.
Foi  Dona Leopoldina  que declarou a Independência.
Foi  Dona Leopoldina   que assinou o ato em 2 de setembro de 1822.
Só coube a Dom Pedro aceitar o fato consumado...
Do resto nos já sabemos.
 Por isso é que eu sempre afirmo que Maria Leopoldina Josefa Carolina de Áustria, nossa boa Dona Leopoldina, é a “Mãe da Nacionalidade Brasileira”.
E tenho dito,

Jorge Eduardo Fontes Garcia

São Paulo, Brasil.
Na Rua Piaui.
Quinta-feira, 4 de setembro de 2014.


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